Só para não deixar em branco, vale registrar que aluguei e vi dois filmes que queria ver há muito tempo: Dersu Uzala e Bufo & Spallanzani.
Dersu Uzala é um clássico do grande mestre Akira Kurosawa e é, certamente, um dos filmes mais magníficos que já assisti. O diretor, com sua habitual maestria, nos transporta até os confins da Sibéria, antes da Revolução Russa, para contar uma estória de solidão, amizade e respeito. É a estória do jovem Capitão Vladimir Arseniev que, ao liderar um expedição cartográfica ao interior da Sibéria, depara-se com Dersu, um nativo idoso e solitário, exímio caçador e que viveu praticamente a vida inteira na floresta.
Uma relação de respeito mútuo imediato surge entre o Capitão e Dersu, esse último sendo recrutado para ajudar a equipe militar. As imagens das desventuras de Dersu e do Capitão são magníficas e uma obra à parte. É fantástico o desenrolar da amizade improvável dos dois, que é construída ao longo de duas viagens do Capitão à Sibéria. A solidão em que vive Dersu é pesada e triste, quase avassaladora. O respeito do Capitão em relação ao magnífico caçador é palpável, quase uma relação entre filho e pai. A inocência do velho Dersu diante de fatos corriqueiros da vida - como quando é furtado por um inescrupuloso bandido - é de despedaçar o coração.
Poucas vezes me deparei com um filme perfeito e essa foi uma delas.
Bufo & Spallanzani é um filme brasileiro de 2001, dirigido por Flávio Tambellini e baseado em obra e roteiro de Rubem Fonseca. Conta duas estórias: a investigação de um aparente suicídio (da sempre bela Maitê Proença em ponta) e a estória ficcional da investigação de uma louca trama para se enganar uma seguradora. Segurando as duas tramas temos José Mayer, vivendo Gustavo Flávio, ex-amante do personagem de Maitê Proença, e autor do livro Bufo & Spallanzani, que conta a estória de Ivan Canabrava (também José Mayer) investigando uma morte suspeita. O filme usa o recurso muito batido de repetir os atores em dois papéis diferentes cada um e de criar um elo entre a estória verdadeira e a ficcional.
O filme funciona até certo ponto, quando, de repente, temos uma cena de violência gratuita inesperada (não que eu seja particularmente contra mas é que não combina com o filme) e várias pontas deixadas soltas ao final da trama. Parece até que o diretor se esqueceu de encerrar propriamente o filme. De toda forma, é um eficiente filme policial, que mostra uma visão idealizada do Rio de Janeiro e não aquela que estamos cansados de ver em fimes brasileiros: violência urbana, favelas etc.
Dersu Uzala: 10 de 10
Bufo & Spallanzani: 6 de 10
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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."