domingo, 31 de janeiro de 2010

Crítica de TV: Fringe - 1ª Temporada

Fringe foi lançado com estardalhaço em 2008. Afinal de contas, era a nova série de J.J. Abrams, o responsável por Lost. Obviamente, fiquei esperando maravilhas mas, como acompanhar pela TV exige uma disciplina que não tenho, resolvi esperar o lançamento em Blu-Ray. O tempo se passou e meio que perdi interesse na série até que um amigo me emprestou a primeira temporada completa.

Já meio ressabiado pelos altos e baixos de Lost (vi até a 4ª temporada e mais não gostei do que gostei) comecei a ver Fringe. Logo somos introduzidos aos agentes do FBI Olivia Dunham (a bela Anna Torv) e seu parceiro/amante John Scott (Mark Valley de Boston Legal, aqui e aqui). Os dois estão na cama quando são chamados separadamente para investigarem um caso de um avião que pousou em Boston sem qualquer comunicação com a torre. Ao entrar na aeronave, eles descobrem que todos estão mortos, meio que derretidos.

Na investigação, um acidente quase mata John Scott e, no desespero, Olivia resolve recrutar a ajuda do Dr. Walter Bishop (John Noble), que aparentemente entende do que está acontecendo com Scott (uma versão mais lenta do que aconteceu com os passageiros do avião). No entanto, o Dr. Bishop está internado em um sanatório e só um familiar pode tirá-lo de lá. Assim, Olivia vai até o Iraque para recrutar o filho do. Dr. Bishop, Peter Bishop (Joshua Jackson). Peter, dono de um passado no mínimo duvidoso e ele mesmo um gênio, relutantemente ajuda Olivia a tirar o Dr. Bishop do sanatório. Uma vez livre, o esquecido cientista começa a desvendar todos os mistérios que passam por ele, um a cada episódio.

O problema de Fringe (fringe vem de fringe science, que, como explicado na série, é uma pseudo-ciência, que trata de telecinésia, teletransporte, outras dimensões, clonagem e coisas cool do gênero) é sua fórmula: a cada episódio somos apresentados a um mistério envolvendo essa pseudo-ciência, Olivia e Peter são chamados e o Dr. Walter Bishop sempre tem uma solução mirabolante que é empregada no último segundo possível. Peter serve como o tradutor das falas pseudo-técnicas de Walter para Olivia e, consequentemente, nós, espectadores. Evidentemente, como é de se esperar, há todo um plano maior por trás, envolvendo empresas gigantescas que podem ser do bem ou do mal, o governo e vilões que podem não ser vilões. Aliás, ninguém parece ser o que é nessa série e esse é mais um dos vários pontos irritantes.

Senti-me assistindo a episódios de House, aquele médico meio maluco que resolve os mais escabrosos problemas médicos a cada semana. Fringe é exatamente igual, sem tirar nem por. A única diferença é que parece haver o tal plano maior por trás e que todos os personagens parecem ser marionetes de um complexo jogo de xadrez. E vejam, por favor, que uso a palavra "complexo" aqui da maneira mais cínica possível pois, na verdade, achei Fringe uma das séries mais previsíveis que já vi. Apesar de ela tentar manter mistérios e nos apresentar a um final pseudo-surpreendente, já dava para ver que algo daquele calibre iria acontecer. Na verdade, para ser realmente bacana, o tão falado final tinha que ter sido ainda mais radical. J.J. Abrams, parece, não quis arriscar tanto.

Mas Fringe tem duas coisas boas. A primeira delas é a atuação de John Noble como o Dr. Walter Bishop. Ele está impagável no papel do cientista louco, meio sem memória e que só pensa em comida nos horários mais impróprios. A outra coisa boa é que J.J. Abrams, diferentemente do que fez em Lost, parece ter um roteiro bem definido na cabeça sobre o que ele quer que aconteça na série. Mesmo estando apenas na primeira temporada, vários mistérios a que somos apresentados são resolvidos, ainda que, claro, várias pontas fiquem soltas.

No entanto, a variação da batida fórmula de "monstro da semana" cansa muito e, em determinados momentos, chega a ser ridícula (quando vocês chegarem no episódio do animal que é um híbrido de tigre com cascavel, morgego e outras coisas improváveis como essa, vocês entenderão o que quero dizer). Tudo se resolveria se, no lugar de 20 episódios, a temporada fosse no máximo de 12. Para se ter uma idéia, não fiquei com a mínima curiosidade para ver o que vai acontecer na segunda temporada...

Nota: 4 de 10

Crítica de filme: Invictus

Depois de Changeling (A Troca) e Gran Torino, ambos lançados em 2008, chega no Brasil o filme dirigido por Clint Eastwood em 2009: Invictus. Trata-se de uma fotografia da manobra política de Nelson Mandela ao usar o time de rugby da África do Sul, os Springboks, para unir um país fortemente dividido entre brancos e negros.

Mandela é vivido por Morgan Freeman, em sua profícua parceria com Eastwood (fizeram juntos os oscarizados Unforgiven (Os Imperdoáveis) e Million Dollar Baby (Garota de Ouro)). Matt Damon é François Pienaar, o capitão do time de rugby recrutado por Mandela para ganhar a Copa do Mundo daquele esporte. Acontece que os Springboks formam o time dos brancos, sendo o símbolo da elite odiada pelo negros. Aliás, o filme mostra bem isso pois começa mostrando uma escola de alto nível na África do Sul em que os alunos jogam, bem uniformizados, o rugby.  A câmera faz um travelling desconcertante e nos mostra, do outro lado da estrada, um time de meninos negros jogando futebol descalços em um campo de terra batida em frente a uma favela. Nesse momento Eastwood nos revela que essa realidade existia até pouco tempo atrás, em 1991. Mandela acaba de ser libertado da prisão depois de 27 anos encarcerado e cruza a estrada de carro para a festa dos meninos negros e para o horror do treinador de rugby.

Em 1994, com Mandela chegando ao poder, a Comissão de Esportes, toda formada por negros, resolve mudar o nome, as cores e o emblema dos Springboks, de forma a apagar esse símbolo do Apartheid. Mandela intervém e consegue forçar a manutenção do time como está e, então, parte para unificar o país, fazendo negros e brancos torcerem pelo mesmo time.

Vale notar que o filme não é sobre esportes e sim sobre esse esforço de Mandela. Tanto é assim que nenhum jogo é mostrado com vagar, a não ser o último, em que Clint Eastwood consegue provar que sabe dirigir filmagens de esportes tão bem quanto dirige qualquer outra coisa. Cria tensão onde tem que criar mesmo que todos nós saibamos o resultado do jogo.

Mas o filme tem um grande defeito: Morgan Freeman. Apesar de eu gostar muito do ator, ele é ele. Não consegui, em nenhum momento, vê-lo como Nelson Mandela pois, para mim, ele não se camuflou no papel do líder sul-africano. Isso me distraiu todas as vezes que ele apareceu, o que acontece 80% do tempo do filme. É claro que isso não é suficiente para tornar a obra um filme ruim mas Clint Eastwood arriscou muito alistando seu amigo para o papel.

