terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Crítica de TV: Battlestar Galactica Season 4.0

Estamos na última temporada da melhor série de ficção científica jamais feita. Na verdade, BSG é uma séria dramática que por acaso se passa em um ambiente de ficção científica. Diria que, em termos dramáticos e de narrativa, ela está lado-a-lado com The Wire.

Lembro que, em 2003, quando morava nos Estados Unidos, soube que um remake do seriado setentista aconteceria e fiquei ligado no lançamento. Nossa, como me desapontei quando assisti a minisérie na televisão. Tudo aquilo que gostava na série original tinha sido jogado fora: os capacetes dos pilotos de Vipers não tinham aparência egípcia, em clara alusão à 13ª Colônia (a Terra); os Cylons eram clones dos humanos, não robôs; Baltar não era mal, mas sim um idiota controlado pelos Cylons. Starbuck não era homem! Apollo era completamente sem graça!

Bom, eu fui um idiota completo pois posso garantir que a "re-imaginação" dessa série é sensacional, com impressionantes ingredientes políticos, religiosos e sociais. 

Para quem não sabe, os Cylons atacaram os 12 planetas das colônias humanas e os destruíram. Apenas um punhado de humanos, em variadas naves, sobreviveram e, agora, encontram-se sob a proteção da única astronave de combate: Galactica. Comandada com pulso de ferro por Bill Adama (Edward James Olmos), esse grupo de humanos tentam sobreviver aos ataques dos Cylons. O grande problema, porém, é que os Cylons são como os humanos, robôs ultra-sofisticados que em tudo se parecem conosco. Eles estão entre nós. A paranóia impera. O objetivo dos sobreviventes é encontrar a folclórica 13ª Colônia, o planeta Terra.

Sem listar spoilers, vale um resumo de cada temporada:

1ª Temporada - Fuga caótica das colônias e adaptação à vida no espaço dão a tônica dessa temporada. Ao longo dela, os humanos descobrem que os Cylons são, agora, iguaizinhos aos humanos e têm de aprender a lidar com essa desconfiança.

2ª Temporada - Vários Cylons são revelados (são 12 modelos no total) e muito da série se passa em Caprica, pois Starbuck volta para resgatar alguns sobreviventes. Outro momento importante da série é o aparecimento da astronave de combate Pegasus, comandada pela Almirante super linha dura Cain. O final da temporada é de cair o queixo.

3ª Temporada - Muito da série se passa em terra (não vou explicar o que acontece mas tem relação com o final da temporada anterior) e os Cylons mudam de estratégia: no lugar de quererem acabar com os humanos, passam a querer doutriná-los e dominá-los. O tom da série passa a ser fortemente religioso. Ao final, 4 novos modelos de Cylons são revelados (11 até esse momento, faltando apenas o 12º modelo).

Muito do que eu imaginava que poderia acontecer na 4ª Temporada inteira acontece na sua metade. Cada episódio dos 10 primeiros é essencial para o desenrolar da trama. Nada se perde. Certamente os produtores, sabendo que essa é a temporada final, decidiram amarrar todas as pontas. Assim, perder um episódio é perder o fio da meada. 

O mote dessa temporada é claramente a religião. São os deuses das antigas 12 colônias versus o deus único dos Cylons, pregado apaixonadamente por Baltar e seus seguidores. Há "anjos", mensagens divinas e diversos outros aspectos religiosos que criam um interessante choque com o ambiente de ficção científica ao redor. A religião também serve de pano de fundo para discussões sobre a intolerância, mortalidade e outros assuntos polêmicos. Outro tema bastante central à trama é a política, algo que costumeiramente anda de braços dados com a religião. Há disputas políticas permeando toda a estória.

No final do décimo episódio, todos já têm conhecimento de 11 dos 12 modelos de Cylons e a revelação de quem é quem é chocante, com reverberações fortes por todos os demais personagens. Falta, agora, somente o 12º Cylon (a alusão aos 12 apóstolos é clara, não?). Além disso, a metade da temporada acaba quase que de forma definitiva, em uma virada de mesa de fazer chorar, ainda que dê para pressentir que algo assim iria acontecer. 

Não consigo imaginar o que vai ocorrer nos 10 últimos episódios. Não acompanho na TV, não baixo pirata e, portanto, não tenho alternativa que não esperar pelo lançamento da parte final em DVD. 

Já estou sentindo falta de Battlestar Galactica.

Nota: 10 de 10

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