terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Crítica de quadrinhos: Fables - volumes 13 e 14

Bill Willingham conseguiu escrever 11 volumes perfeitos de Fábulas (Fables), estória em quadrinhos mensal do selo Vertigo (da DC Comics) sobre o que aconteceria se os personagens de contos de fadas vivessem entre nós. No volume 12, Willingham fez uma espécie de epílogo da grande guerra que acontece no volume 11, sem realmente avançar muito a trama. Com isso, ele conseguiu montar seu volume mais fraco.

Até a chegada do volume 13, quer dizer...


Willingham, talvez muito seguro de sua obra mais famosa, que está chegando ao número 100 esse mês, resolveu unir Fábulas com Jack of Fables, sua outra criação spin-off que, ao longo de seu quatro primeiros volumes não apresentou nada de tão sensacional, redimindo-se um pouco com os volumes 5 e 6. Em Jack of Fables, Jack, um Fábula extremamente poderoso que é escorraçado da convivência dos demais Fábulas já a partir do primeiro volume da série principal, tenta de todo jeito aumentar sua fama e enriquecer. Em determinado momento, ele descobre uma raça chamada de Literais, que, na verdade, são os criadores de todas as obras escritas do mundo, inclusive - e especialmente - as fábulas.

Essa briga de Jack com os Literais é que acaba, digamos assim, sangrando para Fables, gerando o crossover do volume 13, chamado muito propriamente de The Great Fables Crossover (reunindo os números 83 a 85 de Fables, 33 a 35 de Jack of Fables e 1 a 3 de The Literals,essa última uma edição limitada composta só por esses números mesmo). Infelizmente, Bill Willingham erra feio a mão e nos brinda com o pior volume de Fables até o momento.

A estória gira em torno de um Literal super-poderoso chamado Kevin Thorn. Seu poder é, simplesmente, criar ou destruir mundos apenas escrevendo o que quer. Na série de Jack of Fables, ele é libertado da prisão e, aos poucos, vai recobrando sua memória e acaba decidindo recuperar sua caneta mágica para destruir o mundo todo. Com base nessa premissa, Jack pede socorro aos Fábulas que, nesse momento, vivem todos na fazenda, já que Fabletown teve, digamos, alguns probleminhas com Mister Dark, o inimigo da vez. Chegando lá, Bigby, o lobo mau, Branca de Neve e mais um pequeno grupo de Fábulas do livro de Jack of Fables (as irmãs Page e Mr. Revise, além de Jack, o filho de Jack) partem para eliminar Kevin Thorn e Jack acaba tomando conta da fazenda já que Red Rose, irmã de Branca de Neve, está em depressão profunda com o falecimento de um personagem importante durante a guerra dos Fábulas. Assim, há uma clara inversão de papéis. Literalmente, Jack of Fables pula para a revista Fables e vice-versa.

E com essa "brincadeira" de um pular para a estória do outro, Bill Willingham se diverte. Mas no sentido ruim dessa palavra, infelizmente. Ele repete tanto esse tema e quebra tantas vezes a "quarta parede" que a estória torna-se chata demais. Além disso, ele faz errado aquilo que Mike Carey fez com maestria em The Unwritten: o uso de linguagem literária como se fossem seres vivos. Enquanto Carey consegue unir o mundo literário e o real de maneira eficiente e até poética, o esforço de Willingham parece mais um violento chute na porta.

Chega a ser patético que todo o esforço dos Fábulas se resuma a ter que chegar em Kevin Thorn antes que seu "bloqueio de autor" (esse muito bem representado, na verdade) seja vencido. Fica até parecendo enganação e isso vai se arrastando por dezenas e dezenas de páginas inúteis, tomadas por momentos como Bigby sendo transformando em toda sorte de bichos estranhos. Isso sem falar na resolução para lá de idiota.

No volume 14, chamado Witches e que coleciona os números 86 a 93 de Fables, Willingham finalmente parece voltar à forma e, principalmente à estória que criou. Terei que considerar The Great Fables Crossover como um soluço, algo que nunca aconteceu e, de fato, isso é perfeitamente possível pois todo o volume não influencia em nada a cadência da linha mestra anterior.

Witches conta os preparativos das bruxas de Fables para o contra-ataque ao Mister Dark, poderoso inimigo dos Fábulas que foi solto no mundo quando o Adversário foi derrotado na guerra ocorrida no volume 11.

Mister Dark é extremamente poderoso e cruel e tem como objetivo destruir os Fábulas. Não é, porém, um personagem tão instigante ou complexo como o Adversário (a identidade do Adversário é um dos grandes trunfos de Willingham) mas ele demonstra que, em breve, pode oferecer boas linhas de estórias para nós leitores. Frau Totenkinder, por outro lado, é a bruxa mais poderosa do lado dos Fábulas e isso fica claro no volume 14. Ela vinha sendo desenvolvida como uma complexa e misteriosa coadjuvante por todos os volumes de Fables e, agora, ela nos mostra a que veio, ainda que o embate com Mister Dark fique para outro momento.

Nesse meio tempo, Bufkin, o macaco azul voador (O Mágico de Oz alguém?) tem que enfrentar a bruxa Baba Yaga nas ruínas do escritório central dos Fábulas, destruído por Mister Dark. É uma boa estória paralela.

Mais para frente, temos uma estória separada passada toda em Haven (a cidade para onde o Príncipe Sapo vai no mundo dos Fábulas ou Fableverse) e mistura baseball com goblins. Muito divertida e bem construída.

É ver, agora, o que acontece no volume 15, chamado Rose Red, que coleciona os números 94 a 100, sendo que esse último número foi lançado apenas semana passada nos EUA, em edição especial de, claro, 100 páginas. Em breve volto com comentários.

Notas:

Volume 13 (The Great Fables Crossover): 5 de 10

Volume 14 (Witches): 8 de 10

Um comentário:

  1. Curtam a página da Fábulas - Fables no Facebook https://www.facebook.com/pages/F%C3%A1bulas-Fables/156629964527204

    ResponderExcluir

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."