domingo, 30 de novembro de 2008

Decepção


Decepção não é a tradução de Deception, filme que vi com amigos em Blu-Ray há alguns dias, mas é o que senti ao seu fim. Pensando bem, sua tradução literal, Embuste, também descreve meus sentimentos sobre o filme.

O filme é dirigido pelo estreante Marcel Langenegger e é estrelado por Hugh "Wolverine" Jackman (no papel de Wyatt Bose) e Ewan "Obi-Wan" McGregor (no papel de Jonathan McQuarry). A premissa é interessantíssima: Bose, um advogado, aborda McQuarry, um contador , enquanto este último faz a análise contábil do escritório onde o primeiro trabalha. Os dois travam um bate papo interessante e acabam amigos. McQuarry, mais humilde, começa a viver a vida milionária de Bose e, em determinado momento, sem querer, o contador troca de telefone celular com o advogado. O telefone do advogado é uma ferramenta de encontros às cegas, em que mulheres solteiras (ou não) ligam para o número e perguntam se Bose está "disponível". Tudo por uma noite de sexo sem compromisso. McQuarry, muito retraído normalmente, acaba entrando na brincadeira e passa a usufruir da chamada "The List". Sempre que recebe uma ligação, passa a noite com a mulher que ligou. Enquanto isso, Bose está viajando a negócios e estimula McQuarry a continuar usufruindo do telefone enquanto ele não volta. Mas as regras da "The List" são: nada de nomes, nada de conversa. Seria perfeito se McQuarry não se apaixonasse por uma das mulheres com quem entra em contato.

Daí em diante, o filme se torna um thriller que brinca em torno das percepções. O jogo, na verdade, é o título do filme e contar muito mais que isso é "spoiler". 

No entanto, essa premissa para lá de bacana acabando se tornando um filme rasteiro, de resolução óbvia e forçada, sem qualquer valor para o espectador. Uma grande idéia e um grande elenco foram desperdiçados por que o roteirista Mark Bomback (que escreveu Die Hard 4, certamente longe de ser um primor em termos de estória) acabou escolhendo o caminho mais fácil. O terceiro "ato" do filme é tão fraco que estraga o divertimento que são as duas primeiras partes. 

Não vale à pena o esforço nem de alugá-lo para uma noite chuvosa...

Nota: 4 de 10

sábado, 29 de novembro de 2008

Crítica de filme: Burn After Reading


O mais novo filme dos irmãos Coen, Burn After Reading, é um alívio para a tensão que foi No Country for Old Men. Não que o No Country seja ruim, ao contrário, é uma obra-prima sensacional. Mas é que a mensagem triste e pesada do filme ganhador do Oscar é completamente diferente da mensagem de Burn After Reading.

Burn é, por excelência, uma comédia. No entanto, os Coen fizeram o filme como se estivessem filmando o mais novo filme de Jason Bourne ou de James Bond. Começa com uma imagem da Terra e um constante zoom até a sede da CIA. Lembra muito o começo de Enemy of the State, de Will Smith. Os cortes e a montagem são frenéticas, com muito uso de câmera na mão. A trilha sonora, também, tem o mesmo tom: é igualzinha ao padrão de filmes de espionagem, com suspense e mudanças de atmosfera todo o tempo.

A estória é brilhante: Osbourne Cox (John Malkovich) decide largar seu emprego na CIA e parte para escrever suas memórias. Em determinado ponto da estória, um CD contendo parte do que escreveu cai nas mãos de Chad Feldheimer (Brad Pitt), um personal trainer gay e de Linda Litzke (Frances McDormand), uma gerente de academia completamente desgostosa com seu corpo e com sua vida. Os dois, então, partem para chantagear Cox. Paralelamente, há a estória de Harry Pfarrer, um policial metido a garotão vivido por George Clooney e Katie Cox (Tilda Swinton), esposa de Osbourne Cox.

Só o elenco já é razão mais do que suficiente para se assistir ao filme. Não há adjetivos suficientes para qualificar a galera que listei aí em cima. Todos estão sensacionais. Talvez o melhor seja o mais improvável: Brad Pitt. Ele está arrasando como uma bichona das mais alegres. Clooney também está ótimo e merece destaque.

