segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 22: The Adventures of Robin Hood (As Aventuras de Robin Hood)



Há pouco mais de três anos e meio, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais de 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: The Adventures of Robin Hood (As Aventuras de Robin Hood)

Diretores: Michael Curtiz e William Keighley

Ano de lançamento: 1938

Data em que assistimos: 13.08.2009
Crítica: Não pode haver nada mais "sessão da tarde" do que esse filme com Errol Flynn vivendo Robin Hood, o ladrão que tirava dos ricos e dava para os pobres. O filme tem zero de sangue, zero de violência, zero de linguagem de baixo calão, zero de personagens dúbios. Ao contrário, Robin Hood tem muita exuberância, cores luxuriantes, tiradas infames e lutas extremamente coreografadas.

É um divertimento, uma bobeira só que vale relembrar. A estória todo mundo conhece. Durante a ausência do Rei Ricardo Coração de Leão (Ian Hunter), seu irmão, o Príncipe John (Claude Rains) aproveita para fazer a festa na Inglaterra, ajudado pelo Xerife de Nottingham (Melville Cooper) e por Sir Guy of Gisbourne. Esse último, o derradeiro bandido, quer casar com a mocinha Maid Marian (Olivia de Havilland) e colocar o príncipe John no trono da Inglaterra. Mal sabe Sir Guy o calo que Robin Hood será, ao arregimentar seu bando de Homens Alegres (os Merry Men - naquela época, Homens Alegres não tinha outro significado que não o "literal") para acabar com a festa malvada dos bandidos.

Tudo é preto e branco. Os "bonzinhos" são extremamente "bonzinhos" e os "malvados" são extremamente "malvados". É até engraçado ver as caretas de Claude Rains como o príncipe John e as risadas ridículas de desdém de Errol Flynn como Robin Hood. Mais rídiculas ainda são as roupas que Robin Hood e seus amigos usam. Ele usa meia-calça verde mais verde que a floresta. Seu sidekick Will Scarlett (Patrick Knowles), como o nome diz, só usa roupas escarlates, com um enorme penacho também escarlate no chapéu. Isso, claro, em uma pessoa que precisa se esconder em uma floresta...

Os bandidos só usam preto ou tons de cinza e invariavelmente tem barba e/ou bigode. Todos atiram flechas e lutam espada como se só tivessem dedões. Já os mocinhos, especialmente Robin, são de uma habilidade ímpar.

O filme poderia ser facilmente um desenho animado da Disney (e a Disney efetivamente tem o ótimo Robin Hood com uma raposa no papel do ladrão), especialmente por causa do uso exacerbado do Technicolor. Tudo tem mais cores do que o normal em Robin Hood.

Uma bobagem só, mas, definitivamente, uma bobagem muito agradável, especialmente assistindo com amigos e sacaneando cada coisa ridícula que aparece na tela...

Notas:
Minha: 7 de 10
Barada: 6,5 de 10
Nikto: 6,5 de 10

domingo, 23 de agosto de 2009

Crítica de filme: Up (Up - Altas Aventuras)


Vamos lá, na ordem de lançamento:

Toy Story - 1995
A Bug's Life - 1998
Toy Story 2 - 1999
Monsters, Inc. - 2001
Finding Nemo - 2003
The Incredibles - 2004
Cars - 2006
Ratatouille - 2007
Wall-E - 2008

Por que fiz a lista? Ora, apenas queria perguntar se algum dos filmes da Pixar podem ser classificados como inferiores a "muito bom". Eu, particularmente, acho que não. Talvez o mais fraquinho desses seja Bug's Life mas "fraquinho" para a Pixar significa melhor do que todos os demais filmes de computação gráfica de outras produtoras. Existems os desenhos animados de um lado e, de outro, no panteão da glória, os desenhos animados da Pixar.

Ano passado, com o lançamento de Wall-E, achava que a Pixar tinha ultrapassado todos os limites e feito seu melhor filme. Bom, de fato, Wall-E ERA o melhor filme da Pixar. Up, agora, é o melhor. Incrível como esses caras conseguem se superar.

No entanto, Up não é só o melhor filme da Pixar, assim como Wall-E não era só o melhor filme da Pixar. Wall-E, para mim, foi o melhor filme do ano passado, empatando com The Dark Knight. Up, até o momento, é o melhor lançamento de 2009 e disparado na frete do segundo lugar (que nem sei qual é).

Quando, há algum tempo, soube da premissa básica de Up, fiquei desconfiado: um velhinho que viajava dentro de sua casa erguida por balões de hélio. As informações eram tão poucas que não dava para ter certeza de nada, apenas que, como era um filme da Pixar, não podia ser coisa descartável.
Quando vi os trailers e mais alguns detalhes, com um cachorro falante e uma ave maluca, comecei a achar que a conta não ia "fechar". Mas, evidentemente, é Pixar e tudo da Pixar é sensacional.

Com esse raciocínio em mente, assisti hoje uma pré-estréia especial de Up dublado e em 3D. A única palavra que fica é uma interjeição: Uau!

O filme começa com Carl Fredricksen criança ainda, demonstrando o quanto ele sonha em se aventurar mundo afora. Um dia, brincando na rua, ele encontra Ellie, outra criança que sonha com aventuras e, como ele logo percebe, sua cara-metade. Dali em diante, Carl e Ellie nunca mais se separam mas, também, em razão de diversos problemas de ordem financeira, nunca conseguem seguir com as aventuras que imaginaram durante criança.

A vida de Carl com Ellie é mostrada em uma lindíssima montagem inicial que é de partir o coração. Deixa aquela lágrima pendurada nos olhos de qualquer marmanjo machão (não nos meus, claro :-). A sequência é tão sensacional que já vale o ingresso. Quando ela acaba, o filme "começa".

