quarta-feira, 21 de maio de 2008

Crítica de Filme: Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal)

Estava eu aqui em Berlim a trabalho quando, coincidentemente, descobri que meu hotel ficava em frente a um Cineplex. Melhor ainda, um Cineplex que só passa filmes nas respectivas línguas originais (não em alemão dublado). Ainda por cima, haveria uma premièrere de Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (Indiana Jones und das Königreich des Kritallschädels para quem se interessar no título daqui...).

Obviamente, não resiti e comprei dois ingressos por 7 Euros, com direito a uma garrafa de cerveja cada um (isso se eu bebesse, claro)...

Bom, o Cineplex era muito bacana e a sala, enorme, com direito a cortina vermelha abrindo e fechando e tudo. Depois de 30 (sim, 30) minutos de anúncios e trailers e de um cara chato vendendo sorvete antes de começar o filme (o problema com a Europa são as "pequenas diferenças", como vocês devem saber), o mais esperado filme do ano começou.

Chega de enrolação. Vocês devem estar perguntando: é bom ou não é?

Sim, é muito bom. Não ouçam os críticos sérios e insurpotáveis que analisam Indiana Jones como se fosse Cidadão Kane (e, no gênero aventura, é mesmo). Senti-me de volta aos anos 80, no espírito dos filmes de aventura daquela época. Não há nada de errado no filme. Poderia ser o quarto filme sendo lançado poucos anos depois do sensacional Last Crusade.

Volta Harrison Ford, que entra no filme de forma muito original aliás. Volta Karen Allen como Marion Ravenwood. Voltam o chicote, o casaco de couro, o chapéu, as piadinhas, as acrobacias improváveis e os cenários surreais. Voltam, assim, o que era bom e o que Hollywood havia esquecido nessa era de efeitos digitais. Não é que não haja efeitos digitais: há muitos mas todos funcionando para o filme e não escravizando-o.

Shia LeBeouf é introduzido como Mutt (ótimo nome para quem entender a brincadeira) e os 3 partem para uma excelente aventura, no estilo guerra fria (Cate Blanchett é a vilã russa) e exatamente dentro do espírito da época conforme ela é vista hoje em dia em vários filmes. Aliás, o ano é 1957, exatamente 20 anos depois do último filme na ficção e na realidade. Indiana é um senhor de idade mas um senhor de idade que não deixa nada a dever à garotada que aparece em filmes novos por aí.

O filme vale ser visto e revisto. É um enorme prazer ver que George Lucas, depois daqueles fiascos (sim, esses filmes mesmo que vocês estão pensando), consegue escrever algo bom. Não é Shakespeare mas não é para ser mesmo. Aliás, o roteiro consegue reunir muito bem a mitologia da trilogia original, inserindo, ainda, detalhes referentes à série de televisão Young Indiana Jones Chronicles. Spielberg, claro, nunca perdeu a forma e faz mais um excelente filme pipoca.

Que venham Indiana Jones 5 e 6!

Nota: 10 de 10 (sou suspeito para dar notas para filmes dessa série mas, para fins de comparação, ainda que a nota 10 seja a máxima, na minha cabeça Raiders e Last Crusade são empatados em primeiro lugar, Crystal Skull em segundo e Temple of Doom em terceiro, sendo que os 4 filmes ficam em categoria hors concours).