Gomorra, de Matteo Garrone, foi um filme muito falado ano passado, com elogios do tipo "o Poderoso Chefão" do século XXI" e coisas do gênero. Foi até cotado para concorrer a melhor filme estrangeiro na cerimônia do Oscar mas, na hora "H", foi deixado delado. O filme, italiano, trata da máfia local sem glamour, chamada Camorra (o título é uma inteligente brincadeira com esse nome e o nome da cidade decadente bíblica), no sul da Itália.
De fato, o paralelo com o Poderoso Chefão existe mas quase que como uma antítese. Gomorra não tem os fraques, mansões, carrões, muito dinheiro, Vaticano e Cuba da trilogia de Coppola. É o Poderoso Chefão da favela, do conjunto habitacional, do lixo químico e nuclear, da pobreza mas é a realidade nua e crua.
Baseado no livro homônimo do repórter Roberto Saviano, que foi jurado de morte pela Camorra e hoje vive em lugar incerto e não sabido, Gomorra se despe de qualquer sutileza para nos introduzir ao que há de pior em pleno fim da primeira década do século XXI. São 5 estórias não completamente explicadas que se tangenciam apenas mas que são capazes de mostrar os horrores da região italiana controlada pela máfia. Há brigas entre "famílias" mas não há códigos entre elas, apenas morte. Há o tráfico de drogas. Há o total desrespeito com os habitantes da região. Há a destruição do meio ambiente com aterros nada sanitários.
O maior problema do filme é que ele não nos permite aproximar de nenhum personagem ao ponto de nos preocuparmos com ele. Tanto faz se eles morrem ou vivem pois não temos nem simpatia nem antipatia por eles. Esse distanciamento, talvez proposital, também faz o filme se arrastar em sua primeira metade, pois demoramos a nos "acostumar" com os personagens. No entanto, ele melhora bastante na segunda parte mas acaba muito de repente.
Pena que a máfica continue.
Nota: 7 de 10
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