Carl, agora, tem 78 anos e resolve, finalmente, partir em viagem para a América do Sul, onde ele Ellie sempre quis ir. Seu meio de transporte? Sua casa com milhares de balões saindo da chaminé. Carl dá uma banana para o mundo que não mais o quer e se livra do que o prendia à cidade grande. Depois de decolar, ouve uma batida na porta. Ao abrir, descobre que o escoteiro gordinho da vizinhança (Russell) está em sua varanda. Os dois, assim, partem para uma brilhante aventura nas selvas da Venezuela (sem o Chávez, claro). Lá, encontram Dug, um cão falante e Kevin, uma ave multi-colorida. Contar mais é estragar o filme.

Cada personagem de Up é uma aula em construção de personagens. Carl e Russel são perfeitos em todos os sentidos, além de muito, mas muito engraçados. Dug, o improvável cão falante, é demais. Devem ter contratado uma equipe só para escrever as falas do cãozinho. Até o pássaro Kevin, que não fala, é de chorar de rir em sua interação com Russell. E o vilão - que não revelarei - é outro exemplo de perfeição, apesar de aparecer somente na metade final do filme.

O visual é embasbacante. Lembram das paisagens devastadas da Terra de Wall-E? Lembram do meio-oeste americano em Cars? Lembram de Paris em Ratatouille? Pois é, são meros "filmes-teste" perto da textura que a Pixar alcança em Up. Das florestas luxuriantes da Venezuela até o nó da gravata de Karl, passando pelas cores berrantes de Kevin e os olhinhos puxados de Russell, tudo é uma prova do esmero da Pixar.

Up, eu diria, é o primeiro filme da Pixar com tendências surrealistas, já que só assim para efetivamente acreditar nos eventos improváveis do filme. A própria casa que flutua com balões é um exemplo disso. Esses elementos surreias em Up é que realmente o destacam diante dos outros da Pixar. Foi uma cartada perigosa para a empresa mas que, ainda bem, rendeu muito bons frutos.

O uso do 3D pela Pixar é apenas incidental, sem grande importância para a trama. Com isso, quero, na verdade, elogiar a Pixar que não fez piadas de cuspes e vômitos para a tela, apenas para dar sustos baratos na platéia. Todo o 3D é discreto, aqui e ali e cria um envolvimento impressionante com o telespectador. Quero ver Avatar de James Cameron ser melhor do que isso no uso dessa tecnologia!

Só um comentário final: Chico Anysio dubla o personagem de Carl. É um trabalho irretocável, uma escolha perfeita e, assim como o filme, emocionante (pelo menos para nós, brasileiros).

Nota: 10 de 10 (perfeito!)

sábado, 22 de agosto de 2009

Comentários: O trailer de Avatar (o novo de James Cameron)


James Cameron nos trouxe Aliens, Terminator e Terminator 2, True Lies e The Abyss, todos obras-primas da ficção científica/aventura. Ok, ele fez Piranha 2, mas esse eu varro para debaixo do tapete e finjo que não vi. Em cima disso tudo, ele fez Titanic que, inegavelmente, tem efeitos especiais sensacionais e é "só" o filme de maior bilheteria de todos os tempos (sem correção dos valores, senão Gone With the Wind ganha de lavada). Mesmo aqueles que torcem o nariz para Titanic por ser, essencialmente, um romance, têm que reconhecer suas qualidades.

Doze anos depois de Titanic, James Cameron lançará seu primeiro longa de ficção para o cinema. Doze anos! Ele não ficou parado nesse meio tempo mas 12 anos é muito tempo entre uma direção para cinema e outra. Ok, Terrence Malick levou 20 anos entre Days of Heaven e The Thin Red Line mas não conto com o caso de Malick pois, definitivamente, não gosto dos filmes dele (o filme mais torturante - no mal sentido - que assisti na minha vida é dele: The New World).

Cameron, no dia 18 de dezembro, nos trará Avatar, filme que ele mesmo trata como revolucionário (não confundir com a adaptação cinematográfica do desenho Avatar: The Last Airbender, que está sendo feita por M. Night Shyamalan). Parece que ele está empatando rios de dinheiro nesse filme, com a criação de tecnologia própria para tornar a experiência em 3D mais fluida e os efeitos de motion capture mais naturais.

Até há pouco tempo, quase nada se sabia do filme. Agora, com a proximidade do lançamento, a estória e algumas imagens apareceram por aí. No dia 20 de agosto foi a vez do teaser trailer e, no dia 21, foi o chamado Avatar Day, em que 16 minutos do filme foram projetados gratuitamente em sessões especiais pelo mundo todo.

Golpe de marketing à parte, o trailer está aí acessível a todos. Vejam aqui (sugiro ver em HD).

Todo mundo esperava algo revolucionário, que nunca havia sido visto antes. Eu, particularmente, não sei o que esperava. Queria apenas algo bom. E, em minha opinião, o trailer é muito bom, com efeitos bastante interessantes, ainda que, por si só, não seja nada revolucionário. O filme contará a estória da presença de humanos no mundo de Pandora, onde vive uma raça de seres azuis chamada Na'vi. Sam Worthington faz o papel de um marine paralisado da cintura para baixo que tem sua mente "transferida" para um clone híbrido de humano com Na'vi. Zoe Saldana (a Uhura de Star Trek) faz uma Na'vi que tem um caso com Worthington. Sigourney Weaver também está no filme (mas não no trailer).

Pelo trailer, tive uma sensação de estar vendo, em determinadas partes, a continuação do King Kong de Peter Jackson. Em outros momentos, a semelhança com Aliens era evidente (aqueles exoesqueletos são versões claramente inspiradas naquele transportador amarelo que Ripley usa para acabar com a rainha Alien).

Notei que o trailer tem sido analisado debaixo de microscópio pelos malucos da internet que não tem nada para fazer. Muitos dizem que os efeitos não têm nada demais e que o filme não é revolucionário.