É sensacional ver os Coen usando os clichês e chavões dos filmes de espionagem para demolir todas as convenções e mostrar que até essa profissão pode ser ridícula e completamente mundana. Todo o heroísmo dos super-espiões que vemos é pisoteado pelo jeito pretensioso de Cox e a completa burrice de Chad e Linda. Esse dois, chegam a levar o CD com as valiosas informações para a embaixada Russa, tentando reviver os tempos de guerra fria.

O mais bacana é ver que as pessoas podem ter problemas pessoais e familiares mais complicados que a relação dos EUA com a Rússia e esse jogo comparativo os Coen jogam com maestria, para o prazer da platéia. É traição de todos os níveis para tudo quanto é lado...

É um filme light, cujos elementos "sérios" estão à serviço da comédia e paródia. Os irmãos Coen acertaram mais uma vez. O mote do filme "Intelligence is relative" já diz tudo sobre o que esperar dessa grande obra.

Nota: 9 de 10

Gelo preto

O AC/DC entrou na mais nova onda: lançamentos de novos álbuns que são vendidos exclusivamente em determinadas redes. Isso já vinha acontecendo há algum tempo mas, de um ano para cá, essa moda tem se intensificado. Depois do AC/DC lançar seu primeiro CD de estúdio em 8 anos - Black Ice - exclusivamente pelo Wal Mart, o The Police lançou o álbum e DVD Certifiable, da nova turnê, unicamente pela Best Buy.

Não consegui comprar Black Ice durante minha viagem aos EUA pois achar Wal Marts em cidades grandes é tarefa difícil. Há necessidade de se sair um pouco do centro.

De toda forma, acabei comprando aqui no Brasil, por um preço até bastante razoável: menos de 20 reais.

O CD é classicamente um CD do AC/DC. A voz inconfundível do vocalista Brian Johnson continua em forma e os irmãos Young, que de jovens não têm nada, continuam escrevendo músicas bacanas, cativantes. Mas, talvez por ser classicamente um AC/DC o disco não é assim muito especial, muito diferente. Certamente agradará aos fãs da banda, eu inclusive.

Nota: 7,5 de 10
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Accelerate

























No dia 08, fui ao show do R.E.M. no HSBC Arena do Rio de Janeiro. Não conhecia o local, que foi construído para ser estádio de basquete para o Pan. Parece inacabado, com rampa de madeira. Típica coisa de obra super-faturada brasileira...

Bom, mas vamos ao show. Para começar, estava razoavelmente vazio, pelo menos nas arquibancadas. A pista estava moderadamente cheia, o suficiente para não fazer feio. Esperava um show muito bom pois o último álbum do grupo, Accelerate (que comentei mais abaixo) é muito bom.

Não foi um show muito bom não, foi excelente. Michael Stipe e sua trupe estão de volta ao topo, com uma apresentação lastreada nas músicas e na presença de palco, não na pirotecnia (como, suspeito, será o show da Madonna). E olha que as luzes e os telões do show era muito bacanas.

Michael Stipe tocou de tudo um pouco, passando pelos clássicos The One I Love, Driver 8, Orange Crush e It's the End of the World as we Know it (and I feeel fine). Mas não deixou de fora as melhores canções do disco novo: Hollow Man e Supernatural Superserious, por exemplo. O grupo tocou e cantou com garra, brindando os fãs com música do mais alto calibre. 

O setlist, que estou com preguiça de copiar, vocês acham aqui:


Nota: 9 de 10

domingo, 23 de novembro de 2008

Crítica de TV: Prison Break - 2ª Temporada


Não, não é Miami Ink. 

Prison Break talvez seja a série mais bem sacada dos últimos tempos. A primeira temporada foi sensacional. Isso, claro, se você conseguir se abstrair um pouco e acreditar que alguém consegue efetivamente levar à cabo um plano tal complicado para entrar e fugir de uma prisão. Para quem não sabe, a série conta a estória de Michael Scofield, que cria um fantástico plano para tirar seu irmão, Lincoln Burrows, da cadeira elétrica. O plano, de tão intricado, foi todo tatuado pelo corpo de Michael que consegue pensar em todas as alternativas possíveis de fuga.

