segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: Black Swan (Cisne Negro)

Cisne Negro é a mais recente obra da curta carreira de Darren Aronofsky, autor de Pi (1998), Requiem para um Sonho (2000), Fonte da Vida (2006) e O Lutador (2008). Os quatros filmes que antecederam  Cisne Negro são sensacionais na opinião deste humilde crítico, com especial destaque a Requiem para um Sonho, que deveria ser filme obrigatório para todos, principalmente os pré-adolescentes, como parte de programa de luta contra as drogas e O Lutador, que foi criminosamente esquecido pela Academia nos quesitos Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Edição, na cerimônia do Oscar de 2009 (ficou, apenas, com as indicações de Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante).


Cisne Negro vem recebendo inflados elogios por um bom número de críticos aqui e ali, com uma certa unanimidade sobre a atuação de Natalie Portman, no papel de Nina Sayers. Falarei sobre a atuação de Portman mais para frente mas o filme em si não é muito fácil de gostar, tenho para mim. Trata-se de um thriller psicológico, talvez até um horror psicológico, que conta a estória de Nina Sayers, uma bailarina perfeccionista, que almeja o papel de Cisne Rainha em O Lago dos Cisnes, o balé inspirado na composição de Tchaikovsky.

O papel, na verdade, é duplo pois O Lago dos Cisnes conta a estória de Odette, que foi transformada em um cisne branco por Von Rothbart, uma feiticeiro e somente poderá voltar a ser humana durante todo o tempo (ela se transforma em cisne apenas durante o dia) se ela encontrar amor eterno. O Príncipe Siegfried seria esse amor eterno se ele não tivesse sido enganado por Odile, a filha de Von Rothbart, mais conhecida como Cisne Negro. Depois da traição, Siegfried corre ao lago para pedir perdão à Odette mas os dois acabam se matando, quando percebem que é a única maneira de quebrar o encanto.

A importância de se conhecer o básico de O Lago dos Cisnes, conforme o resumo acima (eu, particularmente, não gosto de balé) é que o é uma espécie de reflexo da clássica estória, uma quase transposição do drama para uma linguagem moderna, sem perder de vista os aspectos clássicos (o próprio balé e a incrível música). Assim, voltando ao filme, Nina quer o papel e tem certeza que seu perfeccionismo a levará até lá, o que acaba mesmo se concretizando. No entanto, nesse processo obsessivo, que continua depois de ser confirmada no papel, Nina vai perdendo contato com a realidade.

Aronofsky faz isso de maneira estupenda. Primeiro, ele caracterizou Nina como uma mulher com rosto e atitudes de menina, super-protegida por sua insuportável mãe (Barbara Hershey, no papel de Erica Sayers). Ela só se preocupa com a técnica, ao passo que o coreógrafo, Thomas Leroy (Vincent Cassel, um tanto quanto canastrão mas passável) quer uma atitude mais selvagem por parte de Nina quando ela dança no papel de Odile, o Cisne Negro. Sua montagem de O Lago dos Cisnes, como deixa claro no início, é "visceral" e ele quer uma Odile menos presa à técnica. Isso deixa Nina, perfeita para o papel de Odette, desesperada.

E as coisas pioram quando Aronofsky introduz aos poucos Lily (Mila Kunis) uma potencial concorrente de Nina. Lily é, por natureza, o Cisne Negro e o embate entre as duas é inevitável. Resta saber, no entanto, em que nível existe ou pode acontecer esse duelo. E o diretor, ao misturar realidade com paranóia e alucinações, deixa o espectador completamente desnorteado.

Como se isso não bastasse, a transformação de Nina em Cisne Negro acontece, às vezes, de maneira que lembra muito A Mosca, de David Cronenberg, mas sem chegar às vias de fato. Em determinados pontos da estória, ficamos nos indagando o que realmente está acontecendo e o que é nossa imaginação. Vimos aquilo mesmo?

E o uso da edição precisa e da trilha sonora retumbante torna o filme ainda melhor, um verdadeiro deleite de se ver. Notem, por exemplo, a incrível cena em que Nina está no palco como cisne negro e, ao longo de rodopios estonteantes e da música cada vez mais alta e pontuada, os braços da bailarina se transformam em asas de cisne. Tudo é feito de tal modo que permite a conclusão que se trata de um efeito da montagem do balé criado por Thomas Leroy, da mesma maneira que permite a conclusão que ela está se transformando no personagem.

E isso pois nem mesmo abordei questões subliminares interessantíssimas que Aronofsky de propósito não aborda tais como (1) que tipo de relação têm exatamente mãe e filha? (2) Nina é o cisne branco que se transforma em negro ou ela é o cisne negro com uma forte camada protetora de cisne negro?

