Crítica de quadrinhos: Manhunter (série de 1973)

Lembro-me quando criança de ter lido algumas estórias em quadrinhos da DC Comics com um personagem de roupas extravagantes chamado Manhunter. Era uma republicação no Brasil, claro. Lembro-me, também, de ter adorado o que li.

Corta para o presente e eu estava andando por uma comic shop nos EUA quando dei de cara uma coletânea das mesmas estórias que lia quando criança e a reação imediata de comprar foi 100% instintiva e involuntária. Quando me dei conta, já estava lendo no quarto do hotel.


Depois, fui descobrir que esse Manhunter que eu gosto foi uma espécie de re-edição de um personagem com o mesmo nome da década de 40 que nunca nem tinha ouvido falar (na verdade, em sua origem, o nome foi escolhido em homenagem ao personagem da década de 40 mas, mais tarde, a DC Comics fez um retcon e unificou a continuidade dos personagens). Descobri, também, que, depois do personagem que conheci, o nome Manhunter foi adotado por um sem número de heróis da DC. Como não gosto muito do estilo da DC Comics, não faço também a menor idéia desses personagens mais atuais.

O fato é que o Manhunter de 1973 é genial. Essas estórias, que foram publicadas como "extras" na revista Detective Comics, tinham apenas 8 páginas cada uma, com o último número finalmente tomando a revista inteira. Mas em 8 páginas, Archie Goodwin no roteiro e Walt Simonson na arte fizeram o diabo.

Para começar, a trama é brilhante, digna das melhores estórias de espionagem: Paul Kirk, o Manhunter, começa a ser caçado pela Interpol pois diversos "Paul Kirks" começam a aparecer pelo mundo cometendo assassinatos. Evidentemente, o verdadeiro Paul Kirk não fica parado e também vai atrás para saber o que está acontecendo e, sem estragar o final, descobrimos que há ligação com sua origem. Mas os autores não esqueceram que estavam escrevendo quadrinhos e partiram para aqueles exageros típicos, tornando Manhunter um ninja invencível, mestre em todas as artes marciais e em todas as armas possíveis. No entanto, no lugar de usar uma roupa ninja efetivamente, ele usa uma espalhafatosa roupa vermelha e branca.

Mas o roteiro não é bobo. Ao contrário, Goodwin não deixa pedra sobre pedra e trata duramente de seu personagem e todos ao seu redor. É quase que um verdadeiro oposto ao Batman, conforme publicado na mesma revista. Por outro lado, Simonson desenha de maneira quase insuperável, inserindo uma enorme quantidade de detalhes em cada quadro e fazendo uso de técnicas que não eram comuns à época, como quadros "sangrando" para outros e excelentes transições.

Leitura altamente recomendada.

Nota: 10 de 10