sábado, 29 de novembro de 2008

Crítica de filme: Burn After Reading


O mais novo filme dos irmãos Coen, Burn After Reading, é um alívio para a tensão que foi No Country for Old Men. Não que o No Country seja ruim, ao contrário, é uma obra-prima sensacional. Mas é que a mensagem triste e pesada do filme ganhador do Oscar é completamente diferente da mensagem de Burn After Reading.

Burn é, por excelência, uma comédia. No entanto, os Coen fizeram o filme como se estivessem filmando o mais novo filme de Jason Bourne ou de James Bond. Começa com uma imagem da Terra e um constante zoom até a sede da CIA. Lembra muito o começo de Enemy of the State, de Will Smith. Os cortes e a montagem são frenéticas, com muito uso de câmera na mão. A trilha sonora, também, tem o mesmo tom: é igualzinha ao padrão de filmes de espionagem, com suspense e mudanças de atmosfera todo o tempo.

A estória é brilhante: Osbourne Cox (John Malkovich) decide largar seu emprego na CIA e parte para escrever suas memórias. Em determinado ponto da estória, um CD contendo parte do que escreveu cai nas mãos de Chad Feldheimer (Brad Pitt), um personal trainer gay e de Linda Litzke (Frances McDormand), uma gerente de academia completamente desgostosa com seu corpo e com sua vida. Os dois, então, partem para chantagear Cox. Paralelamente, há a estória de Harry Pfarrer, um policial metido a garotão vivido por George Clooney e Katie Cox (Tilda Swinton), esposa de Osbourne Cox.

Só o elenco já é razão mais do que suficiente para se assistir ao filme. Não há adjetivos suficientes para qualificar a galera que listei aí em cima. Todos estão sensacionais. Talvez o melhor seja o mais improvável: Brad Pitt. Ele está arrasando como uma bichona das mais alegres. Clooney também está ótimo e merece destaque.

É sensacional ver os Coen usando os clichês e chavões dos filmes de espionagem para demolir todas as convenções e mostrar que até essa profissão pode ser ridícula e completamente mundana. Todo o heroísmo dos super-espiões que vemos é pisoteado pelo jeito pretensioso de Cox e a completa burrice de Chad e Linda. Esse dois, chegam a levar o CD com as valiosas informações para a embaixada Russa, tentando reviver os tempos de guerra fria.

O mais bacana é ver que as pessoas podem ter problemas pessoais e familiares mais complicados que a relação dos EUA com a Rússia e esse jogo comparativo os Coen jogam com maestria, para o prazer da platéia. É traição de todos os níveis para tudo quanto é lado...

É um filme light, cujos elementos "sérios" estão à serviço da comédia e paródia. Os irmãos Coen acertaram mais uma vez. O mote do filme "Intelligence is relative" já diz tudo sobre o que esperar dessa grande obra.

Nota: 9 de 10

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