E aí é que entra a mais do que impressionante atuação de Natalie Portman. Essa atriz, redescoberta por George Lucas em sua segunda trilogia Star Wars (basicamente a única coisa boa que resultou desse projeto) normalmente é considerada belíssima, com o que concordo. Em Cisne Negro, ela entregou-se tanto ao papel que consegue até ficar feia permanecendo bonita. Explico: seu papel de Nina/Odette/Cisne Branco exige pureza angelical e isso ela consegue mostrar com físico magérrimo (quase esquelético) e rosto puro, quase de criança. Por outro lado, essa sua faceta também revela uma mulher retraída, tímida, talvez até frígida e esse lado todo discreto de Nina acaba enfeiando a atriz mas, no processo, colocando-a exatamente como esse complexo papel exige. Nina não olha nos olhos das pessoas, fecha os olhos em desespero toda vez que sua mãe a chama e treina incessantemente o balé. Sua vida é um verdadeiro inferno e talvez ela não tenha conhecido um verdadeiro momento de prazer em sua vida. É a atuação de uma carreira e Portman deve levar o Oscar por ela.

Entra, então, Lily (Mila Kunis) que, como já disse, é seu exato oposto. Kunis, mais conhecida por seu papel na série de TV That 70's Show, também impressiona em seu papel pois, muito pela direção de Aronofsky, não fica claro se ela tem as características do Cisne Negro mas ela não é má de verdade ou se sim, o plano dela é tomar o lugar de Nina, assim como acaba acontecendo com Nina quando a bailarina principal é aposentada (Winona Ryder fazendo um ponta como Beth Macintyre).

Com todas essas características e um final, digamos, no mínimo estranho (eu tive dificuldade de engolir a cena final, devo confessar), Cisne Negro é um filme que talvez polarize os gostos entre os que o amaram e os que o odiaram e tanto um lado quando o outro - assim como no filme, na verdade - são completamente compreensíveis. Eu fiquei do lado dos que amaram o filme, considerando-o como o melhor filme do diretor até aqui e um dos melhores da lista de indicados ao Oscar esse ano (o filme concorre a Melhor Filme, Direção, Atriz, Fotografia e Edição).  

Eu estou no time que concorda com a frase que fecha o filme: "Eu senti, e foi perfeito."

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 10 de 10

15 comentários:

  1. não horror, mas terror psicológico, de fato. seria um terror puro (com elementos psicológicos imprescindíveis), de metamorfose até, se aronofsky tivesse sido mais corajoso, ouso dizer.

    só não entendo uma coisa: como você chega a dizer que não ficou completamente satisfeito - com a cena final -, mas dá a nota máximo ao filme?

    bem, abraço!

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  2. Interessante seu ponto sobre a coragem (ou falta de coragem) do diretor. Tenho para mim que se ele tivesse ido além, o filme descambaria para o terror comum, algo que ele não queria fazer. O filme é muito mais um drama psicológico com elementos de terror ou horror do que o contrário.

    Sobre meu comentário sobre o final e minha nota, eu explico, mas, para isso, precisarei mencionar SPOILERS. Assim, cuidado se você não viu o filme.

    Eu avisei.

    Vamos lá. Na cabeça dela, ainda antes do ato que ela se torna o Cisne Negro, Nina matou Lily com um pedaço de espelho. Segue, então, o ato em que ela dança magistralmente, exatamente como o diretor havia pedido (menos técnica, mais coração). No entanto, terminado esse ato, ela volta ao camarim e descobre que, na verdade, ela não matou Lily mas sim que ela enfiou o pedaço de espelho nela própria.

    Aí vem as perguntas: ela se esfaqueou mesmo antes do ato do Cisne Negro e, mesmo assim, conseguiu dançá-lo perfeitamente, sem nenhuma mancha de sangue? Ou ela se esfaqueou antes do último ato apenas mas, mesmo assim, conseguiu dançá-lo também perfeitamente, só aparecendo a mancha de sangue na hora "certa".

    Sei que estou tentando racionalizar um filme cujos aspectos psicológicos são enormes mas os demais viram a mancha de sangue. Como ela conseguiu dançar os atos?

    Será que ela se esfaqueou mesmo ou tudo aconteceu em sua cabeça apenas e o ferimento é psicossomático? Seria uma explicação interessante e eu gosto dela.

    Mas, aí explicando minha nota, eu apenas pensei na explicação 100% psicológica depois de acabar o filme. Na hora mesmo do final, fiquei meio confuso. De toda maneira, achei o resto todo tão bem feito, tão eficiente que não poderia dar menos que 10 para o filme apenas por um final que, afinal de contas, tem ao menos uma explicação possível.

