terça-feira, 30 de novembro de 2010

Crítica de filme: Grace (O Mistério de Grace)

Grace é um pequeno filme de horror que andou pelos corredores de festivais de cinema mundo a fora e que, em Sundance, foi alvo de muita conversa pela sua temática, digamos, controversa. Paul Solet, diretor estreante de longa metragem, fez esse filme, que estreou em 2009 com base eu seu curta metragem de mesmo nome de 2006.

A idéia é boa: Madeline (Jordan Ladd) vive uma grávida que tem um acidente e seu bebê morre ainda na barriga. Ela se recusa a retirar a criança e acaba efetivamente tendo a filha natimorta que, milagrosamente, volta à vida. Mas, claro, como todo filme de horror, essa "volta à vida" tem um preço e, nesse caso, ele é bem alto: a bebezinha só quer saber de sangue no lugar de leite.


A brincadeira de se mexer com a relação entre mãe e filho não é nova. O primeiro filme que me vem à cabeça dentro dessa temática é o sensacional O Bebê de Rosemary de Polanski, baseado em obra de Ira Levin. A sutileza e a plasticidade do filme de 1968 dá lugar, em Grace, à uma mão pesada e à momentos de aflição total não por medo, mas por nojeira mesmo.

O filme, de baixíssimo orçamento, até consegue ser convincente nas cenas de amamentação do pequeno monstrinho, ainda que, em determinados momentos, fique claro que faltou dinheiro. Mas esse é um defeito menor do filme. O grande problema é que Grace, de apenas 85 minutos, é longo demais para tratar do tema. Talvez o curta que deu origem a esse filme devesse ter permanecido um curta.

Com 85 minutos, Paul Solet teve tempo para construir, de maneira até eficiente, os momentos pré-monstruosidade. Ele demonstra a fria relação entre marido e mulher e revela uma estranha relação entre Madeline e uma parteira homossexual (Samantha Ferris vivendo Patricia Lang). Tem tempo, também, para mostrar a também doentia relação entre a mãe de seu marido (Gabrielle Rose vivendo Vivian Matheson) com seu marido (Stephen Park vivendo Michael Matheson). Todos os pontos de conexão dos personagens são doentios. Ninguém vive uma relação saudável, o que acaba tornando bastante "plausível" o nascimento do bebê vampiro. Apesar do exagero, creio que esse primeiro ato do filme seja o melhor.

Em seguida, depois do parto e da descoberta que o bebê gosta mesmo é de sangue, o filme começa a degringolar. Parece que Solet, também, roteirista, não sabia o que fazer com a estória e trata de mostrar, vagarosamente, a descida da mãe para o inferno. Mas Solet não consegue nos fazer chegar lá de maneira equilibrada como consegue nos convencer das doentias relações que mencionei acima. Ele acaba demorando para chegar aonde quer e, quando chega, tudo acaba em um piscar de olhos, deixando às escâncaras a falta de estrutura do roteiro.

Mas o filme continua sendo perturbador e difícil de assistir em determinados momentos. Uma boa idéia que poderia ter se aproveitado de uma execução mais redonda mas, para quem gosta de filmes do gênero, é uma festa.

Mais sobre o filme: IMDB e Rotten Tomatoes.

Nota: 6 de 10

3 comentários:

  1. Esse filme é bizarro, é o melhor que posso falar dele. Algo praticamente sobrenatural acontece nesse filme, nada a ver. Não passa medo, susto ou terror. Para mim só imaginação fértil.

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  2. O filme é um pouco perturbador, mais a história é fraca, sem pé ne cabeça.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."