Ora bolas, como assim? Julgar um filme de duas horas pelo trailer de dois minutos é ridículo. Dizer que os efeitos especiais do trailer são ruins ou "nada demais" é muita pretensão. Pode não ser o filme revolucionário que Cameron diz que é mas eu vou esperar para efetivamente VER o filme para julgar. Pelo trailer, parece-me que o caminho de Cameron para chegar em uma obra-prima está correto. E não podemos nos esquecer o curriculum dele, que é basicamente perfeito em termos cinematográficos.

O que acharam do trailer?

Crítica de TV: Dexter - 2ª Temporada


Quando fiz meus comentários sobre a primeira temporada de Dexter (veja aqui) não achava realmente que os criadores da série conseguiriam manter a qualidade. E, de fato, manter eles não mantiveram. Eles, na verdade, e fico muito feliz em dizer, aperfeiçoaram ainda mais o que já era muito bom. A série, hoje, é uma das melhores da televisão, sem sombras de dúvida. Aliás, cada vez mais chego à conclusão que, hoje, a televisão vem oferecendo muito mais consistência em termos de qualidade de seus produtos do que o cinema, mas isso fica para um outro comentário separado...

Dexter Morgan (o excelente Michael C. Hall), como todos devem saber, é um especialista em padrões de espirros sangue (blood splatter) da polícia de Miami. Ele consegue, apenas com um breve verificação do sangue de uma cena do crime, deduzir tudo o que deve ter acontecido por lá. Até aí, nada demais. O que faz essa série ser genial é que Dexter, ao mesmo tempo, é um serial killer, alguém que efetivamente tem a necessidade psicológica de matar outros seres humanos para se satisfazer. Como se isso não bastasse, Dexter mata seguindo as rígidas regras do Código de Harry, seu pai, um policial já falecido. Harry detectou esse "probleminha" com o filho e percebeu que não dava para curar. Assim, ele criou regras rígida sobre quem Dexter poderia matar (apenas assassinos) e como (técnicas para impedir que Dexter fosse localizado, como plastificar todo o ambiente).

Na primeira temporada, vimos Dexter se deparar com um inimigo igual a ele: outro serial killer, mas que mata retirando todo o sangue da vítima. A investigação da polícia e a investigação paralela de Dexter, até a terrível revelação, são muito bem construídas. Acabamos descobrindo, na verdade, que Dexter não é totalmente sem coração como parece ser o caso no começo da temporada.

Na segunda temporada, mergulhadores acham, sem querer, um cemitério no fundo do mar e logo a polícia de Miami está às voltas com outro serial killer, apelidado de Bay Harbor Butcher. Acontece que esse outro serial killer é o próprio Dexter e a temporada toda é uma eletrizante investigação, envolvendo o FBI também, sobre a identidade do assassino. Como é que Dexter vai conseguir sair dessa, se é que ele consegue sair? Cada capítulo dessa temporada (apenas 12 episódios, todos relevantes para a série, o que é raro) é de deixar qualquer um desesperado pelo próximo.

As habilidades de Dexter são postas à prova ao extremo, ao mesmo tempo que ele encara um problema muito particular: a dúvida sobre quem exatamente ele é. Essa busca pela identidade própria é magistralmente inserida dentro do contexto maior da busca pelo assassino.

Se há um defeito nessa série é sua resolução um pouquinho, digamos, forçada. É inteligente e bem feita mas ficou a impressão que poderia ter havido menos influência de fatores externos, como a sorte, por exemplo. Mas, de forma alguma, o final estraga a sensacional jornada. Não sei se é sadio mas Dexter nos faz torcer pela sobrevivência de um assassino brutal. A última vez que senti isso foi assistindo The Silence of the Lambs.

Eu achava que a segunda temporada não poderia ser melhor que a primeira mas foi. Agora, vai ser realmente difícil que a terceira seja ainda melhor que a segunda pois a segunda meio que fecha um círculo, termina o arco iniciado na primeira temporada. Mas, a julgar pelo passado, só tenho a esperar o melhor do que vem pela frente.

Uma última coisa que mencionei em minha crítica da primeira temporada: a sequência de abertura dessa série é sublime; um exemplo absurdo de criatividade. É um prazer deixar a abertura passar a cada começo de episódio, diferente do fast forward que faço com quase todas as outras...

Nota: 9,5 de 10

Club du Film - Ano IV - Semana 21: The Searchers (Rastros de Ódio)



Há pouco mais de três anos e meio, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: The Searchers (Rastros de Ódio)

Diretor: John Ford

Ano de lançamento: 1956

Data em que assistimos: 28.07.2009


Crítica: Não tem como não apreciar esse filme. Trata-se de uma saga de cowboys, com visuais lindíssimos, quase inacreditáveis. Se eu não soubesse que o filme é de 1956 e em grande parte filmado em locação em Monument Valley, no Arizona, eu diria que tudo era fruto de computação gráfica.

John Ford fez mais uma grande obra, estrelando o eterno cowboy John Wayne, no que talvez seja seu melhor papel, o amargurado veterano da Guerra Civil Ethan Edwards. Ele volta para sua casa apenas para, pouco tempo depois, índios matarem sua família e capturarem duas duas sobrinhas. Ele logo reune um grupo para caçar os índios e recuperar as meninas e, em pouco tempo, acha o corpo de uma delas, a mais velha. A pequenina, Debbie Edwards (vivida, quando mais velha, pela belíssima Natalie Wood) continua com os índios. Durante muitos anos, Ethan e seu sobrinho Martin (Jeffrey Hunter), vão ao encalço dos índios, mais precisamente do chefe chamado Scar (Henry Brandon, ator branco, vivendo um índio). O que começou como uma caçada para recuperar Debbie, transformou-se, para Ethan, em um cruzada para achá-la e matá-la, já que ele não pode aceitar que ela se torne uma índia.

