A Inglaterra é pródiga em gerar personalidades históricas femininas de extrema relevância no panorama mundial. Ame-a ou odeie-a, Margaret Thatcher é uma dessas personalidades, talvez uma das mais marcantes e importantes (de qualquer sexo) no século XX. Sua relação extremamente próxima a Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos e suas conversas e apoio ao líder reformista soviético Mikhail Gorbatchev foram dois fatores que muito contribuíram para a derrocada do comunismo. Sem dúvida carregada de decisões polêmicas, Thatcher sempre foi uma pessoa muito certa de suas decisões, como a de não apoiar seu amigo Reagan na invasão de Granada ou a de votar em desfavor às sanções contra a África do Sul.
E é por isso que A Dama de Ferro não é um filme bom.
Com todo esse instigante material, cuja superfície eu apenas arranhei, a diretora Phyllida Lloyd (de Mamma Mia!), baseada em roteiro de Abi Morgan, foca na Margaret Thatcher de hoje em dia, uma senhora de seus 80 e muitos anos, com alguns problemas de memória e de demência. O filme abre com Thatcher (Meryl Streep) já velhinha, fugindo de onde mora para comprar leite e algumas outras coisas em uma mercearia próxima. Ela volta e ninguém nem percebe que ela saiu mas fica claro que ela não deveria ter feito isso. Ela conversa constantemente com seu marido, Denis (Jim Broadbent), sobre os mais diversos assuntos. O único detalhe é que Denis faleceu em 2003 e ela, claro, está falando com ela mesma. E, a partir daí, começamos a navegar por flashbacks que vão desde o começo da carreira política da Dama de Ferro até sua renúncia do cargo de primeira-ministra britânica em 1990.
Acontece que os flashbacks são poucos e, quando acontecem, mostram apenas breves visões do passado, sem nunca entrar nos meandros políticos e, até mesmo, em eventos de grande importância na carreira de Thatcher. É estranho ver um filme sobre essa importante mulher focar tanto nela já idosa e, também, nela bem novinha, antes de conseguir seu primeiro cargo político (nesse ponto, ela é vivida por Alexandra Roach). As escolhas do roteiro são fracas e diminuem a importância e os impactos - positivos e negativos - do governo de Thatcher. Sim, vemos a questão dos sindicatos mas isso se perde com um longo trecho do filme dedicado à guerra das Malvinas (ou Ilhas Falkand, na verdade). Ok, entendo que essa guerra resgatou Thatcher da rejeição da população, catapultando-a ao sucesso. No entanto, não faz sentido esquecer dos sindicatos e do que foi feito a partir dali por causa da guerra.
A mesma coisa acontece com a relação da primeira-ministra com Ronald Reagan. O ex-presidente americano aparece alguns segundos apenas e, mesmo assim, apenas dançando com Thatcher. Não há interação alguma que seja digna de nota. Escolhas como essas do roteiro e da direção começaram a quebrar o ritmo do filme e tornaram difícil a manutenção de meu interesse sobre a estória. Ficou claro que o objetivo era mostrar Thatcher em um estado fragilizado (a grande Dama de Ferro em seus estágios finais!), sem abordar sua política e, em última análise, seu legado para o mundo. O filme, sob o ponto de vista biográfico ou mesmo como uma obra cinematográfica de nota, é uma perda de tempo e de talento.
No entanto, nada disso diminui a atuação de Meryl Streep. Eu, que sempre acho que essa atriz, que concorreu 17 vezes ao Oscar e ganhou duas, faz papéis muito parecidos, com atuações, consequentemente, também parecidas, é o evidente destaque aqui. Ela literalmente encarnou Thatcher tanto em seus tempos áureos como já com idade avançada. Sua atuação é absolutamente irretocável dos trejeitos à voz e merece todos prêmios que levar.
Um outro elemento impressionante nesse filme é a maquiagem. Quando Thatcher aparece pela primeira vez, já bem idosa, fiquei me perguntando se era mesmo Meryl Streep ou uma atriz mais velha contratada especialmente para essas cenas. Nada parece artificial ou fora do lugar. O trabalho, novamente, é irretocável e merece todo o louvor. O mesmo acontece com a discreta maquiagem e arranjo de cabelo que Streep carrega nas cenas em que Thatcher está no auge do poder: nem parece que é maquiagem. É quase como se a diretora tivesse usado a tecnologia de captura de performance nesse filme.
A Dama de Ferro concorre a dois Oscar: Melhor Atriz e Melhor Maquiagem.
Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.
Nota: 5 de 10
O que o filme se propôs conseguiu mostrar porque Margareth Thatcher ficou conhecida como a dama de ferro, uma mulher de personalidade forte, firme em sua decisões. O mais a excelente atuação de Meryl Streep nos faz viajar pela a história desse grande mulher. Destacando também a maquiagem que e espetacular.
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