Outro problema também tem relação com ator e papel mas não com a escolha do ator em si. Matt Damon consegue fazer um ótimo capitão Pienaar, com sotaque e cabelo loiro. Conseguimos efetivamente esquecer Jason Bourne. No entanto, seu papel é fraco pois ele é um capitão sem carisma e sem nenhuma liderança. Talvez Pienaar tenha sido assim mesmo mas uma licença poética de Eastwood, aqui, não cairia nada mal. Afinal de contas, Eastwood apelou para suspense barato - talvez por ter entendido que o filme não se sustentava sozinho - ao dar a impressão que dois ataques terroristas se abateriam sobre Mandela. O segundo  é até um pouco ridículo pois, como o filme é histórico, sabemos que ele jamais aconteceu. Assim, se Eastwood fez isso, ele poderia muito bem ter transformado Pienaar em um líder inspirador assim como o próprio Mandela.

Por último, talvez com a intenção de focar na utilização política do rugby, Eastwood tenha simplificado demais o trabalho de Nelson Mandela. No entanto, nesse quesito, tendo a compreender a posição do diretor: não se trata de um filme biográfico mas sim, como mencionei no começo, uma fotografia de um momento específico.

Mas o filme, apesar dos problemas, se segura e empolga nos momentos certos, trazendo boa dose de tensão mesmo sem entender o rugby, como a  maioria dos brasileiros.

Nota: 7 de 10

Crítica de TV: 30 Rock - 3ª Temporada

Gosto muito de 30 Rock. Como já disse antes, é uma série que pode ser considerada como a legítima herdeira de Seinfeld, guardadas as devidas proporções, obviamente.

Tina Fey, a criadora do show e roteirista, consegue criar personagens memoráveis, todos discutidos em minha crítica anterior. Apesar de a continuidade não ser essencial para a série, a 3ª Temporada começa logo após os acontecimentos da 2ª Temporada, com Jack Donaghy (o excelente - quem diria! - Alec Baldwin) voltando para trabalhar na NBC. Nessa temporada, as colas que mais ou menos reúnem os episódios são o romance de Jack com Elisa, a enfermeira porto-riquenha de sua mãe, vivida pela voluptuosa atriz Salma Hayek (de Um Drinque no Inferno) e a procura de Jack por seu pai.

A relação entre Jack e Elisa rende momentos muito engraçados, como a forçada confissão de Jack à um padre, tendo em vista que Elisa é profundamente religiosa e as várias gafes racistas com Jack - e outros, inclusive Liz Lemon (Tina Fey) - chamando Elisa de "porto-riquenha".  Mas o que vale ouro mesmo é a estranha relação de respeito entre Liz e Jack. Um costuma acabar com o outro, sempre falando a verdade, por mais dolorosa que ela possa ser mas os dois nunca se desgrudam.

A sucessão de episódios muito engraçados é impressionante:

- Em Believe in the Stars, segundo episódio da temporada, Liz Lemon volta de Chicado de avião junto com Oprah Winfrey (em uma ótima particpação especial) e passa a seguir cegamente todas as suas instruções, apenas para ter um choque com a revelação impagável ao final (fiquem tranquilos, não vou contar);

- Em Gavin Volure, quarto episódio, que conta com a participação especial de Steve Martin no papel título, Jack visita seu guru, Gavin Volure e Liz o acompanha, somente para descobrir que Gavin é o homem perfeito para ela ter uma relação já que ele não pode ter relação física alguma. Os desdobramentos são memoráveis;

- Em Christmas Special, Liz se engaja em campanha para beneficiar crianças carentes mas, ao entregar os presentes que compra para duas crianças, é recepcionada por dois adultos que, sem cerimônia, arrancam dela os presentes. Ela sai para desmascarar o programa de doações até que dá de cara com seu próprio preconceito;

- Em Flu Shot, Liz se recusa a tomar vacina contra a gripe já que a NBC somente a distribui aos funcionários "mais importantes", deixando de fora sua equipe. No entanto, sua solidariedade é testada quando a possível gripe ameaça suas férias;

- Em The Bubble, Liz descobre que seu namorado Drew (vivido pelo ator Jon Hamm de Mad Men) vive literalmente na "bolha da beleza" na qual ele é perfeito em tudo o que faz somente porque as pessoas não tem coragem de dizer a uma pessoa tão bonita que ela é péssima em tudo. Esse episódio merece um Oscar de tão bem sacado;

- Em Kidney Now!, o episódio final, Jack organiza um "We Are The World" para conseguir um rim para seu pai. Esse episódio vale mais pela quantidade de participações especiais (até Cindy Lauper) do que pela estória em si.

E por aí vai. Mas, apesar dos vários acertos, 30 Rock cai um pouco de qualidade nessa terceira temporada. Não sei exatamente o porquê, mas alguns episódios parecem perdidos e o fechamento, que nas outras temporadas trazia algo de interessante, deixou muito a desejar. Talvez seja hora de Tina Fey mexer um pouco na estrutura do programa, trazendo algo verdadeiramente novo, talvez até mesmo um personagem para rivalizar seu personagem Liz Lemon, de forma a se criar uma tensão com boas possibilidades de gargalhadas. Talvez ela tenha essa chance agora que a Comcast comprou a NBC/Universal da GE. Isso pode gerar novas situações já que Tina adora brincar com a NBC em seu programa.

Nota: 7,5 de 10

Crítica de filme: Alvin and the Chipmunks: The Squeakquel (Alvin e os Esquilos 2)


Era óbvio que, com o sucesso do primeiro Alvin e os Esquilos, filme com atores reais e esquilos digitais baseado em desenho animado americano famoso por lá, a Fox não poderia resistir à tentação de fazer uma continuação. Eu, particularmente, tentei evitar assistir o filme pois já havia visto e detestado o primeiro. No entanto, às vezes (muito raramente, na verdade) ter filhos significa autoflagerlar-se e lá fui ver os esquilos no cinema novamente.

O que me chateia com esses filmes infantis é a necessidade que alguns estúdios têm de torná-los idiotas. E olha que isso é completamente desnecessário, bastando ver Up - Altas Aventuras, que, junto com Inglorious Basterds, foi o melhor filme de 2009 para mim. Filmes infantis podem e devem ser inteligentes, desafiantes e não  rasos e entendiantes.

Para manter os custos lá no chão, a Fox tratou de se livrar da única coisa boa do filme anterior: o ator Jason Lee (da excelente série My Name is Earl). Sua participação, na continuação, se resume a 2 minutos no início e mais 2 ao fim.

Vamos ao fiapo de estória. Querendo que os esquilos tenham uma vida normal, Dave (Jason Lee) os manda para a escola (de seres humanos!). Lá, Alvin e seus dois irmãos dão de cara com as "Esquiletes", três esquilos fêmeas que são, cada uma, a versão feminina dos esquilos. Só isso já torna a estória - muito batida - completamente imbecil. Evidentemente que o vilão do outro filme, o produtor Ian (David Cross) dá um jeito de voltar e de explorar as "esquiletes" cabendo a Alvin, Theodore e Simon irem ao resgate.

Acontece que o filme é formuláico e, apesar de só ter 88 minutos, parece que tem 3 horas de tão chato. E, para dar um "ar de filme inteligente", os roteiristas jogaram várias frases de filmes adultos na boca dos esquilos. E que frases são essas vocês perguntarão? Bom, nada mais, nada menos, do que citações de Apocalypse Now, Taxi Driver e outros filmes desse tipo da década de 70. Ora, mostrar erudição fazendo citações dessa natureza é o cúmulo do esforço zero para fazer um filme inteligente. Os roteiristas devem ter se achado o máximo quando inseriram no roteiro frases clássicas de filmes clássicos. Se tivessem usado um décimo desse esforço para tratar a trama de uma forma um pouquinho menos rasteira, teriam feito um filme passável.

E o pior é que, apesar da (falta de) qualidade, a continuação também foi um sucesso...