O preconceito corre solto no filme. Ethan não poupa nem mesmo Martin, seu sobrinho, já que ele é tem 1/8 de descendência indígena. O simples fato que Ethan quer, na verdade, matar Debbie, já que ele acredita que ela se tornou uma índia, já mostra os problemas que ele tem. Mas o filme em si não é preconceituoso, apenas retrata uma época. Da mesma maneira que mostra índios maus, mostra uma tribo boa, que vive de escambo. Ao final, há uma certa redenção de Ethan e é possível até mesmo ter pena dele.

O filme tem um grande defeito que é a inclusão de uma estória paralela do romance de Martin com Laurie (Vera Miles). Há um romance, cartas trocadas durante os anos em que Martin fica longe, um quase casamento e por aí vai. É uma espécie de alívio cômico para o filme mas que definitivamente não funciona e, em determinados momentos, arrasta-o bastante. Outro ponto que chamou atenção foi a passagem de tempo pois ela é difícil de ser assimilada. Anos se passam como se fossem minutos para os espectadores. Faltou um trabalho maior de edição para passar a impressão correta.

Não obstante seus defeitos, a atuação de John Wayne e a direção e fotografia de John Ford e também a estória principal, tornam esse filme essencial na videoteca de clássicos de qualquer um que goste de cinema.

Notas:
Minha: 7 de 10
Klaatu: 7 de 10
Barada: 7 de 10
Nikto: 7 de 10

Crítica de filme: 30 Days of Night (30 Dias de Noite)


O filme tem vampiros sanguinários. A cidade que eles atacam fica acima do círculo polar ártico e, durante 30 dias no ano, fica totalmente no escuro. A premissa é fantástica, certo? 30 dias para os vampiros caçarem a população inteira da cidade, um a um, alimentando-se depois de muito tempo de jejum. Bacana, não?

Pois é, fico me perguntando como é que raios o diretor David Slade e os roteiristas Steve Niles, Stuart Beattie e Brian Nelson conseguiram estragar tudo... E olha que Steve Niles é o autor dos quadrinhos que serviram de base para o filme...

Basicamente, o que acontece nesse filme é um ataque maciço dos vampiros nas primeiras horas da primeira noite, em que eles chacinam todos menos um pequeno grupo de moradores da cidade. A partir daí, esse tal pequeno grupo, em que os principais são o xerife Eben Oleson (Josh Harnett, péssimo) e sua ex-esposa Stella Oleson Melissa George, tenta sobreviver de todas as formas possíveis. Acontece que nem isso é mostrado direito pois o filme vai pulando no tempo, de semana em semana, talvez para esconder a total incapacidade dos roteiristas de razoalvemente esconderem que os vampiros obviamente encontrariam o grupo.

Os ataques dos vampiros são sanguinolentos e totalmente incongruentes já que eles são caçadores famintos. Qualquer caçador faminto (que fosse vampiro) atacaria uma ou duas vítimas para saciar a fome imediata e deixaria o restro em uma espécie de curral para ir se alimentando aos poucos. Além disso, esses caçadores sugariam até a última gota de sangue das vítimas. Nesse filme, os vampiros mordem, sugam um pouquinho e arrebentam as vítimas, tudo para chocar o telespectador. Só conseguiram ser ridículos e completamente inacreditáveis para mim. E, em cima disso tudo, os vampiros falam uma pseudo língua arcaica, para dar um "ar de seriedade" ao filme. Fica mais ridículo ainda.

30 Days of Night é tudo que Let the Right One In, comentado aqui, não é: idiota, óbvio, gratuito e sem graça. A única coisa razoavelmente bacana é a fotografia no escuro, mas só.

Nota: 1 de 10

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Crítica de quadrinhos: 100 Bullets v. 1 - First Shot, Last Call


O que você faria se lhe dessem a oportunidade de se vingar daquelas pessoas que o prejudicaram de alguma forma? E se lhe dessem a prova absoluta dos culpados, uma arma com 100 balas que não podem ser ligadas à você e garantia absoluta de impunidade?

Essas são as perguntas que 100 Bullets faz.

Escrita por Brian Azzarello, as HQs 100 Bullets chegaram há pouco em seu último número, o 100 e somente depois desse lançamento é que comecei a ler. Comprei o volume 1, que coleciona 100 Bullets de 1 a 5 e mais uma mini-estória publicada em Vertigo: Winter's Edge 3.

Basicamente, esse volume conta dois arcos de estória, ligados pela idéia central da estória, que é o tal dos "presentes" que os protagonistas ganham. O primeiro arco nos apresenta quase que de imediato ao Agente Graves que se aproxima de uma jovem que acabou de sair da prisão com uma valise com as tais provas, uma arma e 100 balas. Provas de quê, vocês perguntarão. Provas indubitáveis sobre quem matou o marido e o filho da jovem. Sobra, então, o dilema moral entre escolher o caminho da vingança ou esquecer o passado. Essa estória, por incrível que pareça, é lenta demais para chamar a atenção do leitor. Tudo acontece muito devagar e só esquenta mesmo no final, que é excelente.

A segunda estória, porém, é toda excelente, com o Agente Graves entregando a valise para um barman que teve sua vida destruída quando o FBI apreendeu em seu computador fotos de pedofilia. A construção da estória e sua conclusão são geniais, de te deixar desesperado pelo cara.

Bom, considerando que li 5 números de 100, tenho, agora, que correr atrás do prejuízo e ver se Azzarello não vai deixar cair a bola, como costuma acontecer com séries tão longas como essa. Há, por certo, um enorme potencial para estórias geniais. Na verdade, 100 Bullets é uma série de televisão esperando para ser colocada no ar.

Para quem gosta de quadrinhos policiais realistas e bem feitos, 100 Bullets é tiro certo.

Nota: 8 de 10

domingo, 16 de agosto de 2009

Crítica de filme: Brüno


Sacha Baron Cohen é um cara corajoso, não há dúvidas disso. Em Borat, seu primeiro filme-documentário-comédia, ele esculhambou o hino nacional americano em pleno rodeio cowboy no meio oeste americano, dentre outras peripécias. Tudo isso para extrair do povo americano aquilo que de pior ele têm: o preconceito enraizado.

