segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: L'Illusionniste (O Mágico)

O Mágico concorre ao Oscar de Melhor Filme Animado, juntamente com Toy Story 3 e Como Treinar Seu Dragão. Não creio que ele tenha muitas chances de vitória mas o desenho é muito simpático, talvez o melhor filme de Jacques Tati que eu tenha visto.


Para quem não conhece, Jacques Tati é o diretor e ator francês responsável pela criação do personagem Monsieur Hulot, que apareceu em filmes como Meu Tio e As Férias do Sr. Hulot. Eu particularmente detesto o tal personagem e os filmes feitos com ele mas, curiosamente, gostei muito de O Mágico. É que O Mágico foi escrito na década de 50 por Tati e nunca levado para as telas. O diretor Sylvain Chomet, do excelente As Bicicletas de Belleville, resolveu tirar a poeira desse roteiro e transformá-lo em um desenho animado com forte cara de homenagens ao adorado diretor francês e ao personagem por ele criado.

Essas homenagens não ficam escondidas aqui e ali. Elas fazem parte da essência do filme. Para começar, o nome do tal mágico que dá nome ao desenho é Jacques Tatischeff, nome completo de Jacques Tati. Em segundo lugar, a aparência do personagem foi modelada com base no Sr. Hulot que sempre foi vivido por Tati. Como se isso não bastasse, em determinado momento do desenho, o mágico entra em um cinema onde Meu Tio está passando e se vê na tela, criando, por alguns segundos, uma cômica situação. Além disso, assim como nos filmes com Sr. Hulot, o desenho é mudo, com palavras apenas muito simples e sons ininteligíveis.

Sobre o desenho, ele conta a comovente estória de um mágico tradicional francês que luta para continuar sua carreira, apesar da acirrada competição de números modernos, como bandas de rock, tomando de assalto os palcos do país. A procura de trabalho leva o velho mágico até a Escócia, onde conhece Alice, uma menina empregada de uma estalagem. A partir daí, os dois se tornam inseparáveis, com Tatischeff tornando-se um verdadeiro pai para a menina e Alice transformando-se, de uma tímida e mal ajambrada menina, em uma bela mulher louca para descobrir o mundo.

Essa relação paternal é lindamente demonstrada no desenho, com o mágico se desdobrando em diverso empregos somente para ser capaz para comprar pequenos presentes para Alice, que se deslumbra com cada um. Em determinado momento, fica até a impressão que a garota nada mais quer com seu pai postiço mas não é bem essa a verdade, o que fica claro no poético final.

A animação é linda, semelhante até certo ponto com As Bicicletas de Belleville, mas como menos "poluição visual" e mais foco na dupla de protagonistas. Diferente das Bicicletas, a música não é tão destacada, sendo, na verdade, bem discreta.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Box Office Mojo.

Nota: 8,5 de 10

5 comentários:

  1. "Relação paternal"? Não foi bem por aí, tanto que, no fim, o mágico é "trocado" pelo bonitão (mas, claro - e concordando contigo - não implica que ela tenha de fato 'largado' o mágico). Existia um pouco de interesse da parte dela, claro, pois ela achava que o Tatischeff poderia lhe conseguir tudo com sua mágica, mas ele, ao fim, se apaixona por ela sim.

    Trilha sonora discreta mas muito linda e apropriada.

    Abraço!

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    1. Concordo, desse jeito mesmo.
      Mas não ficou uma coisa deprê por parte dele, é como se ele fosse continuar a viver sua vida de mágico.
      Gostei.

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  2. Gostei da interpretação e, talvez, ela seja mesmo a mais correta. Apenas não "senti" isso vendo o filme. Para mim, a impressão que ficou é que ela se aproveitou sim do mágico mas mais na linha da relação pai-filha, já que isso faltava a ela naquela estalagem onde ela era empregada.

    Sobre ele se apaixonar por ela, sim é bem possível mesmo mas eu interpretei como um amor paternal.

    Mas gostei de seus comentários e sim, a trilha é muito bem colocada.

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  3. Não creio que ela tenha se aproveitado do mágico. O que me pareceu foi que ela acreditou que ele poderia fazer qualquer coisa com a tal 'magica' dele, o que é bem claro quando eles pegam a embarcação pra a Inglaterra e ela não possuia um bilhete.
    No fim, creio que o proprio magico tenha desistido mais de si proprio do que de Alice.
    Filme muito bom, trilha sonora muito bem empregada.

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  4. Bem, se você não quer ouvir os idiotas, não dê espaço prá gente falar, porque brasileiro é por si só idiota de pai e mãe, sortudo daquele que pôde estudar nesse país de ladrões e do outro lado os cultos que assistem todos os filmes e vão a todos as peças teatrais, não se misturam, ficam achando que são muito bons para isso. Depois do meu comentário, certamente virão mil repúdios, esperam para ler. Que merda!

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."