Nota: 3 de 10

sábado, 30 de janeiro de 2010

Crítica de filme: Edge of Darkness (O Fim da Escuridão)

Edge of Darkness marca a volta do astro Mel Gibson ao papel principal de um filme. E a volta foi em um filme do gênero que o consagrou: ação policial.

Esse filme é baseado na série de televisão de mesmo nome, também do diretor Martin Campbell, que fez o excelente Casino Royale. A combinação não poderia ser melhor, mas será que o filme é bom mesmo?

Sinceramente, eu estava esperando algo mais "atire primeiro, pergunte depois", na linha da franquia Máquina Mortífera. Algo como um Taken (Busca Implacável) com Mel Gibson. E eu não teria reclamado se tivesse visto isso no cinema. No entanto, Edge of Darkness está longe de ser Taken. E não é que a qualidade seja ruim ou mesmo que o filme seja abaixo das espectativas, não. Somente não esperava um filme de ação policial estrelando Mel Gibson com coração e alguma profundidade. E isso faz de Edge of Darkness um filme bem interessante que coroa a volta do ator, depois de Signs, de 2002 e muita polêmica pessoal.

O filme nos apresenta ao policial veterano Thomas Craven (Mel Gibson) que, depois de muito tempo, recebe uma visita de sua filha, Emma (Bojana Novakovic). Durante o jantar em casa, ela começa a passar mal e, quando os dois estão saíndo correndo para o hospital, um homem mascarado aparece na porta, grita o nome "Craven" e atira, acertando Emma e mantando-a em frente a um desesperado Thomas. A conclusão é óbvia: alguém tentou se vingar do policial e acabou acertando sua filha.

Mas, claro, não é bem isso.

O pai desconsolado começa, do seu jeito, a tentar descobrir quem iria querer matá-lo. Acaba esbarrando, claro, em um trama bem maior, envolvendo segurança nacional em que Emma estava envolvida de alguma maneira.

Apesar da trama efetivamente lembrar a estrutura de Taken (e de um sem número de filmes de vingança), não temos um Mel Gibson indestrutível e louco como em Máquina Mortífera. Temos um pai efetivamente nos seus 50 e poucos anos, fazendo o que pode para vingar a morte de sua filha. Os eventos do começo do filme, diferente do que acontece nos outros filmes de vingança, não desaparecem. Eles ficam ali, como pontiagudos lembretes do porquê de tantas mortes e sofrimento. Mel Gibson chora, se desespera, sente pelos outros e reluta em matar. O diretor, Martin Campbell, tentou, dentro do possível, emprestar um caráter mais realista ao filme e colocá-lo razoavelmente dentro de um nível de credibilidade interessante. Não vemos explosões a cada segundo e muito menos vemos Thomas Craven receber tiros sem senti-los. É claro que, na última meia hora, no clímax da ação, o grau de credibilidade diminui um pouco mas isso faz bem à trama, que se resolve de maneira bem eficiente.

Outro destaque no filme é o personagem vivido por Ray Winstone: Jedburgh. Trata-se de um daqueles misteriosos "resolvedores" de situações complicadas, uma versão séria de Mr. Wolf de Pulp Fiction. O bacana de Jedburgh é sua evidente ambiguidade, mantida quase até o segundo final. Seu fim é perfeito, melhor até do que o de Thomas Craven.

Certamente, Edge of Darkness não é o melhor filme de Mel Gibson mas é uma volta em grande estilo, que merece ser comemorada por quem gosta do ator. Agora é esperar The Beaver em que ele faz o papel de um cara de anda com um castor de pelúcia em forma de luva em sua mão e o trata como um ser vivo...

Nota: 7 de 10

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Data histórica: Segunda-feira, dia 25.01.2010, o verdadeiro "Avatar Day"



Depois de 12 anos no topo da bilheteria mundial, o recorde de Titanic afunda e abre lugar para seu "irmão" Avatar

Ontem, na segunda-feira, dia 25 de janeiro de 2010, Avatar alcançou a cifra mundial de US$ 1.858.966.889,00, valor esse US$ 15.765.621,00 mais alto que o total geral de Titanic, também de James Cameron, que alcançou US$ 1.843.201.268,00. O interessante é notar que Titanic levou 41 semanas para chegar ao seu impressionante total, ao passo que Avatar levou apenas 39 dias ou 5.6 semanas para bater o recorde (dados tirados de Box Office Mojo). O feito é quase inacreditável, especialmente se considerarmos que os cinemas ainda estão lotados de gente querendo assistir os bichos azuis. 

Ok, se levarmos em consideração a inflação, ....E o Vento Levou ainda é o primeiro lugar. Além disso, alguns dizem que é injusto medir o sucesso pela bilheteria pois o certo seria pelo número de espectadores. De fato, o correto mesmo seria o número de espectadores mais a correção inflacionária mas esses cálculo é impossível e criaria enormes distorções pois (1) o número de espectadores tem se ser encarado em relação à população de cada país à época do filme; (2) há algumas décadas, não havia tantas outras alternativas ao cinema como hoje, tais como videogames, televisão, DVD e por aí vai. Assim, o cálculo real de espectadores é completamente impossível. Resta-nos, apenas, a bilheteria total que também geral distorções (por exemplo, apesar de ter feito essa grana toda, Avatar está longe de ser o filme mais lucrativo já que, dizem, custou mais de 500 milhões de dólares) mas é o melhor número que se tem. Pelo que já li, em número absoluto de espectadores, Avatar ainda não chegou nem ao Top 50. 

Outra distorção de Avatar é que sua receita vem fortemente de exibições em 3D e/ou em telas IMAX. Ok, é verdade, mas venhamos e convenhamos que desmerecer a cifra só por causa disso é querer arrumar desculpa para não ver a realidade: Avatar é um fenômeno. 

E olha que eu estava bem cético sobre a capacidade do filme de efetivamente alcançar Titanic, conforme eu cegamente escrevi aqui. Agora, acho difícil que ele não quebre de longe a barreira dos 2 bilhões. Talvez até faça 2,2 bilhões, sei lá (para terem uma idéia, vou passar 2 dias em Londres no final de fevereiro e não consegui comprar ingressos para Avatar em IMAX pois está TUDO lotado, sem brincadeiras!). Não faço mais apostas sobre Avatar. Ah, claro: ainda vai fazer outros rios (ocenaos, na verdade) de dinheiro quando for lançado em DVD e Blu-Ray e, em seguida, em 3D Blu-Ray. 

Parabéns ao James Cameron e à Fox.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Club du Film - 5.34 - Lan Feng Zheng (Blue Kite ou O Sonho Azul)

O Club du Film (mais sobre ele ao final desse post) completou 4 anos de existência no dia 29.12.2009, quando assistimos Rouge (A Fraternidade é Vermelha), o terceiro filme da Trilogia das Cores do diretor polonês Krzysztof Kieslowski.  Rouge foi, na verdade, o primeiro filme do 5º ano. Mas consideramos toda a trilogia como uma sessão apenas, para não fazer muita confusão na contagem de filmes. Assim, Lan Feng Zheng (O Sonho Azul) foi o segundo filme do 5º ano e o primeiro do ano de 2010, pois o assistimos no dia 05.01.10.

Trata-se de um filme chinês de 1993, dirigido por Zhuangzhuang Tian, quando a China ainda estava se acostumando com o conceito de comunismo light, com ares de capitalismo, processo esse ainda em andamento.

