sábado, 11 de abril de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 13: The Treasure of the Sierra Madre (O Tesouro de Sierra Madre)


Há três anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: The Treasure of the Sierra Madre (O Tesouro de Sierra Madre)

Diretor: John Huston

Ano de lançamento: 1948

Data em que assistimos: 07.04.2009

Crítica: Sierra Madre não é uma estória sobre tesouros mas sim sobre a cobiça e como ela nos afeta. Humphrey Bogart faz o papel de Fred C. Dobbs, um cara que vive de esmolas na cidade de Tampico, México, em 1925. Logo ele encontra Bob Curtin (Tim Holt) na mesma situação e os dois se juntam para trabalhar temporariamente em uma construção. Depois de serem enganados pelo empreiteiro, Dobbs e Holt vão parar em uma estalagem bem simples, onde encontram o falastrão Howard (Walter Huston, pai do diretor) que conta sua vida de altos e baixos como garimpeiro de ouro.

Fascinados pelas estórias, Dobbs e Curtin decidem juntar todos os centavos que têm para, junto com Walter, partirem à procura do ouro. Assim como em The Maltese Falcon, o elemento principal do filme - o ouro - é um McGuffin. É apenas algo que dirige a estória. Logo os três - muito amigos - constróem toda uma estrutura no meio das montanhas de Sierra Madre para peneirarem o ouro e começam, assim, a juntar uma pequena fortuna. Com isso, logo vem a desconfiança e eles decidem, a cada final de dia, repartirem o que encontraram para cada um esconder seu quinhão dos demais. Dobbs começa a ficar paranóico, desconfiando de cada um de seus colegas.

A estória não é muito complexa. Trata-se de uma estrutura linear: homens acham ouro, homens deixam a ganância subir à cabeça, homens brigam pelo ouro. No entanto, é um filme de John Huston, um dos grandes diretores norte-americanos. Ele explora Humphrey Bogart ao máximo retirando dele o que talvez seja seu melhor papel. Dobbs é um homem frágil, que se mostra com princípios ao começo mas que, ao leve tilintar dos cifrões, se torna amoral, asqueroso. O porte físico de Bogart (que somente na época em que ele viveu poderia torná-lo um galã) ajuda muito nessa "transformação".

Os cenários e as filmagens em locação de Sierra Madre são uma estória a parte. O filme é basicamente, a estória de três homens apenas, que encontram os mais variados obstáculos na procura do ouro. No entanto, a cidade decadente de Tampico e as montanhas de Sierra Madre são outros dois personagens que não pode ser desconsiderados. Com construção minuciosa de cenários internos e o uso de externas excelentes, Huston dá vida aos dois ambientes: um é o ambiente podre, já corrompido pelos homens e o outro é o ambiente virgem, ainda a ser corrompido pelos homens. É interessante a preocupação de Walter, quando eles decidem partir das montanhas, em desmontar tudo o que eles fizeram de forma a deixar as montanhas da maneira como eles a encontraram. Isso contrasta fortemente com o que Dobbs e Curtin acham que deve ser feito mas os dois acabam concordando com seu amigo mais velho. A descida das montanhas de Sierra Madre - três homens e alguns burros cheios de sacos de ouro - é a descida ao inferno, onde os ânimos se exacerbam e as pessoas descobrem de vez seu lado negro.

É um dos melhores filmes de Huston e um dos mais belos exemplos de cinema que o sistema de estúdios de Hollywood (décadas de 40 e 50) já produziu.

Notas:

Minha: 9,5 de 10
Barada: 8 de 10
Nikto: 7 de 10

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