sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Crítica de TV: Breaking Bad - 1ª Temporada

Soube há pouco que a AMC, produtora de Breaking Bad, decidiu cancelar uma de suas séries, Rubicon. Foi a primeira série cancelada da AMC que, até agora, só vinha acertado em termos de qualidade do material e quantidade de público. Mad Men é um sucesso. Breaking Bad tem fortes números. E The Walking Dead é um estouro total.

E, de fato, o sucesso da AMC é merecido pois a produtora não faz séries de fácil digestão.


Breaking Bad é um exemplo disso, a começar pelo protagonista: um professor de química desiludido, sem dinheiro, com câncer de pulmão (apesar de nunca ter fumado), pai de um jovem com paralisia cerebral e futuro pai de uma outra criança. E essa desgraça toda se passa em Albuquerque, no Texas, não em Nova Iorque ou outra cidade clássica de série de televisão.

Descobrindo que tem câncer, Walter White (Bryan Cranston) resolve deixar algum dinheiro para a família. Para isso, decide se tornar um traficante de drogas. Mas calma pois não é uma decisão assim, sem mais nem menos. As coisas vão acontecendo vagarosamente e dentro de uma lógica criada para a estória. Não é um "estalar de dedos" e pronto, o pacato professor se transforma em um traficante de crystal meth.

O roteiro, extremamente original, faz excelente uso dos atores, com especial destaque para o protagonista, que é excelente. Mas acontece que essa série consegue ter uma equipe de atores muito boa. O parceiro de Walter, Jesse Pinkan (Aaron Paul), uma jovem viciado e projeto de traficante, é muito bom e contribui, na medida certa, com momentos de comédia em uma série que, de outra maneira, seria bem pessimista. Da mesma maneira, Anna Gunn faz muito bem o papel da esposa de Walter,  Skyler, grávida e completamente alijada dos planos do marido. O seio familiar é ainda completado pelo filho de Walter, Walter Jr., que é vivido por RJ Mitte, um jovem que sofre de verdade de paralisia cerebral, ainda que em uma versão muito mais branda do que a de seu personagem na série (ele já trabalhou até no seriado de Hannah Montana).

Para complicar a vida de Walter, seu cunhado, Hank (Dean Norris) é um policial da divisão de combate ao tráfico de drogas, algo que, tenho certeza, dará muito impulso à série nas próximas temporadas.

A série é pontuada de cenas muito gráficas e violentas pois a produção não poupa as situações. Em determinado momento, Walter tem que fazer uma dramática escolha e o resultado é um assassinato que é mostrado em todo os seus detalhes. Isso sem falar em determinada cena em que ácido é usado. Essa última cena em particular é tão surreal que chega a ser engraçada mas não quero contar detalhes para não estragar surpresas.

A primeira temporada de Breaking Bad teve apenas 7 episódios. Tudo acontece muito rapidamente e o objetivo da AMC até aqui foi de estabelecer os personagens e isso eles fizeram com perfeição. Pouco da trama efetivamente se desenrola além da relutante conversão do professor em fabricante/traficante de drogas mas os roteiros são muito azeitados e não só prendem a atenção como contam uma estória instigante.

Mal posso esperar para ver a segunda temporada, que já está me esperando na prateleira.

Mais sobre a série: IMDB e TV.com.

Nota: 8 de 10

4 comentários:

  1. Muito legal sua crítica. Tb gostei de uma crítica dessa série publicada no blog http://filmaniacos.wordpress.com/. Vou assistir com certeza.

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  2. Muito legal sua crítica. Tb gostei de uma crítica dessa série publicada no blog http://filmaniacos.wordpress.com/. Vou assistir com certeza.

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  3. Albuquerque é no Novo México

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  4. Eu gosto de todos os episódios demais. Um fator que coloca essa série acima das demais é a proposta original de seus criadores para o protagonista Walter White (Eu certamente sabia que Bryan Cranston terá uma participação especial em Curb Your Enthusiasm ). Em tempos de múltiplas telas conectadas, em que a disputa pela atenção do espectador passa por um vaivém frenético entre redes sociais, canais de televisão e sites, Breaking Bad fisgou a todos com uma mistura antes vista apenas em grandes obras da literatura e do cinema. Enquanto a maioria das séries de TV começa sem saber onde vai parar, dependentes do humor implacável da audiência, Breaking Bad teve início, meio e fim definidos desde o primeiro dia. Seus criadores tiveram a coragem, e a sagacidade, de seguir o plano original, construindo tijolo por tijolo uma história convincente e angustiante, que pega o telespectador pela gola e o obriga a assistir a cada episódio com frequência religiosa. Breaking Bad não teve o destino de tantas séries que foram canceladas antes de florescer, como Firefly, muito menos teve seu prazo de validade prolongado e por consequência uma queda brutal de qualidade por fazer sucesso demais, como Prison Break. Não. Breaking Bad caminha para um pouso perfeito.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."