Em Brüno, Cohen, um judeu, aparece andando com uma roupa religiosa judaica bem, digamos, "ousada", no meio de Israel. Quase é linchado por causa disso. Brüno é o personagem austríaco gay fashionista de Cohen, um total oposto do sujo e esculhambado Borat. Mas não é menos engraçado que Borat e, em alguns momentos, é até mais.

Enquanto que, em Borat, o personagem título iniciou uma saga pelos Estados Unidos para achar Pamela Anderson, Brüno faz a mesma coisa mas com o objetivo de alcançar a fama internacional. Brüno quer ser o austríaco mais famoso do mundo desde Hitler...

Brüno, completamente gay , faz de tudo para se tornar famoso, começando pelo "branqueamento anal", passando pela tentativa de obter a paz no Oriente Médio e acabando com a adoção de um bebê negro (que ele despacha no avião e chega pela esteira de malas do aeroporto de Los Angeles, em um caixa - impagável!).

Brüno parece ser muito mais "roteirizado" do que Borat mas isso não estraga o filme já que o bacana é ver as mais absurdas reações das pessoas que travam diálogos com o protagonista. Brüno convence Paula Abdul a se sentar em mexicanos (sim, literalmente 3 mexicanos de quatro) para fazer uma entrevista, extrái um hilário diálogo machista de um psicólogo que converte homossexuais em heterossexuais e obtém frases das mais absurdas contra os homossexuais da boca de várias pessoas. Em determinado momento, ele azara um ex-terrorista em plena faixa de Gaza e o cara o expulsa de casa, falando em árabe, quase mandando um homem bomba contra Cohen. Não sei como Cohen consegue fazer isso e muito menos entendo como sobreviveu até agora.

De toda forma, é fato que Cohen nos brinda sempre com comédias brilhantes que nos mostram o pior do ser humano. Em determinado momento, ele consegue convencer uma mulher a colocar sua filhinha em um programa de emagrecimento e, caso não consiga emagrecer, a fazer lipo na garota. E tudo para a menina - já magérrima - aparecer em um sessão de fotografias vestida de nazista! Outro momento horrível é quando ele aparece em um talk show de décima quinta categoria e é quase morto pela platéia - toda de afro americanos - quando mostra seu filho adotado posando de Jesus Cristo e na banheira de hidromassagem com ele e mais outros homens.

A cena final, em um ringue de Ultimate Fighting, é de chorar de rir. A reação das pessoas em volta é um dos melhores momentos de documentário do mundo. Mas nada ultrapassa, em minha opinião, o diálogo sobre machista sobre mulheres que mencionei mais acima. É de um preconceito e de uma crueldade que não dá para acreditar que é sério. Mas o pior é que é! Esse tipo de coisa é que converte Brüno não em uma comédia brilhante mas sim em um filme que nos mostra que o mundo não tem jeito mesmo...

Nota: 9 de 10

Crítica de TV: 30 Rock - 2ª Temporada


Existem outras séries de comédia na televisão (e Two and a Half Men vem logo à mente) mas a melhor mesmo e verdadeira herdeira de Seinfeld é 30 Rock. Não estou querendo dizer que 30 Rock é tão boa quanto Seinfeld. Não, de forma alguma. Seinfeld é a melhor série de comédia da televisão em todos os tempos e uma das dez melhores séries que já vi, independente do gênero.

30 Rock, porém, é a série que mais reúne o espírito da série criada por Larry David e Jerry Seinfeld, mais até do que a própria série criada e protagonizada por Larry David (Curb Your Enthusiasm). São vários sketches de puro nonsense que divertem muito. Há personagens memoráveis em volta do personagem principal - Liz Lemon, uma produtora de um show de comédia de TV - vivida pela fantástica Tina Fey, a criadora de 30 Rock.

O primeiro deles é Jack Donaghy, o diretor da NBC e chefe direto de Liz. Ele é vivido magistralmente - por incrível que pareça - por Alec Baldwin. O cara arrasa no papel do super-executivo acostumado com o melhor e que se mete no show e na vida de Liz Lemon quando quer. A química dos dois personagens em cena é perfeita.

Outra personagem digno de nota é Tracy Jordan (vivido por Tracy Morgan), um hilário "afro-americano" que é empurrado por Donaghy no show produzido por Lemon. O cara é um daqueles superstars que só faz besteira e acha que está abafando. Anda com dois guarda costas enormes do tipo "faz tudo" e vive em bares de striptease. Finalmente, também digno de nota, é o efeminado e abobalhado Kenneth Parcell (o ótimo Jack McBrayer), uma espécie de porteiro da NBC que adora seu trabalho e venera os atores e roteiristas da televisão.

Nessa segunda temporada, o mote é a candidatura de Jack Donaghy para a presidência da GE (empresa que controla a NBC). Ele é capaz de tudo pelo cargo mas se depara com um inimigo: outro executivo, um homossexual, que resolve se fingir de hétero e noivar a filha (mais velha, horrível e demente) de Don Geiss (o sempre excelente Rip Torn), o chefão. A competição entre os dois executivos pelo cargo é excelente e Liz Lemon, claro, fica no meio do fogo cruzado.

A série se mantém forte e não perdeu nada da qualidade da primeira temporada. Tina Fey merece o sucesso que vem gozando com sua criação. Que venham as próximas temporadas!

Nota: 8,5 de 10

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Crítica de quadrinhos: Copacabana


Lobo (roteirista) e Odyr (desenhista) fizeram uma "novela gráfica" que é a cara de Copacabana. Mostra toda a malandragem e charme do bairro, sem deixar de fora seu lado sujo. Aliás, o lado sujo é o que toca a trama dessa estória que, na verdade, é uma ode de amor ao bairro.

