Eu já falei bastante de Robert Zemeckis e suas frustradas tentativas de trabalhar com a tecnologia de captura de performance. Quem não leu, leia aqui.
De toda forma, vou resumir: em três tentativas seguidas até aqui (The Polar Express, Beowulf e, agora, A Christimas Carol), Zemeckis não conseguiu nem arranhar a superfície da tecnologia dominada por Peter Jackson na trilogia The Lord of the Rings e elevada até a décima potência por James Cameron em Avatar.
Mas, vamos olhar pelo lado bom. A Chrstimas Carol (Os Fantasmas de Scrooge) é o melhor esforço de Zemeckis. Para isso, ele teve que quase que repetir palavra por palavra o conto clássico de Charles Dickens sobre três fantasmas que visitam um milionário sovina (Scrooge, vivido por Jim Carrey) na Londres vitoriana para mostrar que ele deve tratar as pessoas melhor, ser mais generoso e festejar o Natal. A estória é magnífica, apesar de muito filmada, tendo se tornado meio que lugar comum.
Zemeckis não arriscou. Até o design dos personagens, incluindo os fantasmas, é chupado integralmente da obra de Charles Dickens. A única diferença é que Jim Carrey vive não só Scrooge (em suas várias idades) como também todos os fantasmas (até o fantasma do futuro, que não fala - vai entender). Obviamente, porém, como o filme foi filmado em 3D, Zemeckis tascou alguns exageros com vôos amalucados por Londres e coisas do gênero só para fazer o uso banal da tecnologia.
Sobre a tecnologia de captura de performance, Zemeckis fugiu do grotesco erro que cometeu em Beowulf ao tentar trazer à vida personagens fotorealísticos. Em Beowulf, o que vemos são um monte de cadáveres andando. Corpos sem vida e sem emoção que distraem completamente o espectador. Zemeckis deve ter percebido isso e tratou de caricaturar os personagens em seu novo filme. Assim, o que vemos é um desenho animado, com Scrooge sendo a caricatura do senhor idoso e sovina e não propriamente um senhor idoso e sovina. Isso resolveu o problema dos tais cadáveres de Beowulf.
No entanto, Zemeckis não empolga com sua direção obviamente limitada pela sua incapacidade de usar as tecnologias que o cercam da melhor forma possível. E olha que Zemeckis é um grande diretor, apenas escolheu um caminho que não domina e parece não se convencer disso.
Nota: 5 de 10
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