segunda-feira, 17 de maio de 2010

Crítica de filme: Girl 27

Nunca nem tinha ouvido falar em Girl 27 mas um professor meu, aficcionado em filmes, me deu de presente esse documentário que trata de uma situação que, pelos terríveis parâmetros de hoje, nem seria levado tão a sério (apesar de ser muito sério) mas que revela, muito claramente, o lado sujo de Hollywood. Para os fãs de história do cinema, Girl 27 é uma escolha essencial.

Em 1937, a MGM fez uma enorme festa para seus melhores exibidores. Dentre os "presentes" oferecidos pelos chefões do estúdio, estavam 100 meninas menores de idade que achavam que estavam lá apenas para dançar e, talvez, ter uma chance de ser vista como uma futura estrela. No entanto, na verdade, elas estavam lá para serem usadas, de todas as formas, pelos homens que lá estavam, em uma demonstração inacreditável de uma sociedade medieval em pleno século XX.

Uma dessas meninas, Patricia Douglas, a Garota de número 27, foi vítima dessa enganação e acabou sendo estuprada. Apesar do ignomínia desse crime, situações como essa raramente vinham à luz àquela época (na verdade, mesmo hoje em dia a situação, infelizmente, é muito complicada) mas isso não aconteceu com Douglas. Ela tomou coragem e entrou com uma ação não contra o estuprador mas sim contra o estúdio por ter facilitado o crime, por tê-la atraído para o evento com base em mentiras.

Como todos vocês devem imaginar, apesar do escândalo que isso causou, o poderio econômico da MGM varreu o acontecimento do mapa e os detalhes conseguem ser quase tão escabrosos quando o crime em si. Só vendo o documentário para acreditar.

Agora a pergunta que resta: e tecnicamente, o documentário é bom?

E a resposta é um categórico "não".

David Stenn, o diretor, roteirista e "ator" principal, não se contentou em contar a estória se baseando nos impressionantes fatos que estavam à sua volta. Ele preferiu se tornar o astro de seu próprio documentário sem, porém, ter a habilidade de cineasta de um Michael Moore (ame-o ou odeie-o, o cara sabe dirigir um documentário). Stenn, por seu turno, se torna um chato de galochas, especialmente quando começa a tirar onda de grande detetive. Não só ele consegue simplificar a estória e repetir a mesma lenga-lenga várias vezes, como, também, ele se acha um grande ator. Ele precisa, definitivamente, comprar um espelho...

E o pior é que, criando um suspense completamente artificial, Stenn começa dar a entender que Patricia Douglas ainda está viva e que conseguiu falar com ela. E é verdade, depois de muita enrolação, que seria típica de um Sílvio Santos, David Stenn, finalmente fala com Douglas e ele cosegue fechar bem seu documentário.

Se a estória não fosse tão fascinante por ser tão asquerosa, o documentário seria um lixo. Tendo em vista, porém, o magnetismo dos fatos trazidos por Stenn, ele até consegue se sair minimamente bem.

Nota: 5 de 10

Um comentário:

  1. Parabens pelo blog. Eu fiquei no minimo umas 2 horas lendo ele. Está adicionado aos meus favoritos. abraços

    ResponderExcluir

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."