Diana é a típica brasileira em forma e em coração. Mas em Copacabana, essa brasileira é uma prostituta que esconde essa condição da mãe. Diana, claro, faz de tudo (no sentido figurado e literal) para mandar dinheiro para a mãezinha que acha que ela é uma enfermeira. É ótima uma das sequências mas para o começo, mostrando Diana efetivamente fazendo de tudo para juntar dinheiro.

Mas Diana não é uma prostituta infeliz. Não. Aparentemente gosta do que faz ainda que, obviamente, se tivesse escolha, não teria caído na "vida fácil". Ela encontra um escritor que gosta dela como ela é, sem fazer perguntas e tem amigas de verdade.

Uma dessas amigas de verdade, aliás, acaba metendo Diana em uma enrascada gigantesca e a trama de Copacabana engrossa, permitindo que Lobo nos faça passear por todo o bairro. Na verdade, na verdade, quem nos faz passear visualmente é Odyr, que desenha quase que com carvão, com fortíssimas sombras e poucos detalhes dos rostos, mas muitos detalhes dos corpos.

A estória é simples mas serve ao seu propósito de marcar o bairro mais famoso do mundo. É uma gostosa leitura.

Nota: 7,5 de 10

domingo, 9 de agosto de 2009

Crítica de filme: G.I. Joe: The Rise of Cobra (G.I. Joe: A Origem de Cobra)


Um aviso logo de cara: quem estiver procurando um filme de ação inteligente, desafiador, com boas atuações e um roteiro afiado, deve ficar bem longe de G.I. Joe: The Rise of Cobra, que estreou mundialmente na última sexta-feira e deve parar de ler essa crítica agora. Quem, por outro lado, não se importa com um diversão descerebrada de vez em quando, siga lendo pois vale a pena.

Depois de assistir Transformers 2, comentado aqui, e G.I. Joe em tão curto espaço de tempo, tenho a distinta sensação que meu Q.I. diminuiu. Mas não faz mal. Ainda que não tenha gostado de Transformers 2 (só da moça que estrela o filme, claro), G.I. Joe, do mesmo estúdio - Paramount - meio que compensa.

Aliás, a comparação entre Transformers 2 e G.I. Joe é inevitável. São da Paramount e baseados em brinquedos famosos dos anos 80 da Hasbro. Comparado com Transformers 2, G.I. Joe é um Cidadão Kane do divertimento puro e simples. É claro que isso não quer dizer muita coisa já que o filme dos robozões é para lá de ruim mas, ao menos, é evidente que todo o xingamento que G.I. Joe recebeu dos críticos é palhaçada e despeito.

Stephen Sommers, o diretor, tem em seu currículo o mediano The Mummy, o ruim The Mummy Returns e o péssimo The Scorpion King. Seu último filme foi Van Helsing, uma das piores coisas que assisti na última década. Assim, levava muito pouca fé em G.I. Joe. Apenas minhas lembranças de criança me fizeram ter vontade de assistir o filme no cinema. Sommers com G.I. Joe, na verdade, quase consegue se redimir pelo seu passado tenebroso. É pouco mas esse é, certamente, o melhor filme dele. Disparado!

Eu adorava brincar de G.I. Joe (tanto os bonecos Falcon quanto os pequenos Comandos em Ação) e, como toda criança, meus personagens favoritos eram Snake Eyes (Ray Park, o Darth Maul de Star Wars: Episode I) e Storm Shadow (Byung-hun Lee), os dois ninjas rivais. G.I. Joe poderia ter sido um filme só sobre o embate entre os dois que eu dava nota 10. Não foi. Sommers preferiu dar um tratamento mais de "equipe", não dando muito mais relevância a uns sobre outros. É claro que, não sendo ele idiota, há muita presença dos dois ninjas, inclusive em flashbacks que servem somente para contar a origem dos dois mas que não têm a menor conexão com a estória. Outro foco do filme é a dinâmica entre Duke (Channing Tatum) e a Baronesa (Sienna Miller). Os dois têm um passado em comum mas, no presente, são inimigos mortais. Os flashbacks com os dois, ao contrário do caso dos ninjas, estão intimamente ligados com a trama.

Falando de trama, a estória é simples mas com alguma coerência (algo que falta no roteiro Transformers 2). Uma arma baseada em nanotecnologia e que corrói metal está sendo transportada pelas operações especiais da ONU do laboratório onde foi criada, de propriedade de McCullen (Christopher Eccleston) mas, no trajeto, o comboio é atacado por uma organização secreta liderada pela Baronesa. A arma só não para nas mãos inimigas pela interferência de Snake Eyes e dos outros Joes (Scarlett - Rachel Nichols; Heavy Duty - Adewale Akinnuoye-Agbaje e Braker - Said Taghmaoui, comandados pelo General Hawk - Dennis Quaid). Duke e Ripcord (Marlon Wayans), das forças da ONU, sobrevivem ao ataque e se alistam junto aos Joes. A partir daí, o filme é, basicamente, uma repetição desse tema em ambientes variados mas com um estória por trás um pouquinho mais sólida que, na verdade, é todo um prelúdio para uma eventual continuação.

Aliás, o filme é, efetivamente, o que o título diz: a origem de Cobra. Para quem não sabe, Cobra é o nome da organização inimiga dos G.I. Joes. Ela, porém, não aparece em lugar nenhum do filme e seu comandante, o também conhecido Cobra Commander, não dá as caras. Sommers gasta literalmente as duas horas de filme para, só aos minutos finais, introduzir, de fato, a organização Cobra e sua autoridade máxima (em um twist interessante mas previsível). Achei isso, ao mesmo tempo, um lance de respeito aos fãs e, também, uma grande ousadia. Aplausos a Sommers e à Paramount por bancarem isso.