O filme se passa em Pequim e começa em 1953, um ano antes de Mao Tse-Tung ser reconduzido à presidência do país. O filme não mostra as articulações políticas mas sim os efeitos nefastos do comunismo de Mao em uma família chinesa. O capitalismo ainda incipiente à época é destruído, com negócios de bem sendo substituídos por desapropriações do Estado. O foco é no menino Tietou, nascido em 1954 e o que acontece ao seu redor. São os olhos do menino que vêem seu pai ser levado para lugar incerto e não sabido e, mais tarde, sofrer um "acidente". Depois nós vemos o racionamento de comida. Em seguida, o estado cada vez mais precário da moradia de Tietou. O menino vai crescendo e é a vez de sua tia ser mandada para um campo correicional. Ele vai crescendo mais e, já adolescente, sua mãe casa novamente mas o movimento conhecido como A Revolução Cultural, outra aberração do regime comunista de Mao Tse-Tung, devasta esse casamento também.

O filme tem fortes tons políticos, contrários ao regime comunista. Mesmo em 1993, foi muita coragem do diretor filmar da maneira como filmou, mostrando aquilo que os chineses da cúpula até hoje dizem que não foi bem assim. Ter sido feito, na verdade, é o maior mérito dessa obra. Ela sofre de problemas de duração. São 138 minutos que passam lentamente, sempre com uma repetição de temas. O mesmo efeito poderia ser obtido com metade do tempo e metade dos acontecimentos. Entendo a necessidade do diretor em martelar todas as mazelas que seu povo passou mas os acontecimentos pouco evoluem a trama e ficam cansativos.


Sobre o Club du Film:

Há pouco mais de quatro anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 6 de 10
Klaatu: 5 de 10
Barada: 4,5 de 10
Nikto: 5,5 de 10
Gort: 6 de 10

domingo, 24 de janeiro de 2010

Crítica de filme: Julie & Julia


Já quero deixar uma coisa bem clara: eu não gosto da Meryl Streep. Apesar de todos os louros que ela recebe como atriz, eu a considero uma atriz de um papel só: um papel dramático, pesado, que exija muita choradeira. Sei que é preconceito meu mas paciência, é o que acho. A situação ficou pior ainda quando vi Mamma Mia, em que Meryl Streep saltita na cama como se fosse uma baleia beluga se debatendo na praia.

Outra coisa que também tem que ficar clara: Nora Ephron, a diretora de Julie & Julia, é, em minha opinião, uma das piores diretoras da atualidade. Fez coisas horríveis como Sleepless in Seatlle, Michael, You've Got Mail e Bewitched.

Partindo dessa premissa, comecei a assistir Julie & Julia unicamente porque sei que o filme, segundo tenho visto, tem chances de concorrer ao Oscar. Tinha certeza que a nota mais alta que poderia dar ao filme era 5, isso se a metade sobre Julie, a personagem que NÃO é vivida por Meryl Streep, fosse perfeita.

Quando o primeiro trecho com Meryl Streep no papel de Julia Child começou, com ela imitando o irritante jeito de falar de Child (uma famosa "cozinheira estrela" norte americana, que ensinou a eles como cozinhar no estilo francês), comecei a revirar os olhos e pensar seriamente em não dar nota mais alta que 3 ou 4, independente da estória de Julie.

Mas aí o filme começou a ficar genuinamente bom. Primeiro, a estória é bem bolada. Baseada ao mesmo tempo no blog de Julie Powell (a cativante Amy Adams), que tinha como objetivo recriar, em um ano todas as quinhentas e tantas receitas do primeiro livro de Julia Child (Meryl Streep) e no próprio livro de Child, o filme fica literalmente quicando entre o presente com Julie e o passado, com Julia. A primeira se virando para tornar a vida mais interessante, com a utilização do verdadeiro dom que tem, cozinhar, e a outra também se virando para dar algum propósito à sua vida em Paris, como esposa de um diplomata americano (Paul Child, vivido magistralmente por Stanley Tucci).

A reconstrução de Paris lá pelos idos de 1949 é perfeita e pela primeira vez vi Meryl Streep efetivamente funcionando em um papel alegre, divertido. A interação dela com Stanley Tucci mostra que Nora Ephron soube escolher bem seus atores. Em Nova Iorque, no presente, Amy Adams também está muito bem em seu papel de jovem sem rumo, que detesta seu trabalho (quem não detestaria ser uma profissional de uma empresa que lida com o seguros do ataque de 11 de setembro?). O paralelismo das duas estórias funciona muito bem, nunca se tornado verdadeiramente chato. Talvez o filme pudesse apenas ser um pouco mais curto, sem o melodrama meio forçado do relacionamento de Julie com seu marido Eric (Chris Messina).

Reconheço que quebrei a cara com meu preconceito em relação à Meryl Streep e Nora Ephron mas isso não quer dizer que vou passar a ver todos os filmes das duas.

Nota: 8 de 10

Crítica de quadrinhos: The Stand - Captain Trips


Vou dar uma de Silvio Santos: eu não li o gigantesco livro The Stand de Stephen King mas disseram que é muito bom. Com base nisso e na qualidade de outra adaptação do autor para os quadrinhos (A Torre Negra, aqui e aqui), resolvi comprar The Stand e li o primeiro volume, que coleciona o primeiro arco da estória, chamada Captain Trips, contada em 5 números.

Nesse volume, ficamos sabendo que há algo de muito errado nos Estados Unidos. Algum experimento que deu errado (não podia ser diferente, não é?) espalha um vírus extremamente mortal. Quem entra em contato com ele morre de maneira grotesca (novamente, não podia ser diferente, não é?). Mais para a frente, quando a epidemia já está espalhada mas antes do possivelmente vindouro fim do mundo, começamos a identificar algumas pessoas que são completamente imunes ao vírus (deveria repetir, aqui, os dois parênteses acima mas vou deixar passar). Suas estórias são contadas separadamente mas tenho certeza que, nos próximos volumes, eles também se juntarão (como meu chapéu se isso não acontecer). Há um elemento sobrenatural (adivinha o que deveria escrever aqui agora?) que nos é apresentado ao final mas não fica exatamente claro se é alguma alegoria sobre a morte que vem assolando os Estados Unidos. Presumo que tudo fique mais claro com o desenrolar da série pois o segundo volume está completo - American Nightmares - e o terceiro está em vias de terminar - Soul Survivors - sendo que são 5 volumes ao total.

A estória do volume 1, ainda que preliminar, consegue prender o leitor. A trama do vírus sendo "carregado" para fora da instalação militar, sua disseminação e a tentativa do governo de acobertar tudo é bem clichê mas é um clichê bem amarrado e bem contado. Além disso, a arte de Mike Perkins é excelente, quase no nível de
A Torre Negra. O maior defeito desse volume é que, diferentemente dos volumes de A Torre Negra, a estória não tem um começo, meio e fim definidos, não fechando verdadeiramente um "arco".

De toda forma, fui fisgado. Agora terei que acompanhar a série até o final.

Nota: 7,5 de 10

sábado, 23 de janeiro de 2010

Crítica de filme: Up In The Air (Amor Sem Escalas)


Jason Reitman é diretor de ótimos filmes. Fez o excelente Thank you for Smoking (Obrigado por Fumar), sendo autor também do roteiro. Depois, fez o aclamado e simpático Juno, com roteiro de Diablo Cody. Agora, Reitman nos apresenta com a direção e o roteiro de Up In The Air, outro triunfo.

