sábado, 4 de dezembro de 2010

Club du Film - 5.57 - Au Hasard Balthazar (A Grande Testemunha)

Au Hasard Balthazar (A Grande Tesmunha) é um filme francês de 1966, dirigido por Robert Bresson e foi visto pelo Club du Film (mais sobre o Club ao final do post) em 14.09.10.

Robert Bresson dirigiu um burro. Sim, literalmente um burro. Tamanho é o foco no animal que Bresson de propósito pediu para que os atores não atuassem, ficassem meio que mortos e "mecanizados" em cena, exatamente para deixar sobressair o triste burrico.


O filme começa com o burro Balthazar pequeno, cercado de crianças pequenas e alegria. Não demora muito e Balthazar cresce e é separado das crianças e passa a sofrer como Jó. A estória é toda contada pelo ponto de vista do burro, em uma espécie de comentário à religião católica: crescimento, amadurecimento, sofrimento e aceitação. Os elementos estão todos lá e Bresson merece ser festejado por sua inventividade e coragem ao dirigir esse filme.

Devo confessar que eu e meu colega de Club du Film estávamos de má vontade no dia que vimos o filme e daí a nota extremamente baixa que, agora, reconheço ter sido exagerada e de "pouca visão". Não costumo ser assim mas uma das regras do Club é que a nota não pode ser alterada depois pois ela deve refletir o que passa na cabeça de cada um quando o filme acaba. Uma pena, mas c'est la vie.

Acontece que o filme realmente se arrasta demais, reforçando pontos da trama - simples mas contundente - ao longo da sofrida vida do burro Balthazar até seu triste mas também belo fim, ao meio de brancas ovelhas. Ao mesmo tempo que vemos a conversão do bicho de um animal de estimação querido em nada mais do que um meio de transporte e de carga, de pessoas que não dão o menor valor a ele, vemos Marie (Anne Wiazemsky), a menina que deu o nome a Balthazar passar maus bocados na mão de um namorado um tanto quanto psicótico Gérard (François Lafarge). Gérard, não por coincidência, também se torna um dos donos do burro e inflige nele toda a violência que depois deixa vazar para a bela Marie.

A repetição de temas, com as sucessivas trocas de donos de Balthazar e a manutenção de Marie em um caminho sem volta, acaba cansando, mesmo em um filme de 95 minutos. Mas, apesar da nota abaixo, ele merece ser visto, até como uma experiência cinematográfica única.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Filmow.


Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.


Notas:

Minha: 1 de 10
Barada: 1 de 10

2 comentários:

  1. Enquanto assistia ao filme, eu não via a hora de ele acabar... Aquilo me enfastiou de uma tal maneira que eu pausava de minuto em minuto para tratar de outras coisas... No fim, estranhamente, minha opinião mudou totalmente! Eu passei a trama inteira tentando entendê-lo - até descobrir que isso não aconteceria assim, de cara. O fato é que bastou que o filme acabasse para eu já sentir saudades dele (curioso, né?)... E amá-lo, de certa forma. Já pretendo vê-lo novamente! (Apesar dos pesares... rs.)

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  2. Porra, nota 1 de 10 é surreal pra esse filme...

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."