quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crítica de filme: Um Homem Um Tanto Gentil (Festival do Rio 2010 - Parte 6)

Um Homem Um Tanto Gentil (En Ganske Snill Mann) é um interessante filme norueguês, dirigido por Hans Petter Molland e que serve de veículo para Stellan Skarsgard brilhar. Skarsgard é um nome muito conhecido de Hollywood em produções como Piratas do Caribe em que ele fez Bootstrap Bill Turner e Mamma Mia!, no papel de Bill, um dos possíveis pais de Sophie, para citar apenas alguns. Nunca havia visto o ator em papel de destaque e, nesse filme, ele dá um show, definitivamente mostrando o potencial que era possível entrever em suas outras participações.


Em Um Homem Um Tanto Gentil, Skarsgard faz o papel de Ulrik, um homem já no terço final de sua vida, que acabou de sair da prisão, onde ficou por 12 anos por assassinato. Ele sai novamente para o mundo com um conselho de um dos guardas penitencários: "Não olhe para trás. Siga sempre em frente." Ulrik sai sozinho, completamente esquecido pelo chefe mafioso para quem trabalhava e por sua esposa que não quer que ele se aproxime do filho de 25 anos e com uma boa carreira pela frente, além de uma noiva bem grávida.

Ulrik acomoda-se em um quartinho horrível da casa de uma mulher mais feia ainda que serve comida em troca de, digamos, favores sexuais. No trabalho, ele cuida da oficina de um homem que acabou de ter um ataque cardíaco e tem que lidar com um mulher com problemas maritais. Como se isso não bastasse, seu antigo chefe quer que ele se vingue da pessoa que o mandou para a cadeia.

Todas as circunstâncias são pefeitamente propícias para que Ulrik volte a praticar crimes e, o que vemos no desenrolar do filme, é Ulrik brigar consigo mesmo para escolher o caminho mais correto. Ou ele volta para o crime e deixa de vez qualquer chance de se unir ao filho, ou tenta mudar e abraçar uma nova vida possivelmente junto ao filho e ao vindouro neto.

Esse drama todo, porém, que poderia resultar em um pesadíssimo filme, é tratado de forma leve pelo diretor e pelo roteirista Kim Fupz Aakeson. Ulrik, apesar de ser um capanga assassino, tem boas maneiras na mesa - e presumivelmente na cama - e é daí de onde sai o título do filme. Cada uma de suas refeições no filme ou é precedida ou sucedida de sexo e sempre da maneira mais fria - e por isso mesmo cômica - possível.

A resolução da situação com o filho que o recebe mas diz que a noiva não quer que o filho deles conviva com um avô que cometeu crimes é um pouco simplista demais mas acaba funcionando no filme com um deus ex machina não muito exagerado. Por outro lado, a transição de Ulrik, com seus vários dilemas morais é perfeitamente crível graças à já mencionada brilhante atuação de Stellan Skarsgard que, com um rosto cínico, consegue transmitir medo, raiva, resignação, ternura e satisfação.

Mais sobre o filme: IMDB.

Nota: 8,5 de 10

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