O filme nos mostra a vida de Ryan Bingham (George Clooney), um executivo cuja função é viajar por todo os Estados Unidos demitindo pessoas de diversas empresas cujos chefes não tem a coragem de cumprir essa função. Ele tem toda uma técnica, com respostas para as mais diversas situações, desde a calma quando a notícia é contada até o desespero total. Viajando 320 dias por ano, Bingham é basicamente um nômade, cuja casa é uma combinação de aviões com aeroportos e hotéis. Ele tem vários cartões de milhas e, com o tempo, se tornou um colecionador delas. Não as usa, apenas as guarda para alcançar um objetivo inalcançável em termos de números de milhas acumuladas. Ele não gasta um centavo em dinheiro. Sempre usa os serviços de concierge das companhias aéreas (American Airlines), locadoras de automóvel (Hertz) e hotéis (Hilton).

Nessa sua vida regrada, ele apenas carrega uma mala de mão, tudo que tem na vida e faz, ocasionalmente, palestras motivacionais sobre a necessidade de se desprender dos bens materiais e, principalmente, das pessoas, incluindo família e amigos. Ele é um solitário por convicção.

Tudo começa a mudar quando Bingham conhece Alex Goran (Vera Farmiga) sua versão feminina. Já no contato inicial, os dois partem para comparar quantos cartões de milhas têm e os serviços oferecidos por cada companhia. É a vida de lobby de aeroporto elevada à décima potência. Alex e Ryan começam a se ver com certa freqüência, sempre que os dois estão no mesmo aeroporto. O passo seguinte da mudança de Ryan é a entrada de Natalie Keener (Anna Kendrick), nova funcionária da empresa em que trabalha e mentora de um programa que objetiva gastar menos com viagens e fazer todas as demissões via vídeo conferência (não podia ter algo mais cruel que isso, não?). Ryan fica desesperado e, depois de uma discussão, Natalie passa a acompanhá-lo em suas viagens para aprender a demitir.

Natalie é o oposto de Ryan. Por ser nova, ela é romântica, acredita em casamento e relacionamentos em geral. Ryan é um cínico que nunca nem visita sua família para evitar laços mais fortes. Mas começamos a ver, também, que Ryan talvez tenha é se acomodado a um estilo de vida cruel que o forçou a ser o que é. Ao penetrarmos na mente do personagem, percebemos que talvez ele não seja aquele solitário convicto que nos é apresentado no começo. Sua humanidade - sua normalidade - começa a imperar e testemunhamos um processo de mudança muito interessante, que o leva a questionar se ele quer realmente uma vida como a que ele vem pregando a vida toda.

Essa transformação se dá em meio a diálogos sensacionais, espertos, inteligentes e que merecem todos os elogios que vêm recebendo por aí (ganhou o Globo de Ouro de melhor roteiro, vale lembrar). Uma cena memorável é quando, na primeira demissão em dupla, Ryan pede para Natalie apenas observar mas ela acaba interropendo e criando uma enorme confusão. Ryan, super profissional, consegue convencer a pessoa sendo demitida depois de décadas de dedicação ao trabalho, que era hora dele investir naquilo que ele sempre quis fazer: cozinhar. Ryan mostra que leu o histórico da pessoa e que se importa com ela, algo que pode ser visto apesar da carapaça protetora que ele mesmo criou ao longo dos anos. Natalie percebe isso assim como nós espectadores também percebemos.

É um ótimo filme, na linha das obras anteriores de Jason Reitman.

Nota: 8,5 de 10

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

2010: Os 5 mais [atualizado]

Tenho visto muitas listas dos melhores filmes de 2010, os mais aguardados do ano. Essas listas, normalmente, têm no mínimo 10 filmes, sendo que já vi de 20 e até mais. Não gosto de fazer listas pois sempre fica alguma coisa de fora mas resolvi tentar. No entanto, me limitei a escolher 5 filmes apenas, uma tarefa árdua, diga-se de passagem. Seriam os filmes que eu veria em 2010 se eu só pudesse ir ao cinema 5 vezes. A escolha é minha, com base nos meus gostos e creio que não coincidirá com o de muita gente mas é para isso que serve a discussão.

Antes de começar, duas premissas básicas.

Não vale escolher filmes de 2009 ou de antes que ainda não tenham estreado no Brasil. Estou falando de 5 filmes que foram ou serão lançados em seus respectivos países de origem (basicamente os Estados Unidos pois é difícil conseguir lista de filmes não americanos com datas de estréia e tudo mais) em 2010 apenas. Por exemplo, quero muito ver The Lovely Bones de Peter Jackson mas, tecnicamente, ele estreou em dezembro nos Estados Unidos, apenas expandindo o circuito em 2010. Assim, esse está fora.

Da mesma forma, retirei continuações da lista. Já chega de continuações. Algumas refilmagens, ok, vá lá. Mas esse negócio de fazer de todo filme uma "trilogia" já perdeu a graça. Assim, ficam de fora filmes como Iron Man 2, Toy Story 3, Harry Potter 7.1 (esse não entraria mesmo na lista pois não aturo esses filmes), Wall Street: Money Never Sleeps e Tron Legacy. Não é que não queira ver alguns deles mas é que regras são regras.

Faço ressalva, apenas, para as datas de estréia nos EUA e especialmente no Brasil pois, como todos sabem, elas podem mudar.

Vamos lá, na ordem de preferência, sendo o 5 o que menos quero ver dentro dos que mais quero ver:

5. The Expendables (Os Mercenários) - 13 de agosto nos EUA e setembro no Brasil


Stallone dirigindo ele mesmo, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Mickey Rourke, Bruce Willis, Danny Trejo, Dolph Lundgren e Arnold Schwarzenegger? Pode contar comigo, especialmente com uma trama bem idiota do tipo "um grupo de mercenários tem que derrubar o ditador de uma republiqueta na América do Sul", com filmagens no melhor estilo anos 80 (muita coisa feita no Brasil) para homenagear todo esse grupo de ícones da época dos filmes mas descerebrados do mundo (Comando para Matar, Cobra, Rambo, Soldado Universal e por aí vai). Só faltou arregimentar Chuck Norris e Jean Claude Van Dame para o elenco!

4. Inception (A Origem) - 16 de julho nos EUA e 06 de agosto no Brasil



Christopher Nolan dirige esse seu filme "entre Batmans". Assim como ele fez The Prestige entre Batman Begins e The Dark Knight, ele está fazendo Inception entre The Dark Knight e seja lá o nome da parte 3 dos filmes do morcegão. De toda forma, tendo em seu currículo esses filmes e mais Memento e Insomnia, Nolan já se solidificou como um dos melhores diretores da atualidade. Soma-se a isso Leonardo DiCaprio no papel principal e um roteiro misterioso cuja trama está sendo mantida a sete chaves mas que é algo que se passa na mente das pessoas, em um mundo em que é possível entrar em sonhos (pelo menos é o que tem sido dito). Acho que temos a fórmula de muito divertimento com um "que" de filme cerebral.

3. Alice in Wonderland (Alice no País das Maravilhas) - 05 de março nos EUA e 16 de abril no Brasil


Tim Burton dirigindo e Johnny Depp atuando em um filme com visual bem radical (vejam o Chapeleiro Maluco acima), baseado em uma obra prima da literatura. Todas as vezes que tivemos a combinação de Burton e Depp em um mesmo filme, o resultado foi assombroso (vide Edward Scissorhands, Ed Wood, Sleepy Hollow e Sweeney Todd - não menciono Charlie and the Chocolate Factory pois não vi e não quero ver já que o original me dá pesadelos...). Assim, eu realmente não espero menos de Alice.