No quesito efeitos especiais, o filme tem grandes desníveis. Os efeitos envolvendo batalhas subaquáticas são muito bons mas os efeitos das roupas cibernéticas dos Joes (só Duke e Ripcord as usam) são péssimos. Aliás, toda a perseguição em Paris, que dá grande destaque a essas roupas que parecem um misto de Robocop e Master Chief do jogo Halo, é bem fraca em termos de efeitos. Sommers poderia ter perdido mais tempo na pós produção para polir um pouco melhor esses pontos. De toda forma, apesar do exagero de efeitos e explosões, o filme segura suas pontas.

A grande verdade é que o filme tem quatro longas cenas: o ataque inicial, o ataque ao QG dos Joes (que, aliás, fica no Egito, o que me fez concluir que a Paramount queria economizar com as locações e usou o país para Transformers 2 também), a perseguição em Paris e a guerra subaquática. Todas as cenas são forradas de efeitos especiais e pontilhadas por flashbacks. O começo do filme, vale notar, é no século 17, numa daquelas cenas feitas para dar um ar "sério" ao passado de um dos personagens. Mas até que ficou bem interessante.

E as atuações, vocês vão me perguntar. Bom, nesse quesito eu diria que os bonequinhos originais da Hasbro têm bem mais expressividade do que os atores desse filme. Acho que Sommers não é um diretor de atores e todos ficaram com a mesma cara, até Dennis Quaid que normalmente se sai bem nesse tipo de papel. Talvez a melhor atuação tenha sido a de Sienna Miller (ou talvez meus olhos tenham sido gentis para a figura, hum, "esbelta" da Baronesa). De toda forma, de pontos altos mesmo no filme são as lutas entre Snake Eyes e Storm Shadow, que bem que podiam ganhar um filme separado.

Em suma, divertimento garantido para quem conseguir se despir dos preconceitos iniciais. Que venha a continuação e, principalmente, novas adaptações de brinquedos, com destaque para He-Man (vamos combinar que a adaptação de 1987 com Dolph Lundgren nunca existiu, ok?) e especialmente Thundercats.

Nota: 7 de 10

Club du Film - Ano IV - Semana 20: The Firemen's Ball (O Baile dos Bombeiros)




Há pouco mais de três anos e meio, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: The Firemen's Ball (O Baile dos Bombeiros)

Diretor: Milos Forman

Ano de lançamento: 1967

Data em que assistimos: 21.07.2009

Crítica: Antes que algúem apressado venha dizer que se trata de um filme com temática gay por causa do título, notem que não tem nada, absolutamente nada disso. Trata-se de um ótimo filme do sensacional diretor Tcheco Milos Forman, que nos trouxe o irretocável One Flew Over the Cuckoo's Nest (Um Estranho no Ninho), os excelentes Amadeus e Man on the Moon (O Mundo de Andy) e o muito bom The People vs. Larry Flynt (O Povo Contra Larry Flynt).

Esse filme, de 1967, foi filmado por Forman na antiga Tchecoslováquia, ainda sob o jugo Soviético. E o impressionante é que a obra é uma arrasadora crítica ao sistema comunista. Muita coragem dele fazer isso nessas condições, o que só torna o filme melhor ainda.

Toda a estória gira em torno dos preparativos do baile e o próprio baile dos bombeiros de uma cidadezinha Tcheca. A primeira cena nos mostra os organizadores, todos bombeiros idosos, pendurando e queimando (para fins decorativos) uma faixa acima do palco. A cena já dá o tom do que está por vir. Os bombeiros não páram de discutir entre si, preocupam-se com detalhes dos mais idiotas, "queimam" a faixa da forma mais imbecil possível e, no meio de uma quase briga, esquecem o coitado que está no topo da escada e a faixa acaba pegado fogo.

No momento seguinte, já estamos no baile propriamente dito, com os bombeiros idosos divididos em diversas tarefas: um é o guardião dos prêmios da rifa (basicamente comida, coisa escassa naqueles tempos no bloco comunista) que, a cada piscar de olhos, vê a quantidade de coisas sobre a mesa diminuir; um grupo maior preocupa-se em selecionar as candidatas para o concurso de beleza e um outro grupo preocupa-se com os preparativos ao homenageado (o mais idoso dos bombeiros e ex-presidente do grupo).

Não tem nada que dê certo. A incompetência e inabilidade correm soltas. A desonestidade dos convidados é escancarada. O lado libidino dos idosos fica à flor da pele com a escolha das meninas participantes do concurso de beleza, em uma longa e muito constrangedora cena. Milos Forman consegue, de forma muito hábil, demolir o sistema comunista em meros 71 minutos.

O ponto alto do filme é o incêndio na casa de um senhor. A sirene toca mas, em vista do barulho do baile, as pessoas só percebem muito tempo depois o problema e partem para o socorro de forma desorganizada, com o carro de bombeiro atolando na neve. Ao chegarem na casa, ela já está quase que totalmente tomada pelo fogo mas eles conseguem arrancar o senhor que lá vivia de dentro das chamas. Ele queria, aparentemente, morrer com seus pertences. A população fica assistindo ao fogo como se fosse um programa de televisão, um dos bombeiros se preocupa em cobrar as rifas dos que estão em volta e outro até mesmo tenta vender bebida para aquecer o pessoal. Colocam o velhinho dono da casa sentado em uma cadeira, primeiro de frente para a casa pegando fogo e, depois, de costas. Quando alguém grita que o velhinho vai morrer de frio, os bombeiros, absurdamente, levantam a cadeira do velhinho e o colocam mais perto do fogaréu. É impagável, ao mesmo tempo engraçadíssimo e tristíssimo.

Mas não fiquem achando que o filme de Forman está datado pois fala do sistema comunista imposto pela ex-União Soviética. Só os muito cegos verão dessa forma apenas. Na verdade, o filme de Forman é atemporal e poderia ser aplicado muito bem, por exemplo, aos mandos e desmandos e à burocracia absurda que temos aqui em nosso país. Se nossos políticos assistissem esse filme com a cabeça no lugar certo, eles se veriam ali, no lugar dos idosos bombeiros...

