sábado, 6 de março de 2010

Crítica de filme: Crazy Heart (Coração Louco)

Coração Louco, filme dirigido pelo estreante Scott Cooper e estrelando Jeff Bridges no papel de Bad Blake concorre a três Oscar: Melhor Ator (Jeff Bridges), Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Gyllenhaal) e Melhor Canção Original (The Weary Kind).

O filme em si não tem nada de original e é aquela clássica estória de superação. Bad Blake (Bridges) foi um grande cantor e compositor de musica estilo country mas que agora vive da sombra do passado. Sozinho, alcoólatra, há tempos sem escrever músicas novas, Blake vive de dirigir pelo Estados Unidos fazendo shows onde o quiserem, de bares a pistas de boliche.  Ele não tem muito mais razão para viver quando encontra o amor em uma improvável relação com a jovem Jean Craddock (Maggie Gyllenhaal) e com seu filho de quatro anos, Buddy. Jean inspira Blake a voltar a escrever e gozar a vida, revigorando-o.

Quantas vezes já não vimos filmes como esse e até mesmo com cantores country? É quase um gênero em si só. No entanto, o que separa esse filme dos demais é a atuação impecável de Jeff Bridges. Entre indicações para melhor ator e melhor ator coadjuvante, no Oscar, Bridges teve cinco, contando com Crazy Heart. Essa é sua melhor atuação e ele merece ganhar a estatueta dourada. Tudo que ele faz no filme é perfeito, a começar com a caracterização de seu personagem com um home acabado mas não necessariamente amargurado. Ele vive a vida um dia de cada vez, sem pensar no passado ou no futuro. Não liga para si próprio mas fica clara sua carência. Bridges, que canta as músicas, efetivamente encarnou o personagem, tornando crível sua transformação ao longo do filme. Se não fosse isso, o filme desmoronava (mais sobre isso no final).

Magie Gyllenhal também está bem como Jean mas sua atuação é completamente engolida por Bridges em todas as cenas. Quem também aparece e foi uma surpresa total para mim é Colin Farrell, como o cantor country "do momento", Tommy Sweet. Normalmente eu gosto de Farrell mas, como sei que ele é irlandês, não consegui dissociá-lo suficientemente de sua origem para efetivamente aceitá-lo como um cantor country americano. Não que ele não esteja cumprindo bem seu papel pois está, mas simplesmente por que meu cérebro não conseguiu fazer a separação. Quando ele apareceu foi um momento "O que raios ele está fazendo nesse filme?" para mim.

Robert Duvall também faz uma ponta como Wayne, dono de bar amigo de Bad Blake e que o ajuda na recuperação.

O grande problema do filme - e daí a importância da atuação de Jeff Bridges como uma cola que mantém a coesão de sua estrutura - é a aparentemente facilidade como as coisas acontecem. Bad Blake é um mulherengo que toda noite, depois de cada um de seus shows, fica com uma mulher diferente. Jean entra em sua vida e um minuto depois ele basicamente se converte ao celibato. Mais para frente, Blake resolve se tratar do alcoolismo e, em um piscar de olhos, tudo está resolvido. Ele quer começar a compor apesar de décadas fora de forma? Ora, é só estalar os dedos. Não quero dizer que alguns elementos dessa facilidade não se expliquem pois é fácil concluir que, com Jean, ele definitivamente mudou, inspirando-se novamente. Ela é a musa dele. No entanto, tudo ocorre muito facilmente, sem um conflito. Pelo menos o diretor, que é o roteirista também, ao adaptar o livro de Thomas Cobb, não escolheu um final sem credibilidade.

Nota: 7 de 10

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."