sábado, 21 de fevereiro de 2009

Corrida do Oscar: Slumdog Millionaire

Slumdog Millionaire (Quem quer ser um milionário?), dirigido pelo britânico Danny Boyle, que nos trouxe Shallow Grave, Trainspotting, 28 Days Later e Sunshine, concorre a um festival de estatuetas douradas nesse domingo, quais sejam:

1. Melhor Filme
2. Melhor Diretor
3. Melhor Roteiro Adaptado
4. Melhor Edição
5. Melhor Fotografia
6. Melhor Trilha Sonora
7. Melhor Música (2 vezes)
8. Melhor Som
9. Melhor Edição de Som

Não é o filme que mais concorre a Oscars esse ano (essa honra dúbia ficou com The Curious Case of Benjamin Button) mas é, certamente, por todo hype criado, o que tem mais chances de levar os prêmios mais importantes. 

O filme começa com Jamal Malik apanhando da polícia pois há uma forte desconfiança de fraude no ar já que ele, um "mero favelado", nunca poderia estar a apenas uma pergunta de ganhar o prêmio máximo do show "Quem quer ser um milionário?". O delegado quer porque quer saber como é que o garoto conseguiu responder as perguntas corretamente. Desse ponto, então, Danny Boyle nos leva à uma viagem pela vida do garoto, em que ele vai, aos poucos, nos dando as informações que o delegado quer (na verdade, que NÓS queremos). Sua vida sofrida numa Índia muito pobre é descortinada.

O filme, apesar de ser muito pesado em alguns momentos, com demonstrações estraçalhantes da maldade humana, tem uma mensagem que tenta ser a mais positiva possível e, para isso, o diretor se utiliza de diversos artifícios tais como cores primárias fortes, câmera saturada, edição frenética e, sobretudo, uma forte, viva e sempre presente trilha sonora, que empolga o espectador e funciona quase que como um personagem a parte. 

Para nós, brasileiros, a primeira meia hora de filme lembrará muito Cidade de Deus mas, na realidade, os dois filmes são muito diferentes. Cidade é um filme sobre crescer na favela e o impacto que isso pode ter. Slumdog é um filme de amor, uma verdadeira fantasia calcada na realidade nua e crua do dia-a-dia dos indianos de casta mais baixa. Como pode o amor sobreviver à uma sociedade em que o casamento é determinado primeiro pela condição econômico-social dos noivos e os casais são escolhidos não por alguma atração, mas sim pela família? Slumdog e Cidade somente se parecem na estética de filmagem do começo do primeiro filme, mais nada.

A mensagem de esperança de Slumdog deixa um sorriso no rosto. É, certamente, o "feel good movie" de 2008 e merece o destaque que vem tendo. O problema de Slumdog, talvez, é sua grande dependência do suspense sobre o que vai acontecer ainda que cada passo do filme seja telegrafado com bastante nitidez logo no começo (um mínimo de experiência com cinema permite quase que escrever o roteiro do filme depois que 10 minutos foram vistos). Talvez Danny Boyle tenha percebido isso e carregou os sentidos de informações cromáticas, fortes imagens, cortes naõ exatamente cronológicos e música, muita música.

Dentre os filmes que já assisti e que concorrem a Melhor Filme (The Reader e Benjamin Button são os outros dois), Slumdog é certamente o melhor. Só não sei se ele é, efetivamente, o "melhor de 2008" como um todo. Mas vou contar um segredo: o Oscar nunca foi necessariamente de escolher os efetivamente melhores do ano. Às vezes eles acertam, mas muitas vezes erram. É só lembrarmos que, por exemplo, Shakespeare in Love, The English Patient, Chicago e Crash ganharam o prêmio máximo. Se não fosse assim, na verdade, não teria graça.

Nota: 9 de 10

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."