Notas:

Minha: 8 de 10
Klaatu: 8 de 10
Barada: 10 de 10

sábado, 8 de agosto de 2009

Crítica de filme: G-Force (Força G)


Para o vastíssimo público que não podia esperar para saber como seria um filme produzido por Jerry Bruckheimer estrelando bichinhos falantes fofinhos, G-Force é sua resposta... Para todos os demais, sobra a pergunta: por quê?

Jerry Bruckheimer é um dos grandes gênios da ação no cinema e na televisão. É basicamente um Midas nesse quesito pois produziu, dentre outros, Beverly Hills Cop (todos), Top Gun, Flashdance, The Rock, Crimson Tide, Armageddon, Black Hawk Down, CSI (a série de TV e suas derivações), Pirates of the Caribbean (todos os três filmes da franquia bilionária), The Amazing Race (reality show), Without a Trace e Cold Case (duas séries de TV). Não estou falando da qualidade dos filmes pois alguns são bons (sim, gosto de Armageddon) e até muito bons (como The Rock) e vários são sofríveis como Pirates II e III, Beverly Hills Cop 2 e 3 e Black Hawk Down. Mas são todos filmes variados e de enorme sucesso.

Faltava, assim, um com porquinhos da índia falantes e treinados em técnicas de espionagem mas agora não falta mais. Podem colocar G-Force no currículo do cara!

G-Force é isso mesmo. Três porquinhos da índia e uma toupeira de Q.I. elevado e treinados como Navy Seals estão ameaçados de terem seu programa fechado pelo FBI por falta de resultados. Depois de uma missão falha, acabam numa pet shop e partem para uma aventura para evitar a destruição do mundo.

O filme é obviamente voltado para crianças, SOMENTE para crianças. É um show de efeitos especiais - bem feitos, aliás - que não acrescenta nada. Não é exatamente uma comédia mas sim um filme de ação com bichinhos falantes e inteligentes, sendo um deles, claro, flatulento. Afinal, piadas com flatulência não poderiam faltar em obras como essa ou em comédias americanas como regra...

O grande problema desse filme é a completa falta de novidade de sua força motriz: os tais bichinhos falantes. Antes uma novidade, hoje são lugar comum. Temos porcarias monumentais como Garfield (uma pena, pois as tiras em que o filme se baseou são uma das melhores obras em quadrinhos que já li, pelo menos na fase inicial) e coisas razoáveis como Underdog ou Alvin and the Chipmunks. Se somarmos a esses filmes live action os de computação gráfica puros, aí é uma festa pois temos Bolt, Madagascar, Ice Age e por aí vai. Aliás, falando em Bolt, G-Force é o segundo filme da Disney em um ano estrelando roedores em bolas de plástico. Estranho não?

Outro filme que me veio à cabeça assistindo G-Force na pré-estréia especial da Disney foi Cats & Dogs da WB. Esse filme, de 2001, tinha a vantagem de animais live action falantes serem novidades à época de seu lançamento. Seu conceito, a rivalidade entre cães e gatos altamente tecnológicos, também era muito bacana. A execução acabou sendo muito abaixo da expectativa mas, ainda sim, melhor que G-Force. Afinal, nada pode ser melhor que gatos ninja, não?

Assim, G-Force é um filme que diverte por alguns momentos, agradará os pequenos e os pais menos exigentes. No entanto, é plenamente esquecível e descartável, algo que, na verdade, está virando regra na Hollywood de hoje em que o estilo vale muito, mas muito mais que a substância.

Nota: 5 de 10

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Crítica de filme: Baraka


Quem tem um player de Blu-Ray e uma televisão de alta definição simplesmente TEM que comprar esse filme. Mesmo que acabe não gostando do filme (acho difícil), ele serve para mostrar o quão sensacional pode ser a imagem 1080p.

O filme, de 1992, não é ficção nem um documentário propriamente dito. Não há palavras nem atores. O diretor, Ron Fricke, passou um bom tempo filmando imagens aparentemente aleatórias do mundo inteiro e, depois costurou-as em um filme. Não há legendas, nenhuma indicação de onde são as imagens (claro, que, com um mínimo de conhecimento geral, é possível identificar boa parte senão todos os locais do filme). É um filme contemplativo, diferente de tudo que eu já tinha visto. É, enfim, belíssimo.

Filmado em 70mm Tood A-O, algo que não era feito há séculos (o formato ficou no ostracismo e foi usado há muitas décadas em filmes como The Sound of Music e Patton), Baraka tece as cenas acelerando-as, filmando de cima, em close, extremo close, de longe em panorâmicas e por aí vai. As imagens parecem aleatórias, como eu disse, mas, na verdade, creio eu, são ligadas por algumas temáticas interessantes: religião, vida selvagem, vida na cidade grande, pobreza e por aí vai. É difícil explicar sem ver o filme ao menos uma vez. A trilha sonora é potente e pontua muito bem o filme.

O que faz de Baraka uma referência em Blu-Ray é que cada quadro do negativo original foi escaneado em 8K, ou seja, em 8.192 pixels. Para se ter uma idéia do que é isso, o arquivo digital final contendo o filme tinha 30 terabytes! Se comparamos com a capacidade máxima de um Blu-Ray, 50 gigabytes (um tera tem 1.000 gigas para os totalmente leigos), até assusta. Se compararmos com os míseros 4,7 gigabytes do DVD então...

A partir desse arquivo gigantesco, extraiu-se o filme em HD que podemos comprar e isso significa dizer que Baraka é, basicamente, a melhor imagem possível para mostrar seu Blu-Ray player para os amigos. Como bônus, o filme é daqueles que te deixam em transe, incapaz de apertar os botões pause e stop do controle remoto. Simplesmente magnífico.

Voltando ao começo: se você tem Blu-Ray e TV em alta definição, levante-se imediatamente e se vire para comprar Baraka (não está disponível no Brasil, infelizmente).

Nota: 10 de 10