domingo, 4 de janeiro de 2009

Mudando de idéia sobre a Parte III (SPOILERS!!!)

É rara a trilogia cinematográfica que mantenha o equílibrio durante os três filmes. É bem mais comum o diretor escorregar no terceiro filme, tal como Sam Raimi fez em Spider-Man 3. Duas são as trilogias que me vêm à cabeça quando penso em qualidade: Star Wars (a trilogia original, claro) e Indiana Jones (sei que é uma tetralogia mas vocês entenderam o que quis dizer). Os três filmes de cada uma das trilogias têm mais ou menos a mesma qualidade, sendo que essa qualidade é de muito boa para cima.

Há pouco tempo assisti The Godfather mais uma vez, não só porque estava na lista do Club du Film mas porque comprei o Blu-Ray remasterizado da trilogia. Sem precisar de maiores comentários, é uma das mais sensacionais obras cinematográficas já feitas. Aproveitei a oportunidade e assisti a The Godfather Part II e, novamente, está no nível do primeiro filme.

Mas, como o título revela, não quero falar sobre esse dois filmes. Quero tratar do terceiro. Coppola, depois de 20 anos, partiu para dirigir The Godfather Part III, que conta a queda final de Don Michael Corleone. Ele quer desesperadamente legitimar os negócios da família mas seus "inimigos ocultos" o impedem de trilhar esse caminho. O filme tem uma estrutura semelhante aos dois primeiros, mostrando o seio familiar dos Corleones, suas brigas e problemas depois de 20 anos dos acontecimentos do segundo filme. O tema "religião" que está fortemente presente nos outros filmes, é basicamente onipresente no terceiro, com Michael recebendo uma ordenação papal logo no início, comprando o controle da empresa Immobiliare do Vaticano e se confessando ao Cardeal Lamberto, que se tornaria o Papa João Paulo I. 

Havia assistido esse filme somente uma vez, no cinema, logo em seu lançamento em 1990. Lembro-me de tê-lo detestado. Mas eu era jovem e idiota. Talvez não seja menos idiota hoje mas certamente já não sou mais tão jovem. Adorei o filme nesse segundo momento. É um excelente final para uma excelente estória. Todas as pontas são amarradas e Michael colhe aquilo que plantou ao longo de seus vários anos do lado negro da força. O mesmo ocorreu com seu pai e a estória tinha que se repetir. O próprio Michael sabia disso. Al Pacino, assim como nos outros filmes, está brilhante, com uma raiva inacreditável em seu interior, que o corrói completamente. Talia Shire, irmã de Coppola (que, aliás, nessa trilogia, empregou basicamente toda a família) está soberba como a voz forte da família (nada parecido com a chata da Adrian, da série Rocky). Quem quase rouba a cena, porém, é Andy Garcia, como Vincent Mancini, filho bastardo de Sonny Corleone (James Caan no primeiro filme). Andy conseguiu reunir, em seu papel, as qualidades de cada um dos Corleones. É raivoso como o pai, meticuloso como Michael e, ao mesmo tempo, doce como Fredo. Outro papel sensacional é o de Eli "The Ugly" Wallach como Don Altobello.

O filme é, talvez, tão rico quanto os demais mas, certamente, não tem a qualidade de seus irmãos mais velhos e duas das principais para isso são: (1) Sofia Coppola e (2) a cena final. 


Francis Ford Coppola pode ser considerado um gênio na escolha de seu elenco. Queria Marlon Brando para viver Don Vito Corleone e brigou com a Paramount sobre isso. O mesmo aconteceu com Al Pacino. Matou a pau ao escolher Robert de Niro para viver Vito Corleone quando jovem, James Cann para o papel de Sonny, Robert Duvall para o papel de Tom Hagen e Talia Shire para o papel de Connie. Acertou de novo com Andy Garcia para viver Vincent. Acertou com todos os atores coadjuvantes. Acertou até mesmo ao escalar seu pai para compor parte da trilha sonora (junto como Nino Rota). No entanto, errou feio (muito feio!) ao escalar Sofia Coppola para viver Mary Corleone, filha de Michael. A garota foi perfeita no papel de Mary bebê na cena do batismo do primeiro filme, pois não precisava atuar. No entanto, no papel de Mary adulta, Sofia foi uma catástrofe. Além de feia (tem a boca mais torta que a de Stallone), atua tão bem quanto uma porta, com expressões no nível das de Dolph Lundgren no primeiro - e melhor - Punisher.

O segundo problema do filme é a cena final da tentativa de assassinato de Michael e os assassinatos dos traidores a mando de Vincent Corleone (ex-Mancini). Toda a cena ocorre durante a estréia da montagem da ópera Cavaleria Rusticana estrelada por Anthony Corleone, na Sicília. Ela se arrasta por mais de 25 minutos, tornando-a bem chata e anti-climática, com uma resolução não muito completa e meio apressada. De bom mesmo só a morte de Mary Corleone, que deveria ter morrido nos primeiros 5 minutos de filme e a sensacional expressão de dor de Al Pacino.

Se não fossem esses dois defeitos graves, talvez o filme estivesse no patamar Olímpico de seus pares. Com eles, The Godfather Part III é, "apenas", um filme excelente.

Mais uma trilogia que mantem o equilíbrio. 

Nota: 9 de 10

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