    Obrigado por seu comentário e abraço!

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  3. na verdade eu sou totalmente contra o tipo de comentário "ah, o filme deveria ser assim ou assado". na minha opinião, a obra é e deveria ser como foi produzida - pois ela não é nossa, é do artista - e só nos resta avaliá-la, dizer se o artista foi feliz na sua concepção ou não. (não sei se consegui me fazer claro.)

    no caso de 'cisne negro', a questão é que ele conduziu o filme todo como um terror psicológico (por isso jamais horror, já que o horror é sempre concentrado no visível, no que é plástico), um filme que assusta pela densidade psicológica e calcado quase que completamente em elementos de terror - mas aronofsky não usa desses elementos de maneira comum, ele é muito mais discreto, sutil, mas, ainda assim, incisivo (e justamente por isso eu concordo contigo que não é um filme fácil).

    (aliás, um dos pontos negativos é que, vez ou outra, ele acaba caindo em lugar comum ao usar alguns desses elementos de terror, como na cena em que nina está ensaiando sozinha e vê um vulto que passa. mas nada que comprometa gravemente.)

    bem, voltando: a questão é que, quando vamos chegando ao fim do filme, depois de construir um terror de maneira magistral, aronofsky mostra que tudo aquilo se passa na cabeça de nina, e transforma tudo num thriller psicológico, do tipo "tudo aconteceu na cabeça dela". um solução meio 'deus ex machina', quando ele poderia deixar tudo na cabeça do expectador: 'tudo aconteceu na cabeça dela? ou era realmente uma metamorfose?'. ao meu ver, ele perdeu a chance de explorar o psicológico não só de nina, mas de qualquer um que tivesse assistindo. (e acho que isso até entra em concordância com o que tu falou sobre o que incomodou no fim do filme.)

    tive a impressão que ele meio que ficou com medo de dá a alternativa do 'terror de metamorfose' por causa da reação do grande público (que, com certeza, não iria receber bem). talvez porque não conseguisse explicar ao expectador o porquê das outras personagens do filme não reagirem à metamorfose da nina. (mas quem disse que isso necessita explicação? se não leu - e gosta de literatura - experimenta ler 'a metamorfose' de franz kafka. a arte não imita a vida.)

    discutindo exatamente esse ponto do final com um amigo - que concorda comigo -, ele me falou que um bom exemplo do que aronofsky poderia ter feito é o filme 'a hora do lobo' de bergman. nunca vi, mas sempre ouvi elogios.

    bem, é sempre um prazer discutir cinema com quem gosta de cinema. estarei acompanhando o blog.

    abraço!

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  4. Gostei muito da crítica, porém acho q neste comentário você está pensando muito no sentido literal do filme, ao dizer 'como ela conseguiu dançar o ato sem sangrar?' eu enxergo de uma forma diferente... para mim ela matou o cisne branco que existia nela, porque, só assim, ela conseguiria mostrar o 'cisne negro' que existia dentro dela e estava querendo se libertar a qualquer custo,como mostra o filme, no entanto, ela sempre foi o 'cisne branco' durante toda sua vida,suas caracteristicas e , até mesmo a super proteção de sua mãee, por isso, ao final do ato ela volta a ser o 'cisne branco' e , consequentemente, morre.
    Bom, essa foi minha interpretação ao ver o filme.
    Parabéns pelo Blog

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  5. Olá. Achei o filme muito bom. Concordo com quem disse que até o momento pode ser considerado o melhor filme de Aronofsky.
    Bem... quanto à cena final, se usarmos a razão totalmente, é impossível que ela tenha se ferido de verdade.
    Antes do ato do cisne negro, parecia que ela havia matado Lily. Antes, ela já tinha tido alucinações de Lily com o professor, e depois com o bailarino principal.
    Depois vemos que isso não ocorreu, pois Lily está viva. Passamos então para a segunda possibilidade: ela teria se ferido. Porém, isso é ainda mais improvável... Ela (nem ninguém) conseguiria dançar um ato inteiro com uma perfuração no ventre.
    Durante todo o filme acompanhamos as alucinações da personagem e, para nós, TODAS parecem reais.
    Quando ela se veste de branco, para o ato final, somente na hora da morte da personagem, o sangue brota em sua roupa. A morte, tanto dela quanto do cisne branco é totalmente simbólica. achei esta uma belíssima mensagem do Aronofsky.
    A perfeição do cisne negro em que Nina se transformou não poderia mais ser apagada da sua história.
    Aliás, ela passa o filme inteiro "transformando-se" no cisne negro. Assim, a Nina "branca" realmente morreu.
    Por fim, acho que a personagem padece de esquizofrenia. Isso explicaria boa parte das alucinações e eventos de dupla-persona. A repressão a que foi submetida durante sua vida inteira poderia ser a causa.
    No mais... quem entende completamente os filmes de Aronofsky? Sinceramente, eu não.