A primeira temporada acabou de forma explosiva e a segunda começa do ponto onde a outra acabou. O elenco todo - agora do lado de fora da prisão - está tentando se manter do lado de fora, enquanto o FBI, chefiado pelo agente Mahone, está ao encalço deles. Para quem achou que as tatuagens de Michael só serviam para sair da prisão, está enganado. O cara pensou em tudo e seu plano é muito maior do que só escapar. 

Na segunda temporada, os personagens, de várias maneiras diferentes, fazem viagens pelo interior americano, convergindo para determinados locais (sempre por razões suficientemente plausíveis) de tempos em tempos. A trama por trás da armação de altíssimo escalão que levou à prisão de Lincoln Burrows só vai se aprofundando mas, diferentemente de Lost, muita coisa é explicada logo na segunda temporada, que é muito bem amarrada.

O final é meio forçado mas é que a série fez tanto sucesso que eles tinham que esticar de alguma forma. Há um potencial interessante para a terceira temporada. Só espero, porém, que a Fox não queira ir muito além da quarta.

Nota: 8 de 10 (a primeira temporada, para comparação, merece uns 9 de 10)

E lá vai mais uma


Para compensar minha falta de postagens, vou mandar mais uma.

Como quase toda a população mundial, assisti Quantum of Solace. Se eu gostei? Sim, claro, como poderia deixar de gostar? É um filme de ação espetacular ininterrupta, que nem te deixa tempo para pensar. É uma invasão dos sentidos, com explosões, socos, tiros, quedas, batalhas aéreas, corridas de lancha, pulos de pára-quedas, perseguições automobilísticas e tudo mais que um filme de ação precisa ser para se qualificar como um filme de ação nos dias de hoje.

Como um filme de 007, ele, porém, não é bom.

Não me xinguem ainda. Deixa eu explicar.

Sei que Casino Royale, que eu adorei, é um 007 para a nova geração, com um Bond mais realista, violento, tosco. Sei também que Casino Royale era basicamente um reboot na série, um recomeço, contando a primeira missão "para matar" do agente secreto do MI-6. Sei disso tudo. No entanto, quando Bond dá um tiro no joelho de Mr. White ao final de Casino, ele se apresenta como "Bond, James Bond", dando a impressão que, na continuação, teríamos um vislumbre daquele cara que acostumamos ver nos 20 filmes anteriores. Não um cara igual, vejam bem, mas alguém que lembrasse o personagem querido por todos. 

Não foi o que aconteceu. Quantum of Solace (ô raio de título, não?) é Casino Royale elevado ao cubo em termos de ação e truculência do agente com licença para matar que quer por que quer se vingar da morte de Vesper, no outro filme. Aliás, licença para matar é algo que 007 não mais precisa aparentemente. Ele mata e pronto, com ou sem licença. E não só mata como também deixa morrer e não se preocupa muito com as conseqüências do que faz. Tudo que ele consegue pensar é em Vesper e a resposta à uma pergunta que não quer calar: ela gostava de Bond de verdade ou era encenação?

De toda forma, digo e repito: Quantum of Solace é um ótimo filme de ação mas, se comparado com seu predecessor imediato, é um tanto mais fraco, pois a estória é basicamente inexistente. Ele deve ser visto, na verdade, como uma continuação imediata de Casino Royale (o que efetivamente é) e como o fechamento do arco inicial da vida de 007. Espero que os produtores parem por aí e emprestem um pouco mais de charme ao agente no próximo filme, só um pouco mais. Precisamos de mais Martini e black-tie e menos dog fight no espaço aéreo da Bolívia. O final de Quantum parece ir nessa direção e é, sinceramente, o que espero. Caso contrário, 007 terá que ser comparado com Jason Bourne e, vocês vão me desculpar, porradaria por porradaria, sou mais o Bourne de Matt Damon. Se é para 007 ficar igual ao seu concorrente moderno, prefiro que os produtores parem por aqui pois eles não tem chance diante do agente sem memória.

Bom, de toda forma, vale destacar três aspectos bem positivos de Quantum of Solace: (1) a bela homenagem a Goldfinger, o melhor filme da série; (2) a fantástica cena da ópera Tosca em Viena e (3) Olga Kurylenko, uma belíssima Bond girl. A foto acima prova isso, tenho certeza (vocês não achavam que eu ia colocar a foto do Neanderthal do Daniel Craig, não é? ;).

Nota: 7 de 10 (Casino, para comparação, é nota 8,5)

Esqueci-me do blog!


Caramba, o mês de novembro está voando e, junto com ele, o ano. Nem tive tempo de postar nada.

Bom, aí vai. 

Voltando de avião dos Estados Unidos, catei um filme que eu pudesse assistir durante o vôo. Vocês sabem o que isso significa: procuro filmes que não tenho a menor intenção de ver nem em DVD, por alguma implicância qualquer. Foi assim com Prince Caspian e de novo, agora, com Forgetting Sarah Marshall.

A implicância com Caspian era óbvia: havia detestado o primeiro filme e não tinha como eu gostar do segundo. Acertei em cheio. No caso de Sarah Marshall, o título e o fato de ser tachado de comédia romântica funcionaram em conjunto para me afastar. No avião, porém, vale tudo.

E, que bom, enganei-me. A implicância não era fundada e o filme merece ser visto pois é uma comédia inteligente, com boas atuações e excelentes piadas.

Trata-se da estória de Peter Bretter (o desconhecido mas excelente Jason Segel que atuou no também ótimo Knocked Up), um compositor de trilha sonora de seriado que namora - e é perdidamente apaixonado por - Sarah Marshall (Kristen Bell, conhecida de séries de televisão), atriz principal do show para o qual compõe as músicas. Ela é sexy e bela e ele efetivamente não acredita que ela pode estar apaixonada por ele. Obviamente, ela dá um pé na bunda nele e ele fica desesperado. Seguindo o conselho de um  amigo, ele parte para um resort no Havaí para esquecê-la mas dá de cara com Sarah e seu novo namorado roqueiro e doidão, no mesmo hotel.

A primeira metade do filme é de rolar de rir. Tive que me segurar para não gargalhar no avião e pagar mico. A segunda metade é a parte "romântica" mas que nunca é lugar comum ou simplista. O amigo que convence Peter a viajar, por exemplo, não vai com ele e fica dando conselhos via webcam em um laptop, junto com a chatíssima esposa. Peter faz os amigos mais insanos no hotel e, claro, encontra uma outra garota (a bela Mila Kunis de That '70s Show). Para se ter uma idéia da originalidade, o sonho de Peter é compor um musical sobre Drácula, usando marionetes e ele chega a cantar a canção principal do sonhado show - triste e com sotaque romeno, do Conde Vlad - em pleno bar havaiano...

Mas essa originalidade toda tem nome: Judd Apatow. Esse cara é o "cara". Produziu nada mais nada menos que muitas das melhores comédias dos últimos anos, tais como 40 Year Old Virgin, Anchorman, Talladega Nights, Knocked Up e Superbad. Produziu também o elogiado Pineapple Express que ainda não assisti. Está vindo aí com Ghostbusters 3. Vamos ver. Espero que continue com a qualidade que mostrou até aqui.

Nota: 7,5 de 10

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Mais um que se vai


Michael Crichton faleceu ontem, de câncer, aos 66 anos. Fiquei surpreso e triste. 

Surpreso pois não fazia idéia que ele tinha câncer. Triste pois eu gostava do cara. Talvez o livro "pop" que eu mais tenha gostado de ler seja Jurassic Park. Li antes do filme de Spielberg e simplesmente amei a estória e, principalmente, a ciência por trás dela. Quase xinguei Spielberg por ter mudado o sensacional final da estória mas acabei perdoando-o pelo assombro visual que foi o filme. 

Crichton sempre esteve na crista da onda tecnológica: falou de dinossauros ágeis e parecidos com pássaros logo quando as primeiras descobertas nessa linha estavam surgindo; viagem no tempo; nanotecnologia. Teve vários de seus livros adaptados para o cinema.

Ele próprio esteve muito envolvido com a indústria do entretenimento audiovisual, criando a famosíssima e ótima série E.R., roteirizando Twister, Westworld e vários outros filmes.  Chegou até mesmo a dirigir 8 filmes, incluindo o clássico e já citado Westworld. 

Fará falta.