2. Clash of the Titans (Fúria de Titãs) - 26 de março nos EUA e 02 de abril no Brasil


Sou um fã ardoroso do Fúria de Titãs (Clash of the Titans) original de 1981. Para se ter uma idéia do grau que gosto do filme, minha filha mais velha tem hoje 7 anos mas com 5 ela já torcia por Perseus, tinha medo de Calibos e adorava o simpático Bubo (quem não viu o filme, vá já para a locadora). O original foi, talvez, o mais impressionante trabalho do rei do stop motion Ray Harryhausen, que tive o prazer de conhecer e cumprimentar um dia no estúdio da Warner Bros. Assim, fiquei receoso quando soube da refilmagem dirigida por Louis Leterrier (diretor do bom The Incredible Hulk) e estrelada pelo atualmente onipresente Sam Worthington (o Jake Sully de Avatar). Já não gosto muito de refilmagens e esse é um dos meus filmes oitentistas preferidos. Mas aí eu vi os trailers com os escorpiões gigantes, a Medusa e o Kraken e eu pensei para mim mesmo: "ah, que se dane, vai ser muito maneiro!"

1. Kick-Ass - 16 de abril nos EUA e [atualizado] 11 de junho no Brasil


Guardadas as devidas proporções, Kick-Ass será o Watchmen de 2010. É um filme difícil de "vender", baseado em estória em quadrinhos de super heróis sem poderes, extremamente violenta, politicamente incorreta e com uniformes esquisitos. O criador é Mark Millar, um dos nomes mais quentes dos quadrinhos atuais, responsáveis por séries da Marvel que ajudaram a editora a alcançar o excelente nível de vendas que tem hoje. Ele não encontrava nenhum estúdio para fazer esse filme e resolver juntar uma grana e produzir ele mesmo. Contratou Matthew Vaughan para dirigir, arrumou Nicholas Cage para fazer Big Daddy e um monte de adolescentes para fazer os outros pseudo-heróis e mandou ver. Depois, mostrou o que tinha feito na Comic-Con de 2009 e, a partir daí, vários estúdios começaram uma pequena guerra para comprar os direitos do filme. Ganhou a Lionsgate e, pelo que li e vi por aí, teremos muito sangue e violência em um filme completamente sem cérebro. De toda forma, paciência se o nerd dentro de mim está desesperado para ver como ficará o filme (até parei de ler os quadrinhos para evitar as comparações...).

Correndo por fora:

Esses são os filmes que não se encaixaram na minha shortlist mas que tenho muita vontade de ver:

- Shutter Island (19 de fevereiro nos EUA e 05 de março no Brasil) - DiCaprio dirigido por Martin Scorcese. Thriller psicológico ambientado em manicômio. Não tem erro.

- Frozen (05 de fevereiro nos EUA mas sem data no Brasil) - Filme de terror em que um grupo de jovens fica preso pendurado em um teleférico de uma estação de esqui. Não sei se dá uma estória de 90 minutos mas fiquei curioso por esse filme independente.

- Jonah Hex (18 de junho nos EUA e 25 de junho no Brasil) - Filme de cowboy com tons sobrenaturais baseado em estória em quadrinhos clássica da DC Comics. Mas a razão de estar na lista é que Megan Fox está no filme. Precisa de mais alguma coisa?

- Edge of Darkness (29 de janeiro nos EUA e no Brasil) - Mel Gibson de volta à fórmula de filme de policial e vingança. E, ainda por cima, dirigido por Martin Campbell, que nos trouxe The Mask of Zorro e Casino Royale. Vai ser divertido.

- The Green Hornet (22 de dezembro nos EUA e sem data no Brasil) - Michel Gondry, de Be Kind Rewind, dirige Seth Rogen de Zack and Miri Make a Porno (Pagando Bem, Que Mal Tem?) no papel do Besouro Verde. A combinação promete!

É isso aí.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Golden Globes 2010 - o que aconteceu?


Ontem à noite tivemos a 67ª cerimônia de entrega dos Golden Globes. Essa cerimônia costuma ser considerada um termômetro para o Oscar mas eu nunca realmente entendi o porquê. A premiação do Oscar se origina de votação de milhares de membros da Academia (Academy of Motion Pictures Arts and Sciences), dentre atores, diretores, produtores, roteiristas e tudo mais. Os Golden Globes têm a premiação decidida por uns 100 membros da imprensa não americana (The Hollywood Foreign Press Association - HFPA). Uma coisa não tem absolutamente nenhuma relação com a outra.

Assim, nunca fui lá muito fã dos Golden Globes, apesar de sempre ter adorado o Oscar que, reconheço, também perdeu sua importância. De toda forma, a cerimônia de ontem foi meio ridícula. Os premiados estão nessa lista aqui.

Alguns comentários:

- Não consigo entender a razão de separar filmes em duas categorias "Drama" e "Comédia ou Musical". Como assim "Comédia ou Musical". Um exclui o outro? E uma comédia também não pode ser um drama? E um drama não pode ser um musical e, ainda por cima, ser uma comédia? Exemplo claro: Robert Downey Jr. ganhou o prêmio de melhor ator de "Comédia e Musical" por sua atuação em Sherlock Holmes. Sinto muito mas Sherlock Holmes NÃO é uma comédia. Comédia é essa divisão sem sentido. Aliás, nem comédia é. É uma tragicomédia...

- Avatar ganhando melhor filme ("Drama") e melhor direção? Ok, eu entendo que o filme esteja fazendo rios, ou melhor, oceanos de dinheiro. Reconheço, também, que achei o filme sensacional. No entanto, daí a ganhar melhor filme e direção é demais. Especialmente concorrendo com Inglorious Basterds, a obra-prima de Quentin Tarantino. Afinal, achava, sinceramente, que essas premiações eram premiações da 7ª Arte e não do dinheiro que a 7ª Arte faz. Um filme não pode ganhar por que está na moda ou por que fez (ou está fazendo) muita grana. Sim, claro, isso pode acontecer. Há obras primas oscarizadas que também fazem muito dinheiro (...E o Vento Levou me vem à mente imediatamente) mas tenho para mim que a escolha de Avatar, nesse momento, se deu unicamente por modismo. Se houvesse uma premiação de "Filme Espetáculo Para Mostrar Que O Cinema Não Morreu", então ele deveria ganhar essa premiação.

- Se Beber Não Case (The Hangover) ganhando melhor filme "Comédia ou Musical". Bem, pelo menos eles acertaram no gênero. E vejam que não estou criticando negativamente The Hangover. Foi, sem dúvida, a melhor comédia de 2009. Mas um filme é mais que a soma de suas piadas. Há que se levar em consideração a fotografia, a direção, a atuação e não só as piadas. Mais uma vez a prova que, pelo menos esse ano, a HFPA escolheu não os melhores mas os mais rentáveis.

Bom, de toda forma, fiquei feliz com a vitória de Robert Downey Jr. e de Jeff Bridges como melhores atores de Comédia ou Musical e Drama respectivamente. Jeff "The Dude" Bridges foi aplaudido de pé. Gostei também da escolha da melhor série dramática - Mad Men - e do melhor ator de série dramática, o excelente Michael C. Hall, de Dexter, aqui e aqui. Alec Baldwin também mereceu o prêmio de melhor ator de "Comédia ou Musical" por seu papel de Jack Donaghy em 30 Rock.

As vitórias de Up como melhor filme de animação (e, de rebarba, trilha sonora) e de Christopher Waltz como melhor coadjuvante no papel do Coronel Hans Landa em Inglorious Basterds eram duas barbadas absolutas das quais a HFPA não podia escapar, sob pena de cometer enormes injustiças.

