segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Crítica de filme: The Box

Assisti a The Box quando estive de bobeira em Londres no começo de dezembro. Trata-se do mais novo filme de Richard Kelly, diretor que em seu currículo tem apenas dois outros filmes: o cultuado Donnie Darko de 2001 e o completamente louco Southland Tales, de 2006. Apesar de ter sido originalmente anunciado para dezembro no Brasil, parece que ele só vai estrear em fevereiro de 2010.

Eu particularmente gosto muito de Donnie Darko mas me desapontei com as doideiras exageradas do segundo filme do diretor. Assim, foi com uma certa dose de precaução que fui ao cinema ver como é que Kelly conseguiu transformar em longa metragem o conto de Richard Matheson (autor de O Último Homem Sobre a Terra, recentemente adaptado mais uma vez como I Am Legend com Will Smith) que já havia sido convertido em um episódio famoso da série Twilight Zone (Além da Imaginação), sob o nome Button Button.

Posso dizer que até que Richard Kelly se saiu bem.

A estória é intrigante e se passa em 1976. James Marsden (o Cyclops de X-Men) vive Arthur Lewis, cientista e candidato a astronauta casado com Cameron Diaz (Norma Lewis). Os dois têm um filho pequeno e vivem a vida de contra cheque em contra cheque, sempre tentando esticar o dinheiro. Ao mesmo tempo em que a vida profissional dos dois começa a degringolar de vez (seria coincidência?), eles recebem a visita do misterioso e deformado Arlington Steward, vivido magistralmente pelo sensacional Frank Langella (vejam a atuação dele em Frost/Nixon). O Sr. Steward carrega uma caixa com botão protegido por uma redoma de vidro que só abre com uma chave. Se o casal apertar o botão, 1 milhão de dólares serão entregues para eles (naquela época, isso era muito mais dinheiro do que é hoje). Mas, claro, há uma "pegadinha". Ao mesmo tempo que eles se tornam milionários, alguém que eles não conhecem morrerá.


O dilema moral é evidente e, desnecessário dizer, o botão acaba sendo apertado. Segue-se uma investigação angustiante, com direito a pessoas meio "zumbis" e muita coisa sobrenatural e pouca explicação, bem no estilo Richard Kelly de ser. O final é particularmente de partir o coração.


No entanto, dos três filmes do diretor, The Box é o mais "pé no chão", se é que eu posso chamar um filme com teletransporte e controle mental como pé no chão. No entanto, as loucuras são meio que contidas nesse filme, tornando até mais coeso que o ótimo Donnie Darko. O uso de computação gráfica no filme, especialmente na deformação facial de Arlington Steward é muito bem feita. A direção mostra amadurecimento mas também mostra independência. Kelly se recusa a se conformar com os padrões hollywoodianos. Ele colocou um casal bonito nos papéis principais mas ao mesmo tempo os joga no meio de um dos piores dilemas morais já concatenados pela mente humana. Diaz, meio plastificada mas ainda considerada bela, não é um bibelô apenas. Guarda, em segredo, horrível mutilação que talvez se reflita na velocidade com que decide apertar o botão.


O filme exige bastante do espectador e não é de fácil digestão. Mas é um legítimo Richard Kelly. Tenho apenas receio que seus fracassos comerciais repetidos (The Box não fez quase nada na bilheteria) não o façam seguir o caminho mais fácil, tornando-se um diretor comum. Falta mais ousadia à Hollywood é Kelly é um dos poucos dessa raça em extinção.


Nota: 7,5 de 10

3 comentários:

  1. Ótima crítica, acabei de assistir o filme e devo dizer que é no mínimo intrigante, concordo plenamente quando disse que é um filme de difícil digestão, realmente não é do tipo que assistimos para relaxar a mente, o filme nos faz imergir a questões desconfortáveis mas acho que é muito importante a termos esclarecidas dentro de nós. Porém achei os elementos sobrenaturais desconexos, para mim até mesmo desnecessários, o que de certa forma degradou a riqueza das questões abordada no filme e a credibilidade do diretor, quero dizer, o enredo do filme já contia um certo peso e exigia atenção e sensibilidade dos expectadores por isso os elementos sobrenaturais tornaram o filme de difícil compreensão.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."