domingo, 27 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: Incendies (Incêndios)

Imagine a seguinte situação: sua mãe, que sempre tratou você e sua irmã gêmea de maneira distante, acaba de morrer. Ela trabalhava há anos como secretária para um notário canadense cuja esposa se afeiçoou a vocês e os trata como seus próprios filhos. O notário chama você e sua irmã para conversar e revela que sua mãe deixou um testamento que determina como ela deve ser enterrada e deixa três envelopes, um para você entregar para seu pai e outro para sua irmã entregar para o outro irmão de vocês. O terceiro envelope é para vocês dois abrirem somente quando os dois outros tiverem sido entregues.


Agora imaginem que vocês tenham certeza que o pai de vocês já morreu e que vocês nunca ouviram falar de um terceiro irmão. Qual seria a reação de vocês?

É assim que começa o magnífico Incêndios, um filme canadense de 2009 falado em francês que concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Jeanne (Mélissa Désourmeaux-Poulin) e Simon Marwan (Maxim Gaudette) são irmãos gêmeos que recebem esse testamento da mãe e reagem imediatamente de maneiras diversas. Jeanne quer seguir os desejos de sua mãe e parte para o Líbano para investigar o paradeiro de seu pai morto e de seu irmão misterioso. Simon fica no Canadá, querendo basicamente fechar essa porta em sua vida, enterrar sua mãe da maneira convencional (ela pede para ser enterrada em túmulo sem lápide, nua e de costas para o mundo).

Em sua superfície, Incêndios é quase um filme de detetive, mas só mesmo em sua superfície. Nawal Marwan (Lubna Azabal), a mãe dos jovens, era uma mulher reservada, com um passado misterioso que se confunde fortemente com a história conturbada de seu próprio país, o Líbano, bem no início da década de 70. O envio dos filhos a uma missão detetivesca tem como objetivo mostrar aos filhos essa vida, fazê-los se acharem e se descobrirem, voltando às suas raízes.

Nessa investigação, nós, espectadores, somos brindados com dois pontos de vista, o dos jovens hoje em dia e o de Marwan desde quando era uma jovem cristã no Líbano que se apaixonou - e engravidou - de um muçulmano, desgraçando a si mesma e a toda família.

A trama é cheia de revelações que são feitas de maneira integrada à estória que está sendo contada e na medida em que vemos a guerra civil instalar-se no Líbano. Em determinado momento, percebemos que Marwan é uma espécie de "resumo" do inferno por que passou - e ainda passa, na verdade - seu país. Por isso, podemos facilmente perdoar os atalhos que o diretor e roteirista Denis Villeneuve (baseado na peça homônima de Wajdi Mouawad) toma em determinados pontos, como o grande número de coincidências que impulsionam a estória e a inclusão do notário Jean Lebel (Rémy Girard) e sua conveniente rede de contatos pelo mundo para apressar a resolução da estória.

O final do filme é desesperador e doloroso, em um momento daqueles de dar nó no coração. Acho que foi a melhor revelação de um segredo que já vi em um filme, ajudado pela intensa atuação de Maxim Gaudette e, principalmente, de Mélissa Désourmeaux-Poulin. Fiquei tão atordoado no cinema que, instintivamente, procurei por um "controle remoto" inexistente para ver a cena novamente. Inacreditável.

Mas o filme não é o seu final. Não estamos falando aqui de tramas cuidadosamente construídas apenas para a grande revelação final como nos filmes de M. Night Shyamalan. Incêndios é um primor de roteiro, de direção, de fotografia e o momento final é apenas a cereja no bolo, uma espécie de coroação da complexidade do Líbano, onde mudanças de aliança, mortes, perdas e guerra foram constantes durante muitas décadas.

E a atuação de Lubna Azabal? Essa atriz belga revela uma dedicação ao seu complicado papel que ela, mesmo não estando presente na trama durante todo o tempo, sustenta o filme juntamente com o trabalho do diretor. É brilhante - e atordoante - ver a transformação de seu personagem ao longo das décadas.

Incêndios é um filme imperdível.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 10 de 10

31 comentários:

  1. Acabei de chegar do cinema, ainda aturdida com o que vi, buscando na internet a repercussão a que julgo ser esse filme merecedor. Que filme!! Há muito não assisto nada tão impactante no cinema, um roteiro tão bom, direção e atores tão precisos, nem revelação tão dolorida. Foi bom encontrar nas suas palavras o eco para o que eu sentia.

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  2. Pois é, Catia. Esse filme deixa qualquer um balançado... E sua mensagem me fez lembrar dele novamente e, mesmo depois de semanas, aquela revelação "matemática" ao final é incrível. Algo que nunca tinha visto no cinema.

    Obrigado por ler o blog e por comentar.

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  3. Acabei de voltar do cinema e estou ainda sob o impacto de uma narrativa surpreendente. Belo texto, faz jus ao ao excelente filme.

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  4. Quero me unir ao coro dos que ficaram zonzos com essa história impactante. A arte tem esse papel: o de mexer com nossas emoções e fantasias.
    Alex Xavier

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  5. Achei o filme fantástico. Belo roteiro, direção e elenco.

    Foi o meu favorito da categoria de melhor filme estrangeiro.

    http://peliculacriativa.blogspot.com/2011/03/review-incendies-incendios.html

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  6. Assisti ontem ao filme eu e meu marido....BELISSIMO, saimos atordoados como tantos outros. Pena este tipo de filme passar em salas tão limitadas. è o melhor filme deste ano que assisti.. Abraços

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  7. Sinceramente, um dos melhores filmes que ja assisti, prende você do começo ao fim, e que final...

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  8. Lindemberg Teixeira - BH19 de julho de 2011 às 19:46

    Muito, muito, muito bom esse filme. O seu enredo não tem paralelos nas centenas de bons filmes que já vi. Os minutos finais, principalmente, paralisam o coração de qualquer cinéfilo. O filme não tem altos e baixos. É uma montanha russa que sobe, sobe...
    Altamente recomendável.

    Parabéns pelo Blog.

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  9. Isso é cinema.
    Pena que não tem a devida divulgação, a exibição em mais salas.
    Não é um filme comercial, é cinema!
    Aquela "matemática" ficou na minha cabeça.
    Sai do cinema meio atordoado.
    Depois do que vi a matemàtica não é mais uma ciência exata.
    Um detalhe: a filha é professora de matemática.
    Vale a pena ver de novo!!!
    Que venham mais filmes como este.
    Renato Mendes (BHZ)

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  10. Pena eu não ter estudado sobre onde a história se passava? Que guerra era aquela? Mas nada que atrapalhasse o tamanho interesse que o filme passa. No meio do filme, me perguntei onde se quebrou o elo entre mãe e filhos. Mas minha resposta foi respondida depois de constatar tamanho sofrimento e resignação maternal. Excelente filme.

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  11. Detesto matemática e fiquei curiosa de saber onