sábado, 28 de janeiro de 2012

Crítica de filme: Beginners (Toda Forma de Amor)

Beginners consegue reunir temas universais como a busca pelo amor e pela felicidade com três grandes atores, além de um excelente ator canino. Não dá para simplesmente desgostar desse filme completamente mas ele também não chega exatamente a empolgar, apesar de ter ótimos momentos.


Narrado e estrelado por Ewan McGregor, no papel de Oliver Fields, um designer gráfico chegando aos 40 que nunca realmente amou em sua vida (ou, pelo menos, nunca reconheceu o amor), o filme começa e m 2003, quando seu pai (Hal Fields, vivido pelo incrível Christopher Plummer) acabou de falecer. Sua mãe falecera há 5 anos e seu pai, então com 75 anos, simplesmente assumiu que era gay e saiu do armário.

A premissa é simplesmente essa mas a forma como o diretor e roteirsta Mike Mills conta a estória é que a retira um pouco do "lugar comum". Para começar, o filme é uma série entrecortada e não linear de flashbacks para diversos períodos diferentes na vida de Oliver, desde quando ele era pequeno, até o presente do filme (2003). Acontece que a edição é muito bem feita e suave, impedindo que o espectador se perca durante a projeção. Ajuda, também, a muleta cinematográfica chamada "narração em off" mas que, nesse filme, acaba sendo essencial, especialmente porque, por alguma razão, a voz de McGregor é muito agradável de se escutar.

Juntando-se à estória, temos a francesa Mélanie Laurent (a charmosa atriz que viveu Shosanna Dreyfuss em Bastardos Inglórios), como Anna, uma atriz que mora em hotel e que Oliver conhece em uma festa à fantasia. Os dois claramente se gostam mas ambos têm grandes dificuldades de assumir o amor e aproveitar a vida. Nesse contexto, Hal funciona - em flashbacks - como uma ponte entre os dois, ratificando a lição que já havíamos aprendido de maneira menos sutil em Sociedade dos Poetas Mortos: aproveite a vida, um dia de cada vez. Ou uma variação: ame o que quiser amar, sem preconceitos, sem barreiras.

Isso vale até para o cachorrinho Arthur (Cosmo na vida real), assustadoramente adorável até mesmo para mim que não ligo nada para animais de estimação. Arthur não sabe viver sem Hal e, quando ele morre, gruda de tal forma em Oliver que ele tem que ser levado para todos os eventos, criando quase que uma relação de dependência entre os dois já que Oliver também parece ter essa ligação profunda com o animalzinho, talvez como uma constante memória de seu pai.

No entanto, o filme não chega realmente a decolar e o recurso de flashbacks, acaba se tornando repetitivo. Apesar de não ser longo - 105 minutos - o filme torna-se vagaroso demais no terço final, o que demonstra que Mike Mills poderia ter cortado uns bons 20 minutos sem que o filme perdesse substância. Ao contrário, ganharia agilidade e vigor.

Mas devo dizer uma coisa: independente de qualquer aspecto positivo ou negativo do filme, ver Christopher Plummer, no alto de seus portentosos 82 anos e de um currículo de mais de 190 filmes, usando lencinhos coloridos no pescoço e levando beijos de seu namorado (Goran Visnjic de E.R.) com um ar de quem aparentemente está se divertindo com tudo isso, não tem preço e vale para cada segundo de filme. Plummer, aliás, concorre ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por esse filme, já tendo levado merecidamente o Globo de Ouro nessa categoria.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8 de 10

8 comentários:

  1. Acabei de assistir ao filme e senti a história sendo contada de uma forma muito suave, como a luz que penetra por entre a cortina...
    A trilha sonora é linda, muito agradável, mas o que mais toca é o sorriso do ator Christopher Plummer frente à realidade, como se quisesse dizer (já dizendo) não leve tudo tão a sério... Dói, mas também pode ser bom...'
    Adorável!

    Rzupelari

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    1. Renata, concordo: o sorriso de Plummer realmente diz tudo.

      Obrigado por prestigiar o blog. Volte sempre!

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  2. Concordo com a sua crítica! Parabéns pelo Blog!

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  3. Acabei de ver o filme, e uma das partes mais substanciais é a cena , em que Oliver se revolta com o pai dizendo que ele tem um câncer de nível 4 e que não existe o nível 5; e Hal o contrapõe apenas dizendo que isso significa que tiveram outros níveis antes, apenas isso.

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  4. Parabéns pelo texto, muito bom! Assisti hoje esse filme, que já me havia sido indicado por um colega da faculdade. Gostei, principalmente pelo fato de ter o Ewan McGregor no elenco. Tive vontade de levá-lo pra casa e cuidar dele, rs. Também achei que o filme se perdeu um pouco e ás vezes fica meio chato. Na verdade, acho que ele se perde quando tenta ser papo cabeça e não um filme sobre o amor. Mas a história é sim comovente e as atuações muito boas. Mas sinceramente se não fosse pelo Ewan McGregor não sei se teria esperado até o final.

    Ah, e se quiser acessar meu blog, seria um prazer: www.raquelmariano.wordpress.com

    Vou escrever um post exatamente sobre este filme.
    Bjos!

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  5. Ótimo filme. Boa crítica. Discordo quanto ao fato de ser vagaroso. Acho que faz parte da melodia do filme mesmo.
    Parabéns. Abraços

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  6. Gostei do filme e vim conferir sua crítica. Gostei também. Concordando com o Anônimo aqui acima, também achei que o que todos aqui consideraram exagero, entendi como na medida. Se é certo que fica meio arrastado, me parece que tem um tempo necessário para provocar certo "incômodo reflexivo". Bom ou ruim, me pareceu proposital.
    Enfim, parabéns pelo texto. Voltarei aqui!

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  7. Olá! Acabei de assistir o filme e adorei a sua crítica, por vezes me senti perdi entre a mensagem principal que o filme passa ( se é que consegui entende-lá, mais algo é indiscutível, os atores maravilhosos, estou apaixonada!

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."