sábado, 19 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: Biutiful

Quem conhece a obra de Alejandro González Iñárritu, o excelente diretor mexicano de Amores Brutos, 21 Gramas e Babel, pode talvez ter uma idéia do que é Biutiful, sua mais recente obra, que concorre aos Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Ator (Javier Bardem). As pistas já começam no nome do filme, "bonito" em inglês com a grafia errada, já mostrando que de bonito o filme não tem nada, pelo menos não no sentido mais simples da palavra.


Em Barcelona, Uxbal (Javier Bardem) é um homem com o estranho poder de falar com os mortos. Ele vive à margem da sociedade, ganhando dinheiro com a exploração de imigrantes ilegais na fabricação e venda de produtos falsificados e na construção civil. Sua vida miserável depende fortemente de outras vidas miseráveis.
Ele tem um casal de filhos que vive com ele já que está separado de sua mulher, Marambra (Maricel Álvarez), uma completa esquizofrênica (não vou usar o politicamente correto "bipolar").

Para piorar tudo, Uxbal descobre, tardiamente, que está com câncer, já em estágio avançado. Sem escolha, ele tenta arrumar os cacos de sua vida para tentar garantir um mínimo de segurança para seus filhos.

Iñárritu conseguiu, talvez, pegar o que há de pior nos seres humanos e reuniu tudo em um filme só. O filme cheira à morte. Barcelona, uma cidade normalmente ligada à beleza e alegria, é um lugar, sujo, sombrio e feio sob as lentes do diretors. Seus habitantes, da mesma forma, são todos tristes e acabados, formando, em conjunto uma espécie de purgatório.

As imagens são feias e, nesse sentido, são muito belas. Iñárritu faz sua mágica e dirige sensacionalmente bem mas acaba não nos brindando com um ótimo filme, o que seria de se esperar. Todos os elementos estavam lá mas o diretor se perdeu no roteiro que também co-escreveu.

Para começar, a mediunidade de Uxbal soa forçada no filme, como se Iñárritu precisasse colocar goela abaixo algum elemento sobrenatural. Acaba que esse aspecto, que abre e fecha o filme, fica completamente perdido na trama, somente sendo útil por alguns minutos e, mesmo assim, como uma espécie de trama paralela um tanto desconexa da principal. Entendi o que Iñárritul talvez tenha querido mostrar mas ele não foi feliz na execução, criando cenas desnecessárias e deslocadas.

Na trama principal, nenhum elemento além da personalidade de Uxbal é convincente e completamente desenvolvido. São vários os personagens coadjuvantes, pessoas que exploram Uxbal e que Uxbal explora, que entram e saem da trama mestra sem grandes cerimônias, mostrando-se bem unidimensionais. O odor da morte segue Uxbal e isso Iñárritu consegue fazer como ninguém mas a profusão de outros elementos acabam distraindo o espectador e alongando o filme (são 148 longos minutos), diluindo a força do roteiro.

O filme incomoda e isso é um bom sinal mas ele acaba não fechando, não mostrando uma  razão de ser como, por exemplo toda a desgraça de Preciosa deixa claro. A atuação de Javier Bardem, porém, consegue resgatar um pouco do que é perdido ao longo do filme pois ele é extremamente convincente como um atordoado e sofrido ser, arrastando-se pelo purgatório de Barcelona.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 6 de 10

Um comentário:

  1. Eu assisti e confesso que fiquei incomodada, achei o filme arrastado e as falas pausadas demais. Mesmo mostrando tanta dor e desgraça, faltou empolgação até para o sofrimento. Ele parecia um andarilho pertubado.

    Minha nota seria 5.
    É um filme mais ou menos.

    Abs
    Carla

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."