quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crítica de filme: Monstros (Festival do Rio 2010 - Parte 8)

A melhor forma de explicar o que é Monstros (Monsters, no original) é fazer a conexão com outros filmes. Assim, imaginem Monstros como sendo uma espécie de cruzamento de Distrito 9 com Cloverfied, com uma pitada de O Nevoeiro. Fixaram a imagem na cabeça? Pois bem: agora retirem do orçamento de Distrito 9 e de Cloverfield, que foi na casa dos 30 milhões, uns 25 milhões e meio. Disso resulta Monstros, filme feito com meros 500 mil dólares mas que tenta se vender como algo na linha e com a qualidade dos filmes citados acima.


Mas Monstros passa longe de suas inspirações, até mesmo de Cloverfield, que não é nenhuma obra prima.

Monstros, dirigido e escrito por Gareth Edwards, especialista em efeitos visuais, é um filme que nos conta a estória de um jornalista tentando atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos carregando a tira-colo a bela filha de seu chefe. O detalhe importante é que essa zona entre um país e outro é uma zona em quarentena pois há 6 anos uma sonda espacial trazendo amostras de vida extraterrestre caiu por ali, originando o nascimento de centenas - talvez milhares - de bicharocos gigantescos parecidos com polvos.

Andrew Kaulder (Scoot McNairy) é o tal repórter que, muito a contragosto, tem que fazer de tudo para devolver a filha de seu chefe, Samantha Wynden (Whitney Able), sã e salva para o lado de lá fronteira, fechada por gigantescos muros de concreto. Evidentemente, tudo que pode dar errado nessa travessia acaba dando, como, aliás, manda o figurino de filmes dessa natureza.

Até aí ok, nada a reclamar.

No entanto, tendo em vista a economia orçamentária, os monstros do título acabam aparecendo somente em cenas vistas em televisões e, ainda por cima, filmadas no escuro, com lentes de visão noturna, ou seja, eles não passam de borrões.

Vamos lá novamente: até aí ok, nada a reclamar.

Mas então o filme continua e o diretor faz de tudo para não mostrar os bichos, recorrendo até a uma cena em que um deles resolve brincar com um caça americano em um lago. Aí começam minhas reclamações: entendo o orçamento baixo mas os desvios do roteiro para fugir de cenas em que os monstros têm que ser mostrados começam a ficar um tantinho ridículos.

É mais do que evidente o que o diretor quis fazer com a atual situação da fronteira entre México e Estados Unidos. Esse ponto da trama é basicamente todo ele "chupado" de Distrito 9. No entanto, no final das contas, o que acaba se sobressaindo é uma estória de amor entre o jornalista insensível e a linda menina que mostra para ele o que é amor. Os monstros acabam sendo completamente desimportantes ou uma alegoria para a monstruosidade dos bombardeios na fronteira, responsáveis por um considerável número de mortes no filme (que não são mostradas).

O grande problema do filme é no seu desfecho, com (finalmente!) a cena em que revela os monstros. Não vou contar detalhes mas, apesar de eles serem bem feitos, a cena acaba sendo forçada e completamente desnecessária. Naquele momento, o espectador já está careca de saber o que o diretor queria dizer com o filme e os monstros servem apenas para martelar a mesma idéia pela enésima vez em nossa cabeça.

Monstros é uma boa idéia mas cuja execução ficou muito aquém do que era possível, mesmo com o orçamento quase inexistente.

Mais sobre o filme: IMDB e Rotten Tomatoes.

Nota: 6,5 de 10

Um comentário:

  1. Em relação aos demais filmes milionários, Monsters apresentou efeitos visuais de ótima qualidade apesar do baixo orçamento, infelizmente não teve personagens cativantes, e pelo titulo, possivelmente poucos entenderão o real significado após o termino do filme, mas foi um filme consideravelmente bom.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."