quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crítica de quadrinhos: Kick-Ass

Kick-Ass é uma das mais radicais criações de Mark Millar, o cara "do momento" nas revistas em quadrinhos Marvel. Ele foi o responsável pelos primeiros e ótimos arcos dos Ultimate X-Men, pela divertida pancadaria de Old Man Logan e pelo super-mega-evento Guerra Civil.

Unindo-se a John Romita Jr. e sendo publicado por um selo menor da Marvel - Icon - Millar começou uma campanha para divulgar Kick-Ass, prometendo a revendedores de revistas publicidade gratuita em sua revista caso eles divulgassem a obra. Deu certo. Diria até que deu absurdamente certo. Kick-Ass vendeu que nem água e, antes mesmo de terminar o atrasado arco inicial de oito números, virou filme dirigido pelo diretor de Layer Cake e Stardust, Matthew Vaughn (será lançado no Brasil, pelo que parece, no dia 11 de junho e uma crítica prévia pode ser vista aqui).

O oitavo número da série, que termina a primeira estória, saiu há pouco tempo, em março. Vocês vão me perguntar o porquê de eu ter chamado de radical essa criação de Millar. A explicação é simples. Apesar de eu não ser nenhum puritano, não dá para não se chocar - mesmo hoje em dia - com uma história cuja premissa é colocar crianças bancando super-heróis "reais", que arrebentam com bandidos. O conceito em si não é novo mas a execução é e deixa qualquer um de queixo caído. Millar não se contentou em usar adolescentes em sua estória. Na verdade, seu melhor - e de longe o mais violento - personagem é Hit Girl, uma menina de 10 anos que, como o personagem título Kick-Ass muito bem coloca, é a mistura de Rambo com Polly Pocket ou de Dakota Fanning com Desejo de Matar 4...

Kick-Ass conta a estória de David Lizewski, um típico adolescente geek que não tem namorada mas é doido pela menina mais bonita da sala e tem atração por sua voluptuosa professora. Coleciona quadrinhos e tem um círculo bem pequeno de amigos. Por puro tédio e inspirado nos quadrinhos, ele resolve vestir uma roupa de mergulho verde, com máscara, para sair pelas ruas corrigindo as injustiças. Como todo adolescente, ele age apenas por impulso, pela emoção, sem treinamento algum e sem pensar nas consequências.

Sua ações, porém, e aí talvez esteja o diferencial da estória de Millar, acaba fazendo com que outras pessoas "saiam do armário" e também se vistam de super-heróis. Com a fama repentina, Kick-Ass logo ganha a concorrência de Red Mist, outro doido fantasiado que adora aparecer e chama a atenção de Big Daddy e Hit Girl, dois heróis mascarados já "veteranos" que atuam mais profissionalmente.

Big Daddy é um adulto completamente maluco que treinou sua filha desde o nascimento para ser super-heroína. A garota pede metralhadoras de Natal, para se ter uma idéia do absurdo. Hit Girl nos é apresentada salvando a pele de Kick-Ass da forma mais destruídora possivel: usando Katanas, ela dilacera, em seus tenros 10 aninhos, uma gangue inteira de marmanjos traficantes de droga. São braços, cabeças e pernas cortadas e um enorme sorriso no rosto da garota.

A estória se desenvolve muito bem, de maneira mais inteligente do que imaginei que seria. Ela é anos-luz superior à total pancadaria que é Old Man Logan e, apesar dos exageros, tem um tom sério, de crítica e não necessariamente de aprovação como muitos mais "delicados" podem achar.

Kick-Ass é uma estória interessante, antenada com tudo que há de mais recente para agradar os jovens (as menções a Facebook, filmes recentes, quadrinhos e coisas do gênero são abundantes) e que diverte a cada página sem ser exatamente emburrecedora como tantas outras. As motivações dos personagens estão todas lá, apesar dos breves 8 números do primeiro arco.

Os desenhos de Romita Jr. ajudam muito na narrativa pois, apesar de Millar procurar ser realista, nós sabemos que, no fundo, isso não poderia acontecer. A vida de um "super-herói" como Kick-Ass seria, digamos, extremamente curta. Assim, o traço escolhido não é realista e eu achei que a composição ficou perfeita.

Em suma, como muito bem colocou Dan Phillips do site IGN.COM, aqui, Kick-Ass é "tudo o que Frederic Werthem avisou ao Congresso sobre quadrinhos". Para quem não sabe, Wertham foi um psiquiatra germano-americano que escreveu um livro sobre a influência dos quadrinhos sobre os jovens e liderou uma cruzada contra os quadrinhos e a comunicação de massa em geral, na década de 40, levando à proibição de várias publicações e ao famigerado "Comics Code". Na verdade, acho que Wertham não fazia idéia que um dia alguém escreveria uma estória como Kick-Ass. O psiquiatra deve estar rolando em sua tumba nesse momento...

Que venha o filme!

Nota: 9 de 10

2 comentários:

  1. Acredito que as outoridades (politicos,policiais,etc)mal fazem seus trabalhos direito e acabam por se unir a criminalidade,o que gera ideias de como seria se as pessoas combatece o crime.Acho que essa sujeira leva a essa ideia. Criticam a istoria do desenho mas se esque por que ela se leva.O próprio deseho ja diz.PORRA DE IPOCRISIA. Não exite batmam mas pode ter certeza que existe varios mafiosos como nos quadrinhos. Muito desenhos são uma espécie de critica pois a sociedade como sabemo é chia de sujeira.

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  2. Não é necessario ter um QI altissimo para saber disso hasushsuhsushsushsu

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."