Crítica de filme: Megamind (Megamente)

A DreamWorks não para de lançar desenhos em computação gráfica. Megamente é o terceiro deles só em 2010, depois de Como Treinar Seu Dragão e Shrek Para Sempre. Um feito impressionante por si só.

Infelizmente, porém, a DreamWorks não é a Pixar. Imaginem a DreamWorks como uma fábrica com linha de produção em massa: produtos simples em quantidade que às vezes estão acima da média. A Pixar, por outro lado, é aquela loja de artesanato manual, produzindo poucos produtos, mas todos de extrema qualidade. Apesar de Como Treinar Seu Dragão ter sido excelente, Shrek 4 e, agora, Megamente, são bem fracos.

Megamente começa parodiando Superman, continua parodiando Superman e acaba parodiando Superman. É um filme de uma nota só, com duas ou três gags interessantes, mas nenhuma delas realmente engraçadas. O héroi (na verdade vilão de coração mole) do filme é o personagem título que é salvo de seu planeta em destruição por seus pais. Viajando em um foguete em direção à Terra, o bebê azul com um cabeção desproporcional já dá de cara com outra nave com outro bebê, esse lindo e fofinho. O bebê azul acaba caindo em uma penitenciária e é cuidado, claro, pelos detentos enquanto que o bebê fofinho cai em uma casa de milionários, tendo uma vida de regalias. Obviamente, o bebê azul se torna um vilão de nome Megamente (Will Ferrell no original) enquanto que o bebê fofinho se torna Metroman (Brad Pitt no original), igualzinho ao Superman, só que com uniforme quase todo branco.

O grande drama do filme é que, depois de milhares de tentativas, sempre envolvendo o sequestro da repórter que gosta de Metroman (semelhanças com Superman NÃO são coincidências) Megamente realmente consegue liquidar com seu arqui-inimigo e literalmente fica sem ter o que fazer depois. No auge de sua solidão e tédio, o vilão, então, resolve usar o DNA de Metroman para criar um novo herói, chamado Titan. É claro que Titan acaba não sendo aquilo que se esperava e os papéis, então, se invertem.

O "mega" problema do desenho, que é tecnicamente perfeito, com lindíssimas animações, é que ele não empolga. Nem mesmo suas gigantescas brigas com prédios sendo jogados como se fossem mísseis criam alguma excitação. É tudo muito padrão, muito básico, muito simplista. Parece que os roteiristas tiveram apenas a boa idéia da premissa original e algum lampejos de idéias aqui e ali que usam até perder a graça. Exemplo disso é Megamente personificando o personagem de Marlon Brando em - adivinhe! - Superman.

Quando acontece pela primeira vez, é muito bacana. Quando acontece pela segunda vez, é legalzinho. Na terceira vez esperamos que seja a última. Acontece que temos que ver isso mais uma 5 ou 6 vezes, dando a impressão que os roteiristas se apegaram à única tirada brilhante que tiveram e olha que essa tirada em particular só funciona em adultos pois creio que as crianças pequenas - alvo desse filme - não tenham visto o Superman original de 1978.

E tem mais. Muito acharão a trilha sonora do filme muito bacana e tal. E é sempre bom mesmo ouvir músicas como Bad to the Bone, Welcome to the Jungle e outras. Acontece que, igualzinho com a paródia ao Superman, as brincadeiras com as músicas cansam. Usar Bad to the Bone não poderia ser mais clichê mas fica até interessante na primeira vez (mas em Terminator 2 fica BEM melhor). Quando as músicas vão se repetindo, a brincadeira de juntar músicas descritivas com cenas de efeito cansa e se torna mais uma bengala em que se os roteiristas de apoiaram.

Como disse, Megamente é um desenho que não decola, não ultrapassa a barreira do "sorriso no rosto". Não ri com vontade nem ouvi risos como ouvi, por exemplo, em Meu Malvado Favorito e olha que a sessão estava lotada de crianças.

Megamente é um filme que deixa clara a preguiça dos roteiristas e do diretor Tom  McGrath (de Madagascar 1 e 2) e, em última análise, da própria Dreamworks.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Box Office Mojo.

Nota: 6 de 10