terça-feira, 31 de agosto de 2010

Crítica de quadrinhos: The Unwritten - vols. 1 e 2

A Vertigo (divisão da DC Comics) talvez seja, atualmente, o melhor selo de quadrinhos mainstream existente. E, vindo de mim, isso é dizer muito pois não consigo suportar os quadrinhos comuns da DC Comics, com seus heróis exageradamente super-poderosos e com uma certa mania dos editores de destruir e construir universos a toda hora.

Vertigo é um selo que traz títulos consistentes como Fables, que comentei aqui e aqui além de Daytripper, I, Zombie, DMZ, Sweet Tooth e Unknown Soldier, entre outras. The Unwritten é uma de suas mais recentes apostas, tendo começado em julho de 2009, estando no número 16 agora.



Acabei de ler os dois primeiros arcos da estória, o equivalente aos números 1 a 12. O primeiro arco, intitulado Tommy Taylor and the Bogus Identity nos conta a estória de Tom Taylor, jovem que vive à sombra dos livros escritos por seu pai adotivo, que desapareceu há algum tempo. São livros cujo personagem principal - Tommy Taylor - foi claramente inspirado em Tom, com fortíssimas pitadas de Harry Potter. Tom é um cara normal enquanto que Tommy é um mágico em treinamento que, junto com dois de seus melhores amigos, luta contra um misterioso vampiro. Tudo vai bem até que uma misteriosa mulher, no meio de uma coletiva de imprensa, começa a colocar dúvida sobre o passado de Tom.

Mike Carey, o roteirista, consegue unir ficção e realidade de maneira brilhante, definindo os contornos dos personagens principais nesse primeiro arco sem, contudo, revelar muita coisa. Sua habilidade em esconder as pistas na frente do leitor dá um interessante tom investigativo à estória, que vai se desenrolando de maneira muito satisfatória, ainda que qualquer um consiga ver aonde mais ou menos a coisa vai parar. Mas a revelação de parte do mistério não é o mais importante mas sim a jornada do personagem em sua meta-estória.  Quem é que acompanhamos desde o começo da estória? Tom ou Tommy? Há alguém "movendo as peças" como um deus?

Carey faz, aqui, o que Bill Willingham não conseguiu fazer direito em sua série Jack of Fables, ao criar os personagens chamado Literais, verdadeiros criadores do mundo das fábulas. Carey torna o ato criativo parte integral da estória, costurando um passado de maquinações para o que acontece com Tom. Já Willingham, de maneira desleixada, jogou os Literais no meio da estória de Jack, sem efetivamente saber o que queria.

A arte de Peter Gross ajuda, de maneira muito eficiente, na narrativa, sem ser chata ou simples em momento algum.

O segundo arco de The Unwritten, Inside Man, obviamente, aprofunda no mistério. Tom, agora, apesar de ainda duvidar de quem ele é na verdade, passa a aceitar alguns fatos inegáveis. Afinal de contas, dessa vez, ele tem que escapar de uma prisão em território francês, inspirado no poema de Robert Browning, Childe Roland to the Dark Tower Came. Não sei se Carey estava fazendo uma homenagem a Browning e à Stephen King (que usou o poema como base para sua mega-série literária A Torre Negra) ou somente tentando pegar uma carona no sucesso de King mas o que posso dizer é que, independentemente de suas intenções, ele se sai muito bem, melhor até do que o próprio mestre do terror.

The Unwritten é uma excelente série que merece a atenção de quem gosta de quadrinhos.

Notas:

Volume 1 - Nota 9
Volume 2 - Nota 8,5

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