domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: Unstoppable (Incontrolável)

Tony Scott, o diretor de Incontrolável, sempre foi diretor de filmes descerebrados mas extremamente divertidos, como Top Gun, O Último Boy Scout, Maré Vermelha e Inimigo do Estado. Ele erra feio aqui e ali, como nos casos de Domino - A Caçadora de Recompensas e Dias de Trovão mas, no somatório, ele está bem na fita, em minha opinião.


Desde Chamas da Vingança, também estrelando Denzel Washington, Scott adquiriu o gosto pela câmera ultra nervosa, cortes muito rápidos e transições quase que experimentais. Incontrolável, mais um filme que sofre com esse gosto estranho, talvez seja, impressionantemente, o melhor filme do diretor. Sim, a trama é banal, os diálogos são óbvios, a construção dos personagens é forçada mas, por incrível que pareça, o resultado final é um excelente filme de ação, daqueles que te deixam roendo as unhas de nervoso, triste quando alguma coisa dá errado e alegre de verdade quando os heróis se dão bem. É diversão garantida.

A trama, baseada em uma estória verdadeira, trata de uma locomotiva descontrolada em alta velocidade, rebocando uma composição de 47 vagões, com quase uma milha de extensão total e o arriscado plano de Frank (Denzel Washington) e Will (Chris Pine) para impedir um gigantesco desastre caso o trem alcance a cidade de Stanton na Pennsylvania. O trem está carregado de material químico altamente tóxico e, se alcançar determinada curva de velocidade limitada correndo como está, a composição inteira descarrilará em cima de uma usina de gás.

Frank é um engenheiro veterano e Will é o condutor novato, os dois primeiro estereótipos básicos desse tipo de filme. Temos, ainda, o executivo da empresa dona do trem, Oscar Galvin (Kevin Dunn), que só toma decisões erradas e a controladora da ferrovia - Connie (Rosario Dawson) - que tenta arrumar a bagunça. Essas personalidades opostas ficam em atrito o filme todo da maneira mais comum que alguém poderia escrever esses personagens, como por exemplo, com os obrigatórios problemas familiares dos personagens principais. Se não fosse talvez a câmera tresloucada de Tony Scott, esse filme seria mais um para ser assistido entre cochilos à noite na TV.

Scott consegue colocar câmeras onde não se imagina. Embaixo do trem, ao lado, no meio de um furacão de grãos saindo de um vagão, correndo atrás dos personagens e por aí vai, tudo de maneira a deixar clara a urgência e o desespero da situação. Troca de ponto de vista entre o helicóptero da imprensa e os personagens de maneira inteligente e eficiente e faz aqueles close ups rápidos que só têm como função deixar o espectador com o coração na mão. A não ser que você tenha um coração de pedra e um senso crítico que não aceita nada mais que "filme francês cabeça fora de foco", não tem como não ficar pilhado durante todo o filme ou pelo menos, a partir do momento em que Frank e Will correm atrás do trem descontrolado.

E a dinâmica entre Denzel Washington e Chris Pine, apesar de muito clichê, é gostosa de se ver. Washington  é um grande ator que sabe fazer esses papéis unidimensionais com bastante sinceridade. Pine (astro do reboot de Star Trek), se se cuidar bem, vai pelo mesmo caminho. Rosario Dawson é uma diversão de se assistir e fico imagino o porquê de ela ter tão pouco destaque em Hollywood.

E a cereja no bolo é que, depois do filme, fui pesquisar os tais "fatos reais" em que o filme se baseou e descobri que houve um trem descontrolado em Ohio quase que exatamente da mesma maneira retratada no filme, com a mesma solução. Até mesmo a presença de um veterano e um novato no trem de resgate houve. Difícil de acreditar, mas é verdade. Façam sua própria pesquisa!

Em poucas palavras: esse filme, que concorre ao Oscar de Melhor Edição de Som, é ótimo e merece ser visto por aqueles que querem unicamente diversão, tensão e quase um ataque do coração...

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8,5 de 10

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