terça-feira, 30 de novembro de 2010

Crítica de filme: Scott Pilgrim VS. The World (Scott Pilgrim Contra o Mundo)

Sei que serei ameaçado de morte pelos irredutíveis defensores de Scott Pilgrim que veneram esse filme mais do que qualquer outro filme já feito na história do cinema, mas tenho que dizer: o filme não é isso tudo. Não é que o filme seja ruim – longe disso - ele apenas não deve ser visto como a obra-prima cinematográfica que dizem que é.

Baseado em uma coleção de seis volumes de estórias em quadrinhos escritas por Bryan Lee O’Malley entre 2004 e 2010, o filme Scott Pilgrim é uma sucessão de onomatopeias voando na tela muito na linha do Batman dos anos 60, transições cool e roteiro fortemente calcado na cultura pop/nerd. Na verdade, quando digo uma sucessão desses elementos, acho que estou sendo comedido.

Scott Pilgrim, para ser sincero, é básica e unicamente composto dessa insana sucessão de elementos. É um bombardeio tão grande da mesma “ideia bacana” que tudo logo se torna repetitivo, cansativo mesmo.

O filme conta a estória de Scott Pilgrim (Michael Cera), o baixista nerd de uma banda de fundo de garagem com o divertido nome Sex Bob-omb que, para namorar a estranha Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), precisa derrotar a Liga dos Ex-Namorados do Mal (minha tradução livre para League of Evil Exes), composta por sete ex-namorados da menina.

A amalucada premissa é muito bacana e sua execução em estilo videogame, em clara e divertida homenagem aos games de 8 bits e ao mundo da cultura pop em geral. Daí vem as onomatopeias que mencionei, onipresentes por todo o filme. Nessa mesma linha, justificam-se os ousados cortes temporais.

Mas acontece que são sete namorados. Sete lutas. Sete cenários diferentes, como se fossem  sete fases de um jogo eletrônico. Dentre a lista de inimigos, temos atores como Brandon Routh (o mais recente Superman, no papel de Todd Ingram), Chris Evans (o Tocha Humana e o vindouro Capitão América, no papel de Lucas Lee) e Jason Schwartzman (da série Bored to Death como Gideon Graves). As lutas vão se repetindo, cada vez mais exageradas, mas sem grande originalidade, tornando-se, para o meu gosto, um tanto cansativas já depois da segunda vez.

Devo dizer que a escolha dos vários atores para fazer os ex-namorados de Ramona foi inspirada, assim como a própria Mary Elizabeth Winstead como Ramona. A menina tem um charme irresistível. Mas a taça de melhor ator e personagem nesse filme fica mesmo com Kieran Culkin como Wallace Wells, o amigo abertamente gay que divide o apartamento com Scott. Atuação hilária e personagem muito bem bolado.

Já Michael Cera, o que dizer? Ele quase, por um milímetro mesmo, não estraga o filme. O ator fez Superbad e se congelou nesse papel. Ele o repetiu com bom efeito em Juno mas, daí em diante, esmerou-se em repetir-se toda vez que se colocava em frente à câmera. Em Scott Pilgrim ele é Michael Cera, não Scott, o que torna o personagem quase que detestável. Fica difícil abstrair-se do ator e entrar no personagem quando isso acontece. Até mesmo Chris Evans que não é um grande ator e também faz um personagem fortemente caricato em Scott Pilgrim está melhor que Cera. Jesse Eisenberg de A Rede Social talvez se saísse melhor nesse papel.

Eu acho que entendi o que o diretor Edgar Wright (também co-roteirista) quis fazer com o filme mas o problema é exatamente esse: ele deixa sua ideia de tratamento/celebração – mas crítica também - da cultura pop abundantemente clara. Ele repete os mesmos motivos e as mesmas ideias seguidas vezes, sem inovar. Sei, também, que os quadrinhos são assim mas uma coisa que sempre tento fazer as pessoas entenderem é que quadrinhos são quadrinhos e filmes são filmes. Normalmente, a transição quase que integral de quadrinhos para a tela do cinema (ou de livros, por sinal) não funciona. O roteiro, por sua vez, foca uns 40 minutos na namorada atual de Scott, uma adolescente de 17 anos. Passado todo esse tempo, que demora, o filme então liga o turbo e acelera a velocidades vertiginosas com os tais CRASH! BOOM! BANG! por todo o lado, quase levando todo mundo a ter ataques epilépticos. Esperava mais de Edgar Wright, já que ele nos trouxe os ótimos Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso.

Mas, para a galera jovem, vidrada em videogames e que adoraram os quadrinhos, Scott Pilgrim é um filme perfeito e entendo a idolatria que mencionei no começo. Tenho certeza que o filme virará um clássico cult em pouco tempo mas, no meu livro, Scott Pilgrim é diversão passageira, apenas com alguns lampejos de brilhantismo.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Box Office Mojo.

Nota: 7 de 10

3 comentários:

  1. Concordo que o protagonista tem atitudes interessantes e é interpretado pifiamente, mas a repetição de elementos em Scott Pilgrim, como você mesmo lembra, atende à demanda dos nerds, jogadores de videogame e público juvenil tal qual critica a repetição nessas mídias a que seu público aceita ser submetido.

    A estética do filme é por si só excitante(Bem, é meio óvio. O storyline é difícil de tragar). Contudo, ela e o storyline são complementos do protagonista. O andamento lento em se livrar da ex dele simplesmente reflete sua personalidade.

    Pilgrim é um acomodado para quem a vida não passa de videogame. Logo, sua ex é como uma fase da qual ele demora a passar. Bem lentinho esse cara, né?
    À medida que ele se aproxima de sua hombridade (Ramona), ele ganha impulso. Dispensa seus amigos mais fúteis e um sonho que não era dele. Encontra sua razão de viver (bem tarde por sinal).

    Lembra a jornada de Lester em "Beleza Americana" em busca de um novo capítulo para sua vida. Infelizmente, o último.
    Mas o ponto é que o andamento lento até a metade serve para fazer o personagem funcionar. Todos ali existem em função de Scott.

    Talvez por isso você tenha desanimado. Também não gostei de Michael Cera no papel.
    Assim como todo esse esforço pelo protagonista fez o filme valer a pena.


    Felipe

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  2. Não acho q a atuação de Michael foi repetitiva posso afirmar q interpretou mt bem scott pilgrim já que li 2 hq da série e o cara que é o Lucas Lee já vi alguns filmes dele ele é ben eclético sabe interpretar mt bem cada papel.Já o filme ñ foca tanto tempo na ex de pilgrim somente nos primeiros 10 minutos se bem q 2 desses 10 mnts são créditos iniciais,
    E as lutas ñ são repetitivas tem luta com dublês d um ator,batalha de baixo,a luta das meninas,e a luta final q é f*** .Não sou fã de quadrinhos só li turma da Mônica rs.E li a série pilgrim pq vi o filme e achei legal e videogame n curto mt .
    Sei lá cada um com sua opinião mas na minha vc é o crítico (ops.metido a crítico),mas ñ vejo defeitos nesse filme pelo mns ñ tantos, e as atuações pra mim foram todas boas já q todos são excelentes atores mas respeito cada opinião né ,pra mim é um filme bem bolado c ação e uma comédia para lá de boa!
    Bjs!!!valeu pela a crítica espero q tenha gostado d minha kkk.

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  3. O principal defeito do filme é o protagonista. Estou convencido disso. Michael Cera só sabe interpretar nerds perdedores e Scott Pilgrim não é um nerd perdedor mas um jovem preguiçoso e mulherengo. O ator não consegue refletir o personagem e isso é terrível.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."