domingo, 12 de abril de 2009

Crítica de Show: Kiss no Rio de Janeiro

Como banda de rock, o Kiss é um excelente empreendimento comercial.

Longe dos palcos desde 2004, o Kiss se juntou mais uma vez (ao menos Paul Stanley e Gene Simmons permanecem da formação original) para ganhar mais uns trocados tocando músicas clássicas do grupo. Nada errado com isso. O The Police, Iron Maiden e A-Ha fizeram o mesmo recentemente. 

Acontece que o Kiss eleva essa onda de "revival" à décima potência capitalizando naquilo que sabe fazer melhor: um grande show pirotécnico, tecnicamente muito bem feito e excitante mas que deixa a desejar em termos de conteúdo, especialmente se compararmos os nossos amigos maquiados com o Iron Maiden.

Aliás, essa comparação, ao mesmo tempo que é pertinente, é também injusta. Em primeiro lugar sempre fui mais fã do Iron do que do Kiss. Tenho todos os CDs da Dama de Ferro e uns 2 apenas do Kiss. Vi  cinco shows do primeiro e dois do Kiss (contando com esse comentado agora). Assim, obviamente, falo com muita parcialidade, mas opiniões são assim mesmo. 

O show do Kiss me fez apreciar ainda mais o Bruce Dickinson e sua trupe. Em dois shows em um intervalo de um ano, o Iron Maiden conseguiu equilibrar qualidade musical com pirotecnia, em um balanço perfeito. Já o Kiss tem músicas muito bacanas, de melodia cativante mas que não "lambem as botas" das músicas do Iron. Kiss é mais farofa; o Iron é mais "sério". Mas os dois são ótimos representantes de sua categoria musical: o rock 'n roll. 

O grande problema do Kiss é sua extrema dependência de sua bengala. Sem ela, o Kiss não fica de pé. A bengala do grupo é uma coisa só: o espetáculo circense. Temos a maquiagem pesada, os cabelos ainda estilo "grupo de rock da década de 70", roupas brilhantes pretas com prateado, sangue falso escorrendo pela boca, saltos plataforma, baixos em formato de machado, plataformas que fazem a bateria sair voando pelo palco, muita fumaça e muitos, mas muitos fogos de artifício, quase rivalizando com o revéillon de Copacabana...

O espetáculo circense é tão exagerado que às vezes atrapalham a música. Em Detroit Rock City, por exemplo, as explosões eram tão constantes que abafavam a música. Em Rock and Roll all Nite, a chuva de papel picado era tão impressionante que era mais vistosa que o clássico sendo tocado ao fundo. 

Não me levem a mal. Eu gosto do Kiss. Sabia que iria ver algo assim até porque já havia visto um show deles que antecedeu um do Aerosmith e havia saído desse outro show achando que o Kiss havia "jantado" a turma de Steven Tyler. No entanto, foi o show na Apoteose que me fez acordar para a razão: o Kiss é a Broadway dos shows de rock. O Aerosmith, Iron Maiden e outros são off Broadway, às vezes até off-off-Broadway.

De toda forma o lado positivo do Kiss é o mesmo do que o negativo. É um showzaço, muito divertido, com som extremamente alto (alto demais até, eu diria) que empolga. Mas não é verdadeiro rock 'n roll, mas sim um aperitivo para que os fãs comprem os apetrechos que Paul Stanley e Gene Simmons (esse, então, participa de uns 3 reality shows na TV...) vendem pelo mundo afora. Quase fiquei esperando, ao fim, passarmos obrigatoriamente por uma daquelas lojinhas que têm na saída dos shows da Broadway...

Outro ponto que me irritou bastante foi as enrolações entre uma música e outra. Não estou falando dos solos, claro. Esses são necessários e foram bacanas, especialmente o de bateria. Falo das canastrices setentistas de Paul Stanley que aconteciam a cada segundo. Da próxima vez, Paul, fale menos e cante mais (mas sugiro que faça um intervalo maior entre shows pois sua voz não aguentou dois dias seguidos de show).

O set list foi impecável, basicamente o Alive inteiro (não à toa, a desculpa para a reunião do grupo foi comemorar os 35 anos desse disco). Apesar de terem tocado uma música a menos do que o show em SP (Love Gun), talvez pela pouca voz de Paul Stanley, eles mandaram ver com:

1. Deuce
2. Strutter
3. Got to Choose
4. Hotter than Hell
5. Nothin' to Lose
6. C'mon and Love Me
7. Parasite
8. She
9. Solo de Tommy Thayer
10. Watchin' you
11. 100,000 Years
12. Solo de Eric Singer
13. Cold Gin
14. Let Me Go, Rock 'n Roll
15. Black Diamond
16. Rock and Roll all Nite

Bis

17. Shout it Out Loud
18. Lick it Up
19. Won't Get Fooled Again
20. Solo de Gene Simmons
21. I Love it Loud
22. I was Made for Lovin' You
23. Detroit Rock City

Em suma, Kiss é para consumo rápido, sempre foi. Mas o apoteótico show parece ter divertido quem estava lá. 

Eu achei meio exagerado e vazio.

Nota: 6 de 10

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