terça-feira, 28 de outubro de 2008

Crítica de filme: Changeling (A Troca)

Triste pois parti de Los Angeles sem ver o novo filme dirigido por Clint Eastwood, que havia estreado no dia 24 em circuito limitado, cheguei em San Francisco e logo procurei saber se havia uma cópia por lá. Apesar de circuito limitado normalmente significar Nova Iorque e Los Angeles apenas, tive sorte que Changeling também estava passado em uma tela solitária em uma das cidades mais belas dos Estados Unidos.

Parti para o cinema esperando encontrar aquilo que achei dos últimos quatro filmes da batuta de Eastwood (Mystic River, Million Dollar Baby, Flags of our Fathers and Letter from Iwo Jima): primores de direção mas filmes deprimentes demais para eu realmente gostar. Vejam bem, Eastwood provou-se um dos maiores diretores vivos mas os filmes dele não fizeram aquele "clique" comigo. É uma questão de gosto apenas. Assim, tinha certeza que Changeling seria a mesma coisa.

E foi mais ou menos. Mas deixa eu explicar bem: o filme é tão deprimente como os outros quatro, a direção é sensacionalmente brilhante como os demais mas Changeling está, como os americanos dizem, "on a league of its own". Talvez junto com The Unforgiven, do mesmo diretor.

Changeling é ambientado na Los Angeles de 1928, quando o filho de uma mãe solteira trabalhadora (Angelina Jolie vivendo Christine Collins) desaparece sem qualquer explicação. O desespero e a recusa de esquecer o filho ao longo de 5 meses é retribuído com a maravilhosa notícia que o garoto foi achado e está chegando de trem. A polícia de Los Angeles havia feito um excelente trabalho investigativo. Acontece que, no momento em que o garoto sai do trem, a mãe diz que ele não é seu filho. Ela tem certeza disso, afinal, ela é mãe. A polícia, porém, tem certeza também que aquele é o filho dela. Laudos médicos são produzidos nesse sentido. É óbvio que a histeria da mãe tem relação com seu desespero ao longo de 5 meses. O mistério se prolonga e eu não posso dizer muito mais sob pena de estragar o filme.

A estória é sobre a podridão do ser humano em todos os seus sentidos e o amor de mãe, invencível e incansável. Angelina dá um show em sua interpretação. Ah, vale ainda dizer que a estória é real, o que a torna ainda mais desesperadora.

Mas o show mesmo é a direção de Eastwood. Esse senhor em avançada idade (78 anos!!!) dirige com um força e certeza que são raros de ser encontradas em outros diretores de hoje. Ele fez tudo em detalhes desde a escolha da paleta de cores que mostra o estado de espírito do filme até a trilha sonora que ele mesmo escreveu. Sua ambientação de Los Angeles na década de 20 é algo inacreditável. Cada detalhe, cada esquina parecem vivos como se tivessem sido filmados em locação. Para se ter uma idéia, a cena final, que mostra um cruzamento da cidade ao longo de vários minutos durante os créditos é, por si só, um tour de force maravilhoso, sem qualquer repetição de cena.

Definitivamente, Eastwood está no ponto mais alto de sua carreira. Seu próximo filme, Gran Torino, promete também ser muito interessante, pois é a estória de um veterano da guerra da Coréia (ele próprio) que vive em um bairro povoado de coreanos. Ele é racista e recluso. No entanto, ao ver injustiça, encarna a persona Dirty Harry e sai distribuindo bordoada. Vai ser bom ver Eastwood fazendo um cara durão novamente.

Que ele continue fazendo muitos filmes!

Nota: 9 de 10

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