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  6. Bom, como você havia falado, existe a outra parte que odiaria o filme. Não odiei, apenas não entendi toda essa adoração pelo diretor, estória e etc.
    Na minha opinião: atriz ótima, filme bom. Não assistiria uma segunda vez.
    Sou médica e sempre fui amante da psiquiatria, apesar de não ter seguido essa especialidade. E através dessa lente senti-me um pouco frustrada.
    No que se refere ao balé e a música, o filme é satisfatório. Em se tratando de relações pessoais e interpessoais, acaba por ser muito superficial, o que para muitos pode ser designado como "ato proposital do diretor".
    Sou do grupo que prefere atuação e mensagens realmente sublimunares explicando psicose, paranóia e afins, não efeitos realizados por um computador, como as pernas de Nina curvando-se para trás.
    Belo filme, mas não merecedor de tantas expectativas, tampouco de um Oscar.

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  7. Bia, consigo entender perfeitamente seu raciocínio. Aronofsky não usou discrição no filme ao tratar do possível distúrbio de Nina. Mas, realmente, acho que foi uma escolha estética dele deixar transparecer fisicamente para os espectadores o que estava acontecendo dentro da cabeça perturbada da bailarina. Mas, de novo, entendo seu ponto.

    Apenas acho que ele não tratou superficialmente das relações entre os personagens. Aí eu acho que ele foi bem discreto, não deixando de deixar nas entrelinhas a relação de Nina com Lily, com Thomas e com sua mãe. Ele deixou várias mensagens subliminares sim, especialmente a possível interpretação da relação doentia da mãe com a filha, com grande possibilidade de haver até mesmo relação sexual entre elas.

    Mas o filme funcionou para mim. Sobre o Oscar, acho difícil o filme ganhar o prêmio máximo exatamente por que as críticas do filme são bem polarizadas e por não ser um filme com "cara" de Oscar.

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  8. Não entendi como a censura desse filme pode ser 12 anos. Esse filme foi apresentado no meu colégio e eu simplesmente fiquei horrorizada com as cenas de terror ,sexo explícito e lesbianismo (sem preconceito). Sei que tem pessoas da minha idade que assistem isso em casa, mas primeiro que na escola não é lugar adequado para se passar um tipo de filme como esse e segundo que eu não vejo essas coisas na minha casa. A explicação é que o filme foi apresentado para tratar da esquizofrenia mas tem muitos filmes bons que falem sobre esse assunto, como O Solista. Quanto ao filme, eu pesquisava sobre as mensagens subliminares contidas nele, pois fiquei sabendo que ganhou o segundo lugar do oscar pela quantidade de mensagens subliminares. Não sei o que realmente dizem os personagens, pois o que assisti era legendado e a tradução falava coisas que podiam ser faladas de outro jeito. Por exemplo, quando se podia falar "fui pra cama" se falava uma coisa muito pior! Na minha opinião, a censura deveria ser 16 ou 18 anos. O filme também não me agradou, pois não dava para saber quando era realidade ou quando Nina estava tendo alucinações.

    Essa é minha opinião!
    Abraços.

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  9. Luamar, não sei qual é sua idade mas você parece ser uma pessoa muito lúcida. Parabéns.

    Em minha opinião, sua escola agiu errado. Para começar, a censura oficial desse filme é de 16 anos, não de 12. Em segundo lugar, mostrar um filme desses sob a desculpa de que estamos "estudando esquizofrenia" é uma desculpa esfarrapada para mostrar um filme de sucesso que está passando no cinema. Seria muito mais correto mostrar o filme Uma Mente Brilhante, com Russel Crowe.

    Cisne Negro vai além da esquizofrenia, pois trata também da obsessão e há conotações sexuais quase explícitas a todo momento.

    Entendi a razão pela qual você não gostou do filme e respeito mas creio que o diretor tenha nublado a linha entre realidade e imaginação de propósito.

    Como pai, se eu soubesse que a escola de minha filha tivesse passado Cisne Negro para elas, eu reclamaria formalmente.

