sábado, 21 de fevereiro de 2009

Corrida do Oscar: Doubt

Doubt concorre a 5 Oscars: Melhor Atriz (Meryl Streep pela 100ª vez...), Melhor Atriz Coadjuvante (Amy Adams e Viola Davis), Melhor Ator Coadjuvante (Philip Seymour Hoffman) e Melhor Roteiro Adaptado.

Como se pode ver pelas indicações, o filme é um desfile de intepretações. Depois do show de horrores que foi vê-la em Mamma Mia (tenho pesadelos até hoje), é legal saber que Meryl Streep voltou a papéis na linha do que ela está acostumada. Não gosto muito dela em geral pois acho que Streep é a típica "one  trick pony", ou seja, uma atriz que só sabe fazer bem um papel, a de mulher sofrida. Em Doubt, ela é uma freira linha dura, reitora de uma escola católica nos Estados Unidos dos anos 60. Ela resolve pegar no pé do coitado do padre (Hoffman, sempre naturalmente excelente em seus papéis) por desconfiar que ele vem tendo "condutas impróprias" com o único menino negro da escola. Essa desconfiança aumenta quando uma das noviças, vivida magistralmente por Amy Adams, põe, sem querer, lenha na fogueira. Viola Davis faz a mãe do garoto e também está excelente no papel. Agora que o parágrafo está acabando, vou até dar um desconto: Meryl Streep está ótima no papel de uma pessoa odiosa, intolerante, amargurada e recalcada.

Não interessa ao filme se o padre está mesmo molestando o garoto. O importante é, como o título deixa às claras, a dúvida e a consequente reação das pessoas: enquanto o personagem de Streep quer impalar o padre em praça pública, o personagem de Adams se arrepende do processo que catalizou. 

Falando sobre o título, sempre disse que costumo detestar filmes com títulos que são desnecessariamente repetidos no desenrolar da trama. Nesse quesito, Doubt começa muito mal pois o primeiro sermão que ouvimos é sobre (surpresa, surpresa!) "dúvida". Como se isso não bastasse, o roteirista e o diretor resolveram concluir que todos os espectadores são completos idiotas e, pegando o exemplo do primeiro sermão, utiliza as "idéias de sermão" do padre quase que para explicar em detalhes o que está acontecendo no filme e na cabeça dos personagens. A idéia é colocada de forma velada somente para, 5 minutos depois, ela ser descrita verbalmente pelo padre. Para ilustrar, em determinada cena (duas na verdade), Meryl Streep faz um discurso em que discorda do uso de esferográficas pois destrói a caligrafia e de torrões de açúcar, por adoçarem a vida. Qualquer mentecapto consegue perceber que o assunto gira em torno da intolerância. No entanto, não é que o infeliz do diretor faz o padre dizer que teve a "idéia" de fazer um sermão sobre a intolerância e ainda o mostra escrevendo isso em seu caderninho? E a coisa não para por aí: o sermão é mostrado na íntegra na cena seguinte... 

Alguém tem que avisar o diretor (John Patrick Shanley que, antes disso, só dirigiu o imbecil Joe versus the Volcano) que um filme é composto primordialmente de imagens e que são elas que devem passar as idéias. As falas devem ser incidentais e não explicativas, a não ser que ele esteja dirigindo um documentário.

Nota: 6 de 10

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