quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Crítica de filme: The Artist (O Artista)

Eu já assisti uma boa quantidade de filmes mudos. Desde clássicos incontestáveis como Metropolis, Gabinete do Dr. Caligari (um de meus favoritos), Nosferatu e as comédias de Buster Keaton, até coisas mais trash como The Lost World. Devo dizer que é um prazer ver esses filmes e fiquei surpreso quando minhas filhas pequenas passaram a apreciar alguns deles também (Chaplin e Keaton especialmente). Assim, foi com grande expectativa que fui assistir no cinema O Artista, filme mudo francês de 2011, dirigido por Michel Hazanavicius e que está fazendo enorme sucesso no circuito das premiações, com grandes chances de levar a estatueta dourada de Melhor Filme.


E O Artista funciona? Talvez para a maioria das pessoas ver um filme mudo com inter-títulos, seja uma experiência inédita e espero que isso leve-as a procurar mais os clássicos mudos. O Artista não só é mudo (bem, não completamente mudo) como também foi filmado em formato de tela 4:3, mais conhecido como o formato quadrado, pouco comum para filmes de cinema hoje em dia mas que era o padrão nos filmes antigos. Assim, O Artista funciona como uma amável homenagem a outros tempos mais simples em que as atuações era exageradas para compensar a falta de som das obras cinematográficas. Nesse aspecto, O Artista é um triunfo.

No entanto, sob o aspecto da qualidade cinematográfica - que, no final das contas, é o que importa - o filme não é muito mais do que bom. Sim, é muito simpático. Sim, é às vezes engraçado. E sim, tem atuações boas (não sensacionais) da dupla principal, Jean Dujardin (basicamente encarnando Clark Gable) como George Valentin e a belíssima Bérénice Bejo como Peppy Miller. Ah, tenho mais um sim: sim, é cheio de pontas interessantes como a de John Goodman e James Cromwell, além de ser cheio de referências à clássicos do cinema. Mas, mesmo com tudo isso, O Artista empalidece perante obras fantásticas sobre a mesma temática como Cantando na Chuva. Mesmo agora, na corrida pelo Oscar, há outro filme bem melhor que também homenageia o cinema clássico - A Invenção de Hugo Cabret - que comentarei brevemente.

Mesmo que eu não compare com Cantando na Chuva ou com Hugo Cabret, O Artista ainda parece se fiar muito no "ineditismo" do filme mudo para a platéia em geral e no uso de uma grande bengala cinematográfica: o cachorrinho irresistível que faz truques o tempo todo. É bonitinho nas primeiras vezes mas, depois da trigésima gracinha, a coisa começa a desandar e fica muito claro que a estória não tinha sustentação para um filme de 100 minutos.

Aliás, a estória é muito simples: George Valentin, astro do cinema mudo em Hollywood, vê-se em um mato sem cachorro (na verdade com cachorro...) com o advento do filme sonorizado. Ele se recusa a mudar seu jeito de ser e, com isso, abre espaço para outra super-estrela aparecer, Peppy Miller, que ele mesmo deu uma oportunidade em começo de carreira.

Há porém, um momento brilhante no filme: o pesadelo de Valentin logo após ver e desdenhar do primeiro exemplo de som no cinema. Nesse momento, Hazanavicius, que também escreveu o filme, consegue realmente deslumbrar e mesclar som em um filme mudo de maneira muito eficiente e inteligente. Pena que momentos como esse não se repitam mais para frente e final seja apressado, beirando o sem sentido.

O Artista merece ser visto por seu puro "ineditismo" e pelo fator diversão. Mas ele não é a obra-prima que estão dizendo por aí.

O filme concorre a 10 Oscar: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante (ainda que Bejo não seja nada coadjuvante), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Diretor, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro Original.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 7 de 10

2 comentários:

  1. Os Atores ! A linguagem emocional que passam e que sensibiliza.Ao redor deles um mundo do passado que revive provocando memorias e comparacoes.Em suma é o belo dificil de encontrar .Grande filme ao nos lembrar de nossa condiçao humana,demasiado humana...

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  2. Sinceramente e infelizmente, nada de novo em O Artista. O que a gente vê no filme, passa direto nas telenovelas mexicanas..já vi esse enredo, clichê do pior tipo. Não percam tempo vendo esse filme. é inacreditavel que tenha ganhado o oscar de melhor filme. As pessoas tentam colocar algo de grandioso onde não tem!MUITO RUIM ESSE FILME!

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."