Club du Film - 5.49 - Yankee Doodle Dandy (A Canção da Vitória)

A Canção da Vitória é um musical americano de 1942, dirigido por Michael Curtiz (diretor de Captain Blood e Casablanca, dentre muitos outros) e foi visto pelo Club du Film (mais sobre o Club ao final do post) em 06.07.10.

O filme é um show de um homem só. James Cagney, no absolutamente improvável papel de George M. Cohan, simplesmente é o filme. Digo improvável pois Cagney, pelo menos até fazer esse filme, estava estigmatizado por papéis de bandidos, gângsters em filmes noir.

George M. Cohan foi o revolucionário escritor de teatro, compositor, cantor e dançarino que virou a Broadway de cabeça para baixo com suas extremamente lucrativas peças. Daí a escalação de Cagney ser um escolha completamente louca mas somente até você ver o ator na pele de Cohan. Cagney está brilhante e eleva sozinho um filme que não seria mais do que mediano para um patamar acima. Ainda que Cagney tenha efetivamente sido dançarino, ninguém, em 1942, esperava realmente ver o ator em um musical, especialmente não na pele de Cohan.

A Canção da Vitória conta a estória de Cohan em flashback, começando com ele já mais velho, conversando com o então presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt, que o convocara para a Casa Branca. O filme então corta para Cohan ainda criança, acompanhando seus pais pelo país em um show vaudeville itinerante. Desde o início o menino mostra talento e, de maneira bem simples e sem conflito, o roteiro e a direção nos leva para Cohan já com um inigualável sucesso.

Cagney dançando é engraçado mas, ao mesmo tempo, convincente. Baixinho e gordinho, o ator nem de longe tem a graça de Fred Astaire (comparação injusta, eu sei) mas ele consegue empregar alguns maneirismos muito interessantes que parecem fazer parte dos números musicais mas que, na verdade, nada mais são do que bengalas ou apoios para Cagney conseguir enganar o público e fazer-se passar por Cohan. Acho que cantando, Cagney até consegue se sair melhor mas as músicas de Cohan, todas extremamente patrióticas, como a emblemática "Over There", são muito simples, não requerendo muito de um cantor.

Mas Cagney faz tudo isso funcionar perfeitamente bem no filme que, apesar de não nos apresentar nada de diferente e nos colocar frente a frente, logo de cara, com uma situação completamente implausível (Roosevelt chamando Cohan basicamente no meio da noite para a Casa Branca), se iguala a muitos musicais por aí. Cohan criou shows que, hoje, consideramos como lugar comum e ver A Canção da Vitória em pleno 2010 deve ser muito diferente do que ver ainda na década de 40, durante a Segunda Grande Guerra.

De toda forma, como já disso, Cagney dá um show e, só por isso, o filme merece ser visto.

Mais sobre o filme: IMDB e Rotten Tomatoes.

Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 7

Barada: 5,5

Gort: 5,5