Diversos aristocratas e seus empregados são colocados em uma mansão por ocasião de uma festa, às vésperas de Segunda Guerra Mundial. Não se trata de uma festa comum, mas sim uma festa "de caça", onde os convidados, de dia, saem em grupos para caçar animais e, à noite, contam suas estórias, regados por muita comida e bebida. André Jurieux (Roland Toutain) é um piloto que acabou de fazer um vôo recordista.
Ele é, também, amante de Christine (Nora Grégor) que, por sua vez, é esposa de Robert de la Cheyniest (Marcel Dalio), o aristocrata dono da mansão. Vendo que sua amante não está entre as pessoas que o esperam depois do árduo vôo, André parte para a mansão. Antes disso, porém, André é indiscreto o suficiente para demonstrar sua frustração ao vivo, pelo microfone de um entrevistador.
Na mansão, uma espécie de jogo começa, de um lado os aristocratas ricos e, do outro, seus respectivos empregados, cada grupo com seus hábitos e desejos. Por si só, essa confrontação já seria suficiente para justificar o filme mas, claro, a chegada de André insere um ingrediente extremamente interessante em toda essa "sopa". Como Christine pode reagir ao que André deixou entrever em sua desmedida entrevista? O que André mesmo pode fazer, confrontado por todo um estrato da sociedade? E Robert, qual é o papel dele nisso tudo?
Mas Resnais ainda nos traz mais, muito mais. Ele consegue criar uma atmosfera claustrofóbica mesmo na enorme mansão e ainda nos traz um mistério, no melhor estilo Agatha Christie. Tudo, claro, dentro das "regras do jogo" que regem a sociedade como um todo. Tecnicamente, Resnais é perfeito, com ângulos de câmera brilhantes, tomadas longas, cortes perfeitos e o uso do chamado "deep focus", que mantém tanto quem está na frente quanto quem está atrás em foco para nós espectadores. É incrível ver a ação da frente ser "comentada" pelo complexo background criado por Resnais. Fico imaginando o inferno que deve ter sido sincronizar todos os atores.
Uma obra imperdível.
Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Filmow.
Sobre o Club du Film:
Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.
Notas:
Minha: 9 de 10
Klaatu: 5 de 10
Barada: 6 de 10
Gort: 8 de 10
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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."