Umberto Domenico Ferrari (Carlo Battisti) é um senhor aposentado, que vive humildemente de sua pensão em um modesto quarto alugado na casa de Antonia Belloni (Lina Gennari). Seus únicos amigos são o cãozinho Flick e a empregada Maria (Maria-Pia Casilio), que está grávida não se sabe bem de quem. Umberto luta para viver com um mínimo de dignidade, mantendo a educação e vestindo-se sempre de terno.
No entanto, a situação começa a piorar quando Umberto se vê ameaçado de ser despejado por Antonia, que vai casar e, na verdade, não gosta muito de seu inquilino. Ele atrasa alguns pagamentos e sua vida se torna um inferno. Em determinado momento, Flick, seu cão inseparável, desaparece e segue-se um frenética e desesperadora busca pelo animal. Umberto consegue achá-lo momentos antes de ser morto em um canil municipal, em um belíssimo momento cinematográfico, daqueles de tirar lágrimas de marmanjos.
Mas Umberto não se abala. Ele permanece na firme missão de não cair mais um degrau, ou seja, ele não aceita sair da pobreza para cair na miséria total, sem ter onde viver e o que comer. Faz de tudo para permanecer flutuando na tormenta, inclusive fingir que está doente para ter alguns dias de hospital onde pelo menos há um teto e comida certa. É, literalmente, de partir o coração ver a atuação de Carlo Battisti como o velhinho orgulhoso Umberto tentado simplesmente sobreviver com ao menos um semblante de dignidade.
Em determinado momento, sem ter escolha, Umberto ensaia mendigar. Ele está no fim da sua força de vontade e para ao lado de um muro e de maneira extremamente relutante, começa a abri a mão para pedir esmola. São momentos angustiantes, verdadeiramente desesperadores para nós espectadores. Mas Umberto não consegue e finge estar vendo se está chovendo. Mas ele não tem escolha e decide usar Flick para fazer o trabalho que não consegue. O caõzinho, muito obediente, fica fazendo pose com o chapéu de Umberto em frente. Um ex-amigo de Umberto passa por ali e reconhece o caõzinho e a realidade bate novamente na cara do quase-mendigo.
Sem ter para onde correr e sem querer realmente esmigalhar sua dignidiade, Umberto não tem escolha e parte para seu destino final. Não vou contar aqui o que acontece mas posso dizer que é outro momento muito belo e que fará muito marmanjo disfarçar as lágrimas.
Umberto D é mais um belo exemplo do cinema realista de Vittorio De Sica, que nos trouxe Ladrões de Bicicleta e um grande veículo para uma inesquecível atuação de Carlo Battisti no papel título. Merece ser visto.
Mais sobre o filme: IMDB e Rotten Tomatoes.
Sobre o Club du Film:
Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.
Notas:
Minha: 7 de 10
Barada: 5 de 10
Nikto: 7 de 10
Gort: 6 de 10
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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."