E The Hurt Locker, hein? Filme pequeno, com lançamento mirrado nos Estados Unidos mas que veio crescendo no gosto dos críticos e arrebatando prêmios e indicações aos borbotões? Pois é, ignoraram solenemente. Uma pena. Teria sido mais interessante uma vitória desse filme sobre Avatar do que o que aconteceu, ainda que minha preferência efetivamente fique com Tarantino, sempre esquecido nas grandes premiações.

Bom, o negócio, agora, é esperar pelo Oscar e ver se a Academia conserta ao menos parcialmente os erros da HFPA.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Crítica de videogame: Resistance 2



Não tem muito tempo eu joguei Resistance: Fall of Man e fiz meus comentários aqui. O jogo é de 2007, lançado  junto com o console PS3 e, como quem leu a crítica percebeu, eu gostei muito. Não resisti, claro, e comprei Resistance 2, a inevitável continuação, lançada em novembro de 2008. Sei que continuo atrasado com videogames mas é que meu tempo é bem limitado e, sinceramente, não estou com muita pressa.

Para quem não sabe, o primeiro Resistance se passa mais ou menos durante a 2ª Guerra Mundial mas os inimigos não são os nazistas mas sim monstros estranhíssimos chamados coletivamente de Chimera, originados de um vírus que se espalhou pela Europa. Você é Nathan, soldado americano, último sobrevivente de sua unidade na Inglaterra. Você é infectado com o vírus mas, claro, no lugar de virar um monstro, fica com poderes de regeneração rápida e mais forte, tudo para justificar sua capacidade de dizimar bichos feios pelo caminho.

Ao final de Resistance, Nathan é levado por um helicóptero para local incerto, por força militar misteriosa. Resistance 2 abre exatamente onde o primeiro acabou, com Nathan chegando à Islândia e já saindo na paulada com os monstros. Nathan, então, é atingido e acaba acordando tempos depois, nos Estados Unidos já destruídos pela Chimera. Ele parte, então, para, você adivinhou, destruir mais monstros!

Bom, como vocês podem ver, Resistance 2 tem uma novidade: deslocou a ação da Inglaterra para os Estados Unidos. Além disso, agora o jogo tem rumble, função que foi abolida do primeiro jogo pois a Sony, não sei por que, eliminou essa característica do controle de lançamento do PS3. Voltou atrás rapidinho. O HUD (Heads Up Display) de Nathan ficou também mais simplificado em que sua saúde não tem um marcador mas sim uma vermelhidão contínua da tela até a morte. É uma espécie de íris que vai tornando a visão mais turva e vermelha na medida em que Nathan é atingido, além de indicar de que lado vêm os tiros. Dá um aspecto mais realista ao jogo em primeira pessoa, elimina a necessidade de prestar atenção em algum canto da tela mas exige tempo para se familiarizar com isso. Depois eu descobri que ao menos o Call of Duty 4: Modern Warfare (que acabei de jogar e comentarei em breve) tem a mesma característica.

Acontece que as novidades de Resistance 2 acabam por aí. O jogo é, basicamente, exatamente a mesma coisa que sua primeira versão. Não que isso seja ruim pois adorei o primeiro jogo mas não entendi exatamente o porquê de não introduzir novidades interessantes. Ah, tem uma novidade sim: enquanto no primeiro jogo, Nathan podia carregar um monte de armas ao mesmo tempo, agora ele só pode carregar duas, exigindo do jogador uma certa capacidade de escolher a arma certa no momento certo. Mas essa habilidade é aprendida rapidamente pois a arma certa aparece aos borbotões, magicamente, no local certo, na hora certa. Não tem muita dificuldade nisso e essa é mais uma razão de eu não ter entendio a novidade.

As armas são pequenas variações das armas do primeiro jogo, valendo destaque para duas. A Auger, que tinha no primeiro jogo, é uma arma cujos tiros atravessam paredes. Na primeira versão, ela apenas indicava, na mira, que se tornava vermelha, se havia inimigos do outro lado. Agora, na versão mais moderna, nós podemos efetivamente ver os inimigos, em uma espécie de visão de raio-x. Muito melhor! A outra arma bacana é a HVAP Wraith. O legal dela é que ela me fez sentir como aquele cara no filme Predator (o original com Arnold Schwarzenegger) que carrega aquela metralhadora de helicóptero e destrói tudo que vê pela frente.

Outra coisa boa em Resistance 2 é que as batalhas são mais intensas, com mais inimigos vindo que nem uma inundação (ficando bem interessante usar a HVAP). Mas, em compensação, a Insomniac (que desenvolveu o jogo para a Sony) retirou a capacidade de se utilizar veículos, uma das coisa mais interessantes do primeiro jogo. Eu sinceramente esperava mais e novos veículos mas, no lugar, fiquei com menos armas e NENHUM veículo sequer. Realmente não entendi. Por último, a estória, que já é pouca, faz muito pouco sentido em Resistance 2, talvez por que a Insomniac tenha retirado a narradora que havia no primeiro jogo. Não que a estória seja tão importante assim mas é sempre um charme a mais, bastando lembrar, para isso, o jogo do Batman.

Assim, um jogo que podia ter ultrapassado o original, ficou um pouco mais fraco. Não que isso seja o fim do mundo mas que foi uma oportunidade desperdiçada, ah isso foi...

Nota: 7,5 de 10

sábado, 9 de janeiro de 2010

Crítica de filme: Sherlock Holmes



Eu gosto da atuação de Robert Downey Jr. desde que vi Less Than Zero há muito, muito tempo (1987!). Ele teve altos e baixos em sua vida, sendo que os baixos foram extremamente baixos, mais ou menos na linha de seu personagem Julian no filme que mencionei.

De tempos para cá, porém, o ator foi se encaixando em projetos excelentes como Kiss Kiss Bang Bang, A Scanner Darkly, Zodiac e outros. Mas a consagração veio mesmo com seu papel de Tony Stark em Iron Man. Era um filme de um personagem mais ou menos desconhecido da Marvel - pelo menos para o público em geral - mas que ele soube encarnar perfeitamente, agradando a fãs dos quadrinhos e também a quem nunca nem tinha ouvido falar no Homem de Ferro. A frase final do filme - "Eu sou o Homem de Ferro!" - não podia ser mais perfeita para esse grande ator.

Agora, Robert Downey Jr. pode se gabar de ser um dos poucos que, simultaneamente, tem na mão duas franquias de peso. Assim como ele é o Homem de Ferro, ele igualmente é Sherlock Holmes, pelo menos nessa encarnação "modernosa" dirigida por Guy Ritchie.

Acho que todo mundo deve saber que Guy Ritchie é o diretor de pérolas muito divertidas tais como Lock, Stock and Two Smoking Barrels, Snatch e RocknRolla. Esses filmes, mistos de filmes de gângster e comédias, são muito divertidos e bem claramente no "estilo Guy Ritchie". Ele é inconfundível, diria até repetitivo mas, pelo menos, tem personalidade.

Sherlock Holmes, esse novo, tem a cara de Guy Ritchie. É simplesmente o que acontece quando dão muito dinheiro a esse diretor e determinam que o filme tem que ser leve, para todas as idades. Nessa sinuca de bico, Guy Ritchie fez o que pôde e saiu para dirigir um Sherlock Holmes sem ser o Sherlock Holmes que conhecemos de longa data.

