quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crítica de filme: Kd Vc? (Festival do Rio 2010 - Parte 7)


Kd Vc? (R U There, no original) é um pequeno filme holandês, em co-produção com Taiwan e França, de 2010, sobre o mundo dos jogos eletrônicos e o quanto ele pode alienar as pessoas. É, também, um filme de descobertas e de liberação, de auto-conhecimento e, por que não, de amor. Tudo isso com um orçamento, provavelmente, microscópico.

Quando o filme começa, ainda nos créditos, somos jogados no meio da ação de um videogame de guerra, tipo Call of Duty, em que, por alguns minutos, vemos, em primeira pessoa, uma intensa batalha. Dá até para ficar zonzo quem não está muito acostumado com esse tipo de visão. A cena fica toda branca e corta para o saguão do aeroporto de Taipei, onde vemos Jitze (Stijn Koomen) fazendo flexões de braço. Ele é um jogador profissional de jogos eletrônicos a caminho de um campeonato gigantesco. Ele treina tão intensamente as cenas de combate quanto faz musculação, sempre atividades solitárias. Mesmo quando joga em equipe, ele está sozinho em seu computador, passando ordens pelo microfone. Sua concentração, como é comum nesses super-jogadores, é impressionante no jogo. Da mesma maneira, seu distanciamento do mundo real é enorme.

Em determinado momento, em uma cena que serve de uma espécie de "despertador" para Jitze, ele vê um horrível atropelamento, com a vítima morrendo na sua frente sem ele nem se mexer. Parece que Jitze não tem mais conexão com o mundo que conhecemos e lidamos todos os dias.

Logo em seguida, ele conhece Min-Min (Huan-Ru Ke), uma bela taiwanesa que pode ou não ser uma prostituta. Ela literalmente aceita dinheiro de Jitze para fazer massagens em seu braço machucado, que o fez perder as eliminatórias do jogo solo. Jitze é forçado a se afastar dos jogos em função de seu braço e, literalmente se joga nos braços de Min Min, em uma tentativa desesperada de socialização. Min Min, porém, só corresponde suas investidas dentro do Second Life (alguém ainda joga isso?) em que ela é uma Fada Cibernética vivendo em uma ilha paradisíaca.

Mas Jitze quer mais e acaba pagando para Min Min levá-lo para a casa de seus pais, em uma aldeia distante de Taipei. Lá ele tem mais convívio humano e, aos poucos, vai se libertando das amarras do mundo virtual em que vivia até há pouco.

A mensagem do filme é bem evidente e ele é bem competente no uso das imagens para expor as idéias. Muito pouco diálogo é usado e, dentro do Second Life,  a conversa é literalmente digitada na tela para os espectadores.

Muita gente, no mundo em que vivemos, vai se encaixar no perfil de Jitze e esse filme pode servir de despertador para que eles acordem para a vida real, para o contato humano e não apenas por meio de jogos eletrônicos e redes sociais. Só por isso o filme merece ser conferido.

Mais sobre o filme: IMDB.

Nota: 7,5 de 10

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