sábado, 10 de abril de 2010

Club du Film - 5.36 - Laura

O Club du Film (mais sobre ele ao final desse post) completou 4 anos de existência no dia 29.12.2009, quando assistimos Rouge (A Fraternidade é Vermelha), o terceiro filme da Trilogia das Cores do diretor polonês Krzysztof Kieslowski.  Rouge foi, na verdade, o primeiro filme do 5º ano. Mas consideramos toda a trilogia como uma sessão apenas, para não fazer muita confusão na contagem de filmes. Assim, Laura foi o quarto filme do 5º ano e o terceiro do ano de 2010, pois o assistimos no dia 18.01.10.

O filme, dirigido por Otto Preminger em 1944, é um autêntico noir em certos aspectos mas esse, diferentemente de muitos outros clássicos do gênero, tem uma espécie de nonsense embutido que chega a ser engraçado. Não dá para falar muito do filme sem estragar algumas reviravoltas e surpresas, pelo que, se você não o viu e tiver interesse em vê-lo - e eu recomendo - pare de ler meus comentários aqui.

Sua última chance de parar é agora. Eu avisei.

Ok, se estiver ainda aqui é por que já viu ou não se importa em saber de twists. A estória começa com a morte misteriosa de Laura (a bela Gene Tierney). Tamanho é o segredo e a estranheza que Preminger imprime ao filme que fica bastante óbvio, para quem está mais escolado com filmes dessa natureza, que essa morte talvez não seja morte mesmo. Não demora muito para o detetive encarregado do caso, Mark McPherson (Dana Andrews, extremamente caricato e canastrão), dar de cara com a vítima, vivinha da silva. Antes disso, porém, a primeira coisa "fora de lugar" acontece: Mark literalmente se apaixona pela imagem de Laura, antes de conhecê-la. Só falta ele entrar no quarto da vítima e roubar uma calcinha dela de tão estranha que é a coisa.

E não pára por aí, Laura tem (ou tinha) um protetor, um colunista bastante efeminado e irritante chamado Waldo Lydecker (Clifton Webb, cheio de trejeitos e excelente no papel). Ele conheceu Laura no começo de sua carreira, que acabou sendo impulsionada por ele depois que ela resolve abordá-lo em um restaurante (aliás, cena memorável, com tiradas brilhantes de Waldo). Como não poderia deixar de faltar em um filme noir, a narração é de Waldo que nos é apresentado lendo em sua banheira. Fica óbvio que esse maluco também é apaixonado por Laura.

E tem ainda Vincent Price (sim, ele, novinho, novinho mas já com cara de Dr. Phibes), um malandro aproveitador que, em tese, era o namorado de Laura à época de sua morte.

A trama rocambolesca não interessa muito, na verdade. As reviravoltas estão lá somente para divertir e impulsionar um filme que, de outra maneira, não seria nada interessante. Com diz Roger Ebert em sua crítica, a escolha do assassino é completamente aleatória, sem um crescendo que leve à essa conclusão. O interessante mesmo é ver coisas surreais como um dos suspeitos ter sua presença aceita no interrogatório do outro suspeito ou o detetive usar perigosamente estratégias bem do tipo Agatha Christie para fazer o assassino se revelar.

Chega a ser engraçado em diversos momentos mas, de alguma maneira que eu realmente não saberia explicar, o filme prende o espectador. Talvez tenha sido a capacidade de Preminger de extrair de Price e principalmente de Webb, atuações muito boas que roubam as cenas e, em última análise, o filme inteiro. Mark, o detetive, está lá apenas com a cola que dá algum sentido à trama mas o foco fica mesmo nos dois principais suspeitos, cada um agindo de maneira mais absurda que o outro e nós, no meio de tudo isso, não podemos deixar de sorrir e de nos divertir.


Sobre o Club du Film:

Há pouco mais de quatro anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo.

Notas: 

Minha: 7 de 10
Klaatu: 8 de 10
Barada: 8 de 10
Gort: 8,5 de 10

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."