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  10. O filme é excelente. Típico das ideias de Aronofsky, que mergulha fundo no interior das pessoas. Finalmente o protagonista de seu filme foi premiado (Ellen Burstyn e Mickey Rourke eram favoritos, mas perderam ¬¬). Em Cisne Negro, Natalie Portman está sensacional. Mereceu o Oscar e, sinceramente, Darren Aronofsky e David Fincher foram melhores diretores que Tom Hooper. O Oscar deveria ter ido para um dos dois. Enfim, "Cisne Negro" merece nota 10 e está entre meus filmes favoritos.

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  11. Uma nova narrativa interpretando cultura em Cisne Negro
    A perfeição cartesiana de uma, duas, três um tour pique em torno do ego perdido do humano moderno, me fez a luz paradoxal e nula do gozo nunca alcançado, não era verdade era arte competitiva, estabelecida por técnicas somada à não fruição do erro, mas o massacre do corpo, tal que se separa mutilado da mente breve como uma avalanche, chega a outra verdade, talvez a única que se faça no prazer cultural, a seduzida, com cabelos negros é a vontade, sem esquartejamentos pós modernos, sem divisão de corpo/alma, o estar sagrado é a fruição da vida, uma arte que deve seu impulso criativo `a fruição do acaso, o algo mais do que se tem, vem de repente, a ela dar-se-ia toda a sua espontaneidade, a virgindade da arte científica, da arte explicada, não da arte entendida, arte do alvo cisne seria levada ao extremo ocidente eurocêntrico representado pela frieza inglesa do capitalismo, levada a morte.
    Sufocada pela escolha tardia, pela liberdade que a fruição da vida nos dá. Odette e Odila remontando na origem dos nomes nos depararam com uma visão ocidental e oriental de mundo, na mesma carne.
    Ao perceber que o próprio nome é um jogo, que na verdade não existem verdades para a sedução, que a perfeição só pode levar à morte, à inanição da arte, e já a sedução destrói tudo o que encontra para partir do zero novamente, já que se existe um nível para perfeição seu fim existe, a sedução é astuta, é circular, não se importa com ângulos ou teoremas, ou sapatilhas que encarceram, sua universalidade é alcançada quando observador torna-se observado, a inveja foi impulso de sair do espartilho, a inveja é arma de competição sistêmica, a inveja tornou-se sedução, sedução do espelho, para alcançar outro patamar de perfeição, quem frui não participa destas regras, a regra é de acordo com a musica, como diz Jorge Ben Jor, tem que dançar dançando, não que não haja fidelidade a nada, mas se é fiel ao próprio desejo, a própria natureza de viver, conhece-se um grande amor, quando não se está preocupado no porquê da vida, mas em vive-la, compreende-la num olhar dialético, obtido através do espelho quebrado de mim mesmo, quando sua imagem se contraria e você se desprende da arrogância acadêmica.
    O preço de passadas cartesianas? É ter coisas sempre belas, extremamente simétricas, doentiamente belas, ocidentalmente corretas, politicamente vazias, sempre, sempre, sempre, com equilíbrio sombrio do estar certo, do imaturo viver livre, mas o atual mundo nos leva a liberdade de pensamento, basta aproveitar com fruição, isto virá mesmo que o pessimismo da elite artística não queira, como uma revolução descabida nas veias!
    mais em meu blog....

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  12. Comentando o que Ritter Fan disse sobre o final do filme:



    O ferimento foi real e não alucinação dela. O sangue é percebido pela Lily e o diretor até questiona o que a Nina fez, chamando por ajuda em seguida.

    Embora seja difícil de acreditar que ela tenha aguentado dançar com o ferimento, parece que ela se esfaqueou antes do ato do Cisne Negro.

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  13. Sim, é verdade, Fabio. No entanto, essa interpretação literal é um tanto quanto impossível e, em um filme desses, a interpretação literal pode não ser o melhor caminho. Tenho para mim que o ferimento foi psicossomático ou não houve ferimento algum, pelo menos não físico.

    Mas é um filme - e um final - que realmente gera esse tipo de discussão bacana!

    Obrigado por ler o blog!

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  14. Cada louco com sua mania.cada um que interprete como queira.Não ha como entrar dentro da cabeça e do coraçao de Aronofsky pra saber o que ele realmente quis passar.Entramos dentro de nós e buscamos atraves de nossos 'encuques',e experiencias interpretar essa historia no minimo neurotica.Nenhum filme jamais me fez pensar tanto na minha própria história como esse.Excelente filme sem duvidas,mas que é coisa de louco,ah isso é. kkk.

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    1. Isso lá é verdade. Cada um terá sua interpretação sobre o filme mas é a discussão saudável que enriquece tudo.

      Volte sempre!

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."