Onde é que nós fomos parar? Um filme de quase duas horas, com atores reais, inspirado unicamente naquele famoso trecho de mesmo nome do desenho animado sem falas Fantasia, de 1940, estrelando Mickey Mouse?
Ah, e para aqueles letrados que serão rápidos em apontar que esse trecho de Fantasia, com música de Paul Dukas, é por sua vez baseado na obra Der Zauberlehrling de Goethe e que, portanto, o filme é baseado em Goethe, eu digo: não se iludam!
O filme é claramente construído em torno daquela cena específica com o Mickey Mouse, mesmo que seja possível concluir que aquela cena é uma inteligente reprodução do poema alemão. Tanto é assim que a cena é quase que integralmente reproduzida lá pelo meio do filme e com exatamente a mesma trilha de Paul Dukas.
Mas eu divago. Esse filme foi massacrado pela crítica mas eu acho que o pessoal exagerou um pouco. O Aprendiz de Feiticeiro não é um grande filme mas também não é um lixo. Está na categoria ingrata de filmes completamente desnecessários mas que servem como um divertimento descartável por duas horas.
Temos Nicolas Cage (eu gosto do cara, não tem jeito, apesar das péssimas escolhas de filmes que ele e o agente dele têm feito...) como Balthazar Blake, um discípulo imortal de Merlin que tenta encontrar o verdadeiro herdeiro do mago. Obviamente, esse herdeiro tinha que ser americano e, claro, morar em Nova Iorque. Ele encontra o garoto mas, depois de uma luta mágica, é engarrafado junto com seu arqui-inimigo, o também ex-aprendiz de Merlin e ex-colega de Balthazar, Maxim Horvath (Alfred Molina, sempre divertido). Dez anos depois, os dois são desengarrafados e Balthazar sai em busca de Dave, o tal herdeiro de Merlin (Jay Baruchel - mais sobre ele adiante) e Maxim tenta libertar a bruxa Morgana (Alice Krige) para, claro, dominarem o mundo.
Essa trama desnecessariamente complicada (tem até direito à prólogo na Idade Média com participação especial de Monica Belluci, no papel de Veronica, a terceira aprendiz de Merlin) é só uma desculpa para Jon Turteltaub, que dirigiu Nicolas Cage nos dois "filmes padrão de aventura" National Treasure 1 e 2, desfilar um turbilhão de efeitos especiais até bem competentes: carros velhos sendo transformados em carros esportivos, dragões chineses transformados em dragões de verdade e, em um lampejo de originalidade, aqueles gárgulas em formato de águia do topo do Chrysler Building em Nova Iorque transformando-se em águias gigantescas de metal.
Mas, em linhas gerais, o filme é aquela clichezada padrão, que não acrescenta nada na vida de ninguém. O que, porém, realmente consegue quase que completamente arruinar o filme é a atuação ridícula de Jay Baruchel. De onde tiraram esse cara? Ele consegue transformar Roberto Begnini de A Vida é Bela em ator shakespeareano de tão ruim que ele é. Um monte de caretas no pior estilo Begnini e Jim Carey juntos, com uma expressão corporal de um Eddie Murphy em Pluto Nash. O cara merece o Framboesa de Ouro fácil.
No entanto, ainda que seja difícil abstrair-se de Baruchel, já que ele está em todas as cenas, os embates mágicos entre Cage e Molina são bem divertidos e a breve mas sempre marcante presença da belíssima Monica Belluci impedem que o filme seja uma ruína total.
Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Box Office Mojo.
Nota: 5,5 de 10
Muito bom o texto Leve e engraçado uhehueuheueh. Curti.Se continuar a escrever, vou continuar a acompanhar.
ResponderExcluirMuito bom o texto Leve e engraçado uhehueuheueh. Curti.Se continuar a escrever, vou continuar a acompanhar.
ResponderExcluirObrigado. Continuarei escrevendo sim, com certeza. Só é difícil manter uma cadência...
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