Meu irmão, que vai muito pouco ao cinema, ligou-me um dia desses para perguntar se eu havia visto O Dia em que a Terra Parou. Disse para ele que o original de 1951, dirigido por Robert Wise, eu havia visto algumas vezes mas o remake que estava no cinema não e que não queria ver. Ele nem sabia que havia um "original" mas foi categórico ao afirmar que o filme era um porcaria e que não era mesmo para eu ver.
Do que eu havia ouvido falar do filme, só uma coisa se salvava: a presença da belíssima Jennifer Connely no papel da Dra. Helen Benson, que havia sido originalmente de Patricia Neal. O resto, eu sabia que não podia ser bom. O diretor, Scott Derrickson, só havia dirigido um filme digno de nota na vida, que foi The Exorcism of Emily Rose. Um filme nada brilhante mas com um tema interessante. Keanu Reeves fora de Matrix é só Keanu Reeves, totalmente dispensável. Eu sabia também que a trama havia mudado da mesma forma que a trama do remake de The Hitcher mudou em relação ao original, ou seja, só trocaram o pano de fundo da Guerra Fria pela trama ecologicamente correta. Isso e mais os efeitos especiais de hoje em dia.
Assim, meu plano era deixar esse remake passar completamente em branco em minha vida. Até, claro, eu ter me deparado com esse filme como uma das escolhas possíveis no meu mais recente vôo. Como só costumo ver na telinha do avião filmes que não tenho nenhum plano de assistir, mesmo em DVD, escolhi a maravilhosa obra acima, já sabendo o que me esperava.
E não estava enganado. O filme é completamente descartável.
Assim como no filme original, a trama conta a estória da chegada de um alienígena - Klaatu, vivido por Keanu - e seu robô (Gort) à Terra. O objetivo é ver o status da humanidade em relação ao planeta e, se for o caso, livrar a Terra da praga dos humanos. A explicação é que a Terra é um dos poucos planetas do univero capazes de sustentar vida complexa e a federação de alienígenas que Klaatu representa não pode permitir que o planeta pereça por nossos desmandos ecológicos.
É claro que Klaatu chega em NY (onde mais?) e é claro que os americanos o recebem da pior forma possível. Assim, resta à Dra. Helen Benson mostrar a Klaatu que os humanos podem sim mudar.
A estória é até razoavelmente interessante mas sua execução é sofrível. Klaatu é a versão alienígena do Múcio, aquele personagem do Jô Soares altamente influenciável que concordava com tudo. Chega o espião extra-terrestre (plantado na Terra há 60 anos) para conversar com Klaatu e relata que os humanos não têm jeito. Esse diálogo de 3 minutos é suficiente para converser Klaatu que a raça humana tem que ser aniquilada. Aí, 30 minutos depois, sem nenhuma demonstração particularmente interessante, a não ser o amor de Benson por seu enteado (vivido por Jaden Smith), Klaatu muda completamente de opinião, mesmo com todo o exército norte-americano fazendo as maiores barbaridades contra ele.
Aí, sai Klaatu para desligar Gort que, nesse momento da trama, já havia se transformado numa nuvem de nanobots gafanhotos (em uma ridiculamente óbvia alusão bíblica). Ele faz uns gestos inexplicáveis e pronto, tudo acabado. É tudo tão simples que em momento algum o filme passa aquela sensação de perigo imediato, de que algo horrível está para acontecer. Se ele passa alguma coisa é a vontade de jogar os tais gafanhotos nas casas dos produtores que estupraram o original. E olha que com um pouquinho mais de esforço eles poderiam ter feito uma refilmagem bastante interessante.
Fica aquela pergunta: se a raça de Klaatu é tão avançada, como é que ele deixou a Terra chegar ao estado que está? E mais outra pergunta: ele não poderia AJUDAR os terráqueos a melhorar, no lugar de aniquilá-los?
E o pecado capital: a frase "Klaatu Barada Nikto" não é falada no filme!!!
Façam um favor a si próprios: aluguem o original e corram desse remake.
Nota: 3 de 10 (sendo os 3 pontos integralmente em razão da presença de Jennifer Connely que bem que tenta mas fica longe de salvar o filme)
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