O Holmes que conhecemos é aquele detetive sisudo, arrogante, fumando um cachimbo sinuoso, vestindo um sobretudo quadriculado sobre o ombro e um chapéu da mesma cor e tecido que o sobretudo. Além disso, ele é aquele cara que volta e meia diz "Elementar, meu caro Watson". Watson, por sua vez, é o fiel escudeiro de Holmes, um homem gordinho (ou gordo mesmo), às vezes de bigode, médico e meio atrapalhado.

O que fez Guy Ritchie? Apoiando-se em roteiro que mais se preocupa em transformar Sherlock Holmes em um Jason Bourne do século XIX (mas um Jason Bourne engraçado, espirituoso, devo deixar claro), Ritchie criou um novo personagem que apenas em algumas passagens faz lembrar o personagem clássico. Nada de sobretudo, nada de chapéu, nada de cachimbo sinuoso (só um normal). Os livros de Sir Arthur Conan Doyle não contém o Holmes clássico dos filmes assim como não contém o que agora vemos na tela. Assim, qualquer coisa vale. Mas que é estranho ver Holmes repaginado para o gosto do século XXI, ah isso é.

De toda forma, como era de se esperar, Robert Downey Jr. tirou o personagem de letra, acrescentando humanidade às qualidade inumanas de Holmes. Ritchie ajudou imprimindo seu estilo nos cortes rápidos, câmeras lentas sensacionais e flashbacks dinâmicos. É muito bacana, por exemplo, ver Holmes antecipando em sua mente os golpes de uma briga, vendo-os em câmera lenta em sua mente e, depois, "em tempo real". Só Ritchie mesmo para bolar essa.

Outra ótima jogada foi a escalação de Jude Law no papel do Dr. John Watson. Nada de um Watson gordinho e atrapalhado. Vemos um homem tão inteligente em sua especialidade quanto Holmes na dele. Além disso, vemos claramente um ex-soldado, como nos livros. A dinâmica entre os dois é perfeita, ainda que, de certa forma, eles formem uma dupla intercambiável pois, para mim, seria perfeitamente possível, em qualquer cena, trocar Robert Downey Jr. por Jude Law e vice-versa. Em determinadas cenas - e acho que isso foi algo que Ritchie fez de caso pensado - há fortes insinuações homossexuais entre os dois amigos que ficam o tempo todo no maior "bromance".

Os defeitos do filme? Bem, além de ser meio estranho ver Holmes completamente alterado (mas essa foi a intenção do filme, não sendo razoável julgá-lo por isso), há o uso exagerado de computação gráfica para fazer a Londres do final do século XIX. Em tempos de Avatar, meu patamar de qualidade de CGI mudou e Holmes está bem aquém do padrão que hoje se exige. Não é ruim mas é que a cidade está meticulosamente suja, cuidadosamente desarrumada, detalhadamente enfumaçada. Além disso, dá para ver que Guy Ritchie trabalhou sob as ordens expressas da Warner ao criar algo feito especialmente para virar uma franquia, até mesmo com um final descaradamente forçando uma continuação. Só faltou um "to be continued" ao final do filme. Aliás, sobre esse ponto, a trama paralela envolvendo um ex-caso de Holmes, Irene Adler (Rachel McAdams) para forçar o tal final aberto é artificial e desnecessária, meio desconexa em relação ao resto do filme.

Esqueci de falar sobre a estória. Holmes começa o filme terminando com a farra assassina de Lorde Blackwood (Mark Strong). Blackwood, um verdadeiro feiticeiro em pleno ritual de magia negra, vai preso mas logo depois ressucita para tocar o terror em Londres. Cabe a Holmes e a um relutante Watson (já que vai casar) tentar resolver o problema. A trama é exageradamente complicada e cheia de voltas e aí vem mais um defeito do filme: ela é explicada, tintin por tintin por Holmes, com o uso de flashbacks didáticos para um público imbecil. Nada fica para a dúvida e a falta de uma "zona cinzenta" é, sinceramente, bem irritante.

Um detalhe interessante. Ainda que o personagem Sherlock Holmes, nos livros, se depare com tramas sobrenaturais, a última adaptação cinematográfica que me lembro dele é o excelente Young Sherlock Holmes de 1985, dirigido por Barry Levinson. Lá, descobrimos como Holmes e Watson se conhecem e sua primeira investigação é exatamente sobre um mestre da magia negra que sacrifica belas damas em rituais macabros. Da mesma forma que a versão de agora, a versão de 1985 não apresenta o Professor Moriarty (o arquiinimigo de Holmes nos livros) como inimigo principal, ainda que sua "sombra" sempre esteja por lá. Coincidência?

Sherlock Holmes é um ótimo filme genérico de ação, no estilo de Guy Ritchie. Ele nos permite ver Robert Downey Jr. se divertindo em sua atuação e um vislumbre da genialidade do personagem que é Holmes (a cena em que ele examina a noiva de Watson é impagável). Mas o filme tropeça algumas vezes, não sendo mais que um bom divertimento passageiro.

Nota: 7 de 10

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Comentário: Avatar - a segunda vez


Vi Avatar novamente, dessa vez uma cópia dublada 3D. Juntei um monte de desculpas menores que 8 anos que estavam doidas para ver o filme, e me deleitei, avisando todo mundo que ninguém poderia se levantar para ir ao banheiro no meio do filme...

Bom, considerando que em sua segunda semana a bilheteria americana de Avatar reduziu apenas 2% algo que nunca tinha visto (geralmente uma redução de menos de 50% é comemorada pelos estúdios) e considerando que a sessão que vi hoje estava lotada, acho que temos mais um super sucesso de James Cameron. Até ontem, último dia de 2009, o filme já acumulava mais de 760 milhões mundialmente, um feito impressionante para um filme de 2h40'. Não teremos bilheteria no nível de Titanic - acho que isso nunca mais vai acontecer - mas creio que a Fox chegará próximo do 1 bilhão, isso se não quebrar essa barreira, considerando que o começo de janeiro é época de pouca concorrência nos cinemas.

Coisas que eu notei na segunda visita:

- As feições dos Na'vi são incrivelmente perfeitas. Ainda que não seja o caso nesse filme, creio que, com a tecnologia desenvolvida, já daria para alguém concorrer ao Oscar de melhor ator ou atriz só com um personagem 100% digital. Seria um feito e tanto;

- As montanhas voadoras de Pandora são esquisitas. Alguma força gravitacional as faz flutuar mas as cachoeiras que correm delas caem para baixo e não para cima, como seria de se esperar pela lógica. Mas, mesmo assim, a prirmeira visão das montanhas é mesmo de cair o queixo;

- As armaduras manipuladas pelos humanos são sensacionais, uma perfeita evolução natural do Power Loader de Aliens, criado pelo próprio James Cameron;

- As fotografias na porta da geladeira da estação remota da Dra. Grace Augustine são elas próprias em 3D (tecnologia, aliás, já existente e disponível em câmeras comuns - só não sei se as fotos ficam boas);

- Essa foi um amigo que pegou e acabei de conferir (veja na foto acima): enquanto os Na'vi têm 4 dedos nas mãos, os clones humanos com Na'vi têm 5 dedos. O detalhe é muito interessante e faz todo sentido;

- O Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang, dono também de um ótimo papel em Public Enemies) é um vilão unidimensional (ou seja, é 100% mal) mas ele é bacana demais para o destino que o filme dá. Espero que, em Avatar 2, ele esteja de volta!

Quem não viu Avatar ainda, não posso recomendar mais do que já recomendei. Como disse, é uma experiência cinematográfica sensacional, especialmente em 3D. Acho que vou dar um pulo no cinema novamente antes do filme sair de cartaz... A desculpa que posso usar é científica: não vi o filme em 2D para fazer a comparação...