segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Crítica de filme: Tron (Tron - Uma Odisséia Eletrônica)

Nem posso acreditar, mas já se passaram mais de 28 anos desde o lançamento de Tron - Uma Odisséia Eletrônica nos cinemas. Lembro-me claramente de ter visto esse filme no cinema e de ter ficado embasbacado com os efeitos especiais.

Revi o filme há bem pouco tempo, com minhas filhas, em antecipação ao lançamento de sua corajosa continuação, Tron - O Legado. Digo corajosa pois, nos tempos de hoje, seria muito mais lógico a Disney fazer o que está na moda e lançar um remake.

No entanto, ela preferiu outra estratégia e, ainda que a continuação fosse desnecessária - como são 90% das continuações - devo tirar o chapéu para o que a House of Mouse fez. Os comentários sobre o Tron recente serão feitos em seguida.

E olha que o primeiro Tron, quando lançado, foi um retumbante fracasso de bilheteria. Sim, Tron não cobriu seus custos de produção (custou 17 milhões e faturou 33 milhões, o que, depois da parcela dos exibidores, não cobre o custo, antes que alguém venha argumentar em contrário) e, apenas com o tempo, alcançou uma espécie de status cult mas, mesmo assim, de alcance limitado.

Tron conta a estória de Kevin Flynn (um jovem Jeff Bridges) que invade a rede de computadores da empresa da qual foi expulso, com a ajuda de Alan Bradley (Bruce Boxleitner). Ao contrário do que se pode imaginar, Tron não é um programa criado por Kevin Flynn, mas sim por Alan Bradley e ele é um coadjuvante na trama. Quando criança, tive dificuldades de entender o porquê do titulo do filme ser Tron, ao passo que o programa criado por Flynn - o protagonista - chamava-se Clu. Acontece que, depois de uma tentativa frustrada de hackear os computadores da empresa com Clu, Flynn invade fisicamente o local e acaba sendo lançado para dentro da "grade", ou seja, para dentro do programa de computador comandado por Master Control. Lá, Flynn, um usuário, tem que se aliar aos programas Tron e Yori (o avatar de Lori, vivido por Cindy Morgan) para derrotar Master Control e seu comandado (que pensa que manda) Sark (o avatar de Ed Dillinger, vivido por David Warner).

É no mundo eletrônico que vemos as já antológicas cenas das motos de luz (lightcycles) e a luta gladiatorial com os discos. Vemos, também, as luminosas roupas dos programas que, na verdade, foram piadas a mão, quadro a quadro, pelos produtores.

Tron, porém, tem o grande trunfo de ser o primeiro filme a usar computação gráfica em larga escala. Ele estava tão a frente de seu tempo que, para se ter uma idéia, ele foi desqualificado do prêmio de melhores efeitos especiais no Oscar pois a computação gráfica era considerada uma forma "ilegal" de se fazer efeitos. Incrível, não?

Mas o diretor e roteirista Steven Lisberger, que não fez nada de bom nem antes nem depois de Tron, não apresentou muito mais do que um filme visualmente impressionante para a época. O roteiro de Tron é quase inexistente de tão fraco e mal feito que é. A estória não faz muito sentido pois nunca fica claro o que realmente querem Master Control, Ed Dillinger e Kevin Flynn (dominação do mundo aqui, roubo de programas ali e não muito mais do que isso). O pouco que fica explicado, não gera nenhuma excitação ou senso de urgência. Os personagens são rasos como pires, extremamente mal desenvolvidos ao ponto de pouco nos importarmos com eles.

E não quero julgar os efeitos especiais como se estivesse em 1982. Há muitos filmes que se sustentaram muito bem, com efeitos considerados antiquados, como a trilogia original de Star Wars e o Fúria de Titãs original. Tron é um daqueles filmes que tem o ano de sua criação claramente escrito em letras garrafais de neon a cada segundo que o mundo dentro do computador aparece. Em 2010, nem mesmo reconhecemos aquilo que vemos como efeitos de computador pois parecem desenhos animados (pouco animados, por sinal) inseridos em um filme live action. Chega a ser constrangedor algumas vezes.

No entanto, ninguém pode tirar de Tron seu lugar no panteão de filmes memoráveis, muito além de seu tempo. Falar de mundos virtuais, vidas dentro de computadores, avatares e computação gráfica em 1982 é algo impressionante sob qualquer ponto de vista e, por essa razão, Tron merece uma saudação.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 6 de 10

Um comentário:

  1. Sim, concordo com o que diz sobre as continuações e as demais críticas sobre Tron... mas Tron, o Legado até que foi legal... aquela coisa do filho ir em busca do pai, no entanto, mesmo já sendo um pouco batida, acabou dando uma continuação a altura... ou melhor, um pouco bem mais alta que o primeiro. Parabéns pelo blog... gostaria de segui-lo, mas não achei a ferramenta, o Google Friends, que faz isso... se quiser, me seguir em um dos meus blogs, acharia ótimo.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."