sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Crítica de filme: A Serious Man (Um Homem Sério)

Não é nenhum segredo que sou fã dos irmãos Coen. Assim como quase todo mundo, eu os conheci de verdade com o brilhante Fargo. Sem saber, quando vi Fargo eu já havia visto - e adorado - Raising Arizona. Daí a eu caçar Blood Simple, Miller's Crossing, Barton Fink, The Hudsucker Proxy (que eu simplesmente adoro), The Big Lebowski (que, por incrível que pareça, é o filme que menos gosto deles), O Brother Where Art Thou, The Man Who Wasn't There, Intolerable Cruelty, The Ladykillers, No Country For Old Men e Burn After Reading foi um pulinho.

Assim, por sorte viajei a trabalho para Nova York na semana do lançamento ultra-limitado (apenas NY e LA e mesmo assim só em 2 ou 3 cinemas) do mais novo filme dos irmãos Coen:  A Serious Man. Esse filme não tem nomes conhecidos como Burn After Reading mas é uma comédia de humor negro (muito negro) que trata de temas que só posso reputar são muito pessoais para os Coen. É um filme sobre família, profissão e, sobretudo, sobre a religião judaica e suas tradições.

A estória se passa em 1967 e nos conta sobre o professor Larry Gopnik, vivido por Michael Stuhlbarg (egresso da televisão - mais sobre a atuação dele para a frente). Larry está para ser efetivado como professor na escola que leciona mas sua vida começa a mudar quando sua mulher (Judith Gopnik vivida por Sari Lennick), assim como não quer nada, lhe diz que quer o divórcio e que vai se casar com Sy Ableman (Fred Melamed), um amigo da família rico e de fala mansa. Ao mesmo tempo, Larry tem que lidar com os problemas escolares de seu filho e com a mania de sua família de lavar o cabelo. Isso sem falar no fato de que seu inútil irmão, Arthur (vivido magistralmente por Richard Kind), dorme no sofá de casa, atrapalhando todo mundo.

Os irmãos Coen vão desconstruindo a vida pré-concebida de Larry aos poucos mas sempre de forma intensa, acrescentando problemas quase que de forma caricatural (tem até a vizinha que toma banho de sol nua). Larry, em vista desses terremotos, sai à procura de ajuda espiritual, conversando com três rabinos. Contar mais é estragar o filme mas basta dizer que cada rabino representa uma idade diferente, um grau de experiência diferente e, com isso, um grau de ajuda diferente. São sensacionais os diálogos de Larry com os dois primeiros rabinos e o tempo que os Coen "perdem" nos mostrando isso. A religião é parte integrante desse filme, desde seu começo, mas os irmãos Coen não estão tecendo críticas negativas ou positivas. Apenas refletem a vida, aquilo que é e que poderia ser com qualquer religião, não só a judaica.

A atuação de Michael Stuhlbarg é algo fora de série que merece a atenção de todos. Nós somos apresentados a um Larry bem de vida, tranquilo, sem maiores problemas. Ao longo do filme a transformação do personagem é chocante mas sempre sutil (talvez seja chocante POR QUE é sutil) e acabamos vendo Larry em desespero total, sem saber o que fazer e com dilemas morais gigantescos. Michael consegue transmitir esses profundos sentimentos de forma absolutamente genuína e brilhante. O filme já merece ser visto só pela atuação dele.

Uma coisa é certa: ainda que os  irmãos Coen queiram mostrar que sua vida sempre pode ficar pior, é evidente que os filmes deles sempre podem ficar melhores.

Nota: 9,5 de 10

7 comentários:

  1. E quanto ao início do filme, a fábula sobre o (possível) morto que visita uma família? Preciso de uma luz sobre essa passagem! = p
    O que achou?

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  2. Além do início da filme, o que significa o fim dele? Me desculpe mas minha ignorância não permite entender esses tipos de surpresa onde as coisas acabam quando deveriam ter desfecho. Até hoje não encontrei nenhuma explicação para o fim do filme tirando o fato dele ter dado (potencialmente) a nota de C- para o aluno.

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  3. É IMPRESSIONANTE SUA CAPACIDADE DE ESCREVER SEM DIZER NADA.
    Não estou sendo grosseiro, nem sarcástico. Acredite-me.
    Se quiser no final até me desculpo.
    Mas fiquei realmente impressionado.

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  4. Luana, já li que a passagem foi colocada lá pelos irmãos Coen quase que de galhofa. No entanto, eu particularmente acho que ela faz sentido no filme já que prenuncia a vida desgraçada do professor, uma espécie de maldição com origens remotas.

    paulorscasaca, sobre o final, tenho para mim que os Coen simplesmente quiseram mostrar que sua vida pode estar ruim mas, mesmo assim, ela pode ficar pior.

    Anônimo, desculpas são desnecessárias. É sua opinião e eu a respeito. Às vezes posso realmente dar a impressão que escrevo sem dizer nada mas é que tento ao máximo não contar nada importante sobre a trama do filme pois detesto "spoilers" em críticas.

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  5. desculpem-me, mas eu achei esse filme uma bela M...aqui na Holanda, que é a terra das "estranhezas artísticas", a maioria achou uma bela porcaria... Tô cansadinha dessa vanguarda...Bjs!

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  6. Achei o filme sensacional. Uma cena que achei bem interessante foi a de Artur e Larry na "piscina" do hotel. Artur se diz inferior a Larry por ele ter uma família, um emprego. Ou seja, Artur não sabe o que se passa na vida de Larry. Ele tem uma opinião sobre a aparência que a vida de Larry mostra a ele. Porém, as aparências enganam.
    O filme é bem irônico. O médico fumante, por exemplo. Larry provavelmente tem algum câncer, e ele não fuma.
    Enfim, muito bom.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."