domingo, 7 de março de 2010
Crítica de filme: The Secret of Kells
Nunca tinha ouvido falar de The Secret of Kells antes do desenho animado ter sido indicado na categoria de Melhor Filme Animado no Oscar de hoje. Eu, por coincidência, já vi pessoalmente, na Irlanda, o Livro de Kells e descobri que o desenho é baseado em uma das lendas sobre a origem desse livro.
A importância do Livro de Kells, que nunca foi completamente acabado, é o fato de ter sobrevivido mil anos quase que intacto e mostrar os quatro evangelhos do Novo Testamento com ilustrações deslumbrantes, realmente de tirar o fôlego. É considerado um tesouro inestimável da cultura Irlandesa. Vale ao menos pesquisar na internet para ver imagens das inacreditáveis páginas do livro.
O desenho, como já disse, trata de uma das possíveis origens do livro, que ele teria sido iniciado na ilha de Iona e, depois, trazido para a Abadia de Kells onde foi quase terminado. Na estória que vemos, somos apresentados a Brendan, um menino órfão que vive na abadia comandada por seu tio, o Abade Cellach. O Abade é paranóico com a defesa da abadia e vive, dia e noite, para comandar a construção de um muro para cercá-la. A ameaça é o povo do norte, os Vikings, que, nessa época, haviam realmente invadido o arquipélago britânico. Os monges que lá vivem, incluindo o menino Brendan, não gostam da construção e se interessam mais em escrever e ilustrar os livros, coisa que o Abade não faz há muito tempo. O desenho começa quando o irmão Aidan, da ilha de Iona, chega em Kells com o livro e o menino passa a ajudá-lo, para a irritação do Abade. Brendan acaba se envolvendo em aventuras junto com um espírito celta da floresta, tudo para permitir que o livro seja feito.
O grande diferencial de The Secret of Kells é a animação. Produzido pelo mesmo pessoal do excelente Les Triplettes de Belleville, Kells conta com animação 2D, muito parecida com o tipo de animação utilizada no videogame The Legend of Zelda - The Wind Waker. Soma-se a isso o estilo celta de desenhar, utilizando-se, claro, das vastas lendas locais e do próprio Livro de Kells. É uma beleza que realmente nos prende à tela. A música, também calcada em músicas celtas, combina perfeitamente com o estilo da animação e agrada bastante.
Com apenas 75 minutos, o filme é econômico demais no seu desenvolvimento. Muito do tempo é utilizado com a materialização da imaginação de Brendan, que pouco impulsiona a estória. Com isso, o final, que envolve a invasão Viking, claro, pareceu apressado. A resolução final, também, é extremamente corrida e abrupta, apesar de claramente deixar uma mensagem de esperança. Teria sido melhor se o diretor Tomm More (autor da estória baseada na lenda) tivesse tido mais calma para criar um dénouement mais satisfatório e completo para o filme.
O fim fraco, porém, não estraga o prazer que é assistir o frescor e a originalidade dessa animação.
Nota: 8 de 10
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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."