Refilmado em 2002 por Steven Soderbergh, com George Clooney no papel principal, Solaris é um clássico filme russo, dirigido em 1972 por Andrey Tarkovskiy com base na obra do autor polonês Stanislaw Lem. Foi visto pelo Club du Film (mais sobre ele ao final desse post) em 19.10.10.
Pode-se dizer que Solaris é, em muitos aspectos, a resposta soviética à 2001 - Uma Odisséia no Espaço, que Kubrick filmou quatro anos antes. São dois filmes que se passam no "espaço", são dois filmes longos, são dois filmes contemplativos, são dois filmes, em última análise, difíceis de se assistir. Particularmente, gosto muito de 2001, com suas inesquecíveis cenas do começo do homem, o balé de naves espaciais, o fantástico HAL 9000 e a psicodélica viagem ao final.
Assim, esperava gostar de Solaris, pois já tinha lido muita coisa interessante sobre o filme e, também, visto a refilmagem. Mas acabei me decepcionando.
Com 165 minutos, Solaris consegue ser longo demais e lento demais. Não é que eu não reconheça o valor do filme e respeite aqueles que gostaram da obra de Tarkovskiy. Talvez seja minha total incapacidade de suportar intermináveis cenas como a do passeio de carro por uma cidade que tenham prejudicado minha experiência mas é fato que não deu. Essa cena em particular, um passeio de carro sob o ponto de vista do automóvel por uma cidade em tese futurista (mas que lembra as partes feias da São Paulo atual, algo que, tenho para mim, foi o objetivo do diretor: mostrar que o futuro não é tão limpinho assim) demorar entre 5 e 10 minutos mas parece durar 2 horas. O objetivo do diretor é alcançado em menos de um minuto mas ele insiste em nos fazer passear por cenas repetitivas de uma cidade sem que isso tenha nenhum função específica na estória. Não se impulsiona a trama. Não serve de comentário ao que passou e não adiciona nada ao que vemos mais para frente.
Cenas assim continuam por todo o filme, uma atrás da outra, o que, para mim, reduziu em muito o prazer da experiência. E eu sei que muito dirão que 2001 também tem várias cenas longas demais, muitas sem sentido, mas a essas pessoas eu respondo novamente com a única resposta que tenho: para mim, 2001 funciona como está, perfeitamente bem, ao passo que Solaris teria se beneficiado muito de uma espécie de corte ou resumo, algo que Soderbergh fez muito bem em sua refilmagem.
Mas vamos à estória, que é sem dúvida fascinante: um psicólogo (Kris Kelvin, vivido por Donatas Banionis) é enviado a uma base espacial da missão Solaris, que orbita um planeta misterioso (também chamado Solaris). Aparentemente, houve algo de errado com a missão pois, dos cosmonautas que a compunham, um morreu e os outros dois não falam coisa com coisa. Kelvin, ao chegar na base, porém, depara-se com sua esposa já falecida há vários anos. Começa, então, uma intensa batalha psicológica entre o que é verdade e o que não é; os desejos mais íntimos de uma pessoa e o que nós somos capazes de fazer pelo que queremos. Há, no final, um interessante twist, que certamente gerará conversas pós-filme.
Mas, como disse, a estória é contada de forma exageradamente lenta, com cenas muito desconexas em relação à trama principal. Eu consigo enxergar um excelente filme que eu adoraria só elogiar por detrás das camadas e mais camadas de lentidão e repetição. Ele está lá mas nunca vem à tona.
Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Filmow.
Há quase cinco anos, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.
Notas:
Minha: 4 de 10
Klaatu: 5 de 10
Barada: 1 de 10
Nikto: 4 de 10
Gort: 5 de 10
Colega, no texto você apenas criticou o filme por ser "lento", e no fim não falou nada sobre a essência dele, que a Solaris é um ser provavelmente inteligente, toda a filosofia voltada à humanidade, nossos anseios pelo saber, pela conquista, as consequências disso tudo...
ResponderExcluirFilmes não são "lentos", as cenas sem diálogos também expressam ideias, essas mais instigantes, que necessitam de maior atenção. Solaris não é pra quem gosta e está acostumado com filmes que nos dão tudo mastigado.
Pois é, o resenhista perdeu tempo escrevendo esses achismos.
ResponderExcluirDesculpe. Mas não acho que tenha entendido o sentido do filme por completo. :/
ResponderExcluirResenha feita sem vontade. O filme é ótimo e funciona muito bem no tempo que se propõem. Seria impossível demonstrar is incômodos e frustrações pessoais do protagonista de forma mais rápida.
ResponderExcluirE a cena do carro até o voou demonstra justamente isso.