quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: Animal Kingdom (Reino Animal)

A cena inicial marca o tom desse filme australiano: vemos Josh (John Frecheville) impassível, ligando para sua avó (Janine Cody, vivida por Jacki Weaver, que concorre ao Oscar por esse papel) para dizer que sua mãe, Julie, acabara de morrer de overdose. E ao lado dele, vale frisar. A partir daí, Josh vai ao inferno e volta, também de forma impassível, quase que totalmente sem demonstrar sentimentos, em um poderoso filme que se assemelharia a um épico de gângster.


Josh é membro de uma família bem complicada. Além de sua mãe ter morrido de overdose (fica um sub-texto de que não foi nada acidental), seus tios são todos bandidos perseguidos pela polícia. A avó, Janine, é a matriarca, chefe da família, com um amor doentio, quase incestuoso, pelos fillhos, especialmente pelo completamente desequilibrado Andrew "Pope" Cody (Ben Mendelsohn). Josh é tragado para o seio desses problemas, tornando-se, por inércia, cúmplice em um assassinato perpetrado pela família em vingança à morte de um dos membros do grupo pela polícia que, de boazinha, não tem nada.

Os únicos momentos que Josh tem para si é com a namorada mas, mesmo esses momentos vão se deteriorando aos poucos, com maior envolvimento da menina com a família de sociopatas. Josh não tem idéia do tamanho do problema e sua perplexidade só vai aumentando na medida dos acontecimentos, especialmente quando passa a ser assediado por Leckie (Guy Pierce), um detetive de polícia que quer usá-lo como instrumento para derrubar toda a gangue. 

Esse envolvimento com Leckie torna Josh um alvo de dúvidas para a família e sua vida termina de desmoronar graças à impressionante manipulação de Janine. Aliás, Jacki Weaver faz a segunda mãe malvada que concorre a um Oscar de Melhor Atriz esse ano, sendo a outra Melissa Leo de O Vencedor (no caso, atriz coadjuvante). Seu papel é muito convincente, daqueles que dá vontade de pular na tela para agarrá-la pelo pescoço. 

Mas a grande estrela, para mim, é mesmo Frecheville, que parece não estar atuando quase nada em vista de sua completa impassividade mas que consegue deixar transparecer seus sentimentos em sutis movimentos e olhares. A vida de seu personagem entra em uma espiral de violência e morte da qual o espectador não vê saída e o ator consegue se segurar no papel de maneira muito eficiente, até o esperado mas mesmo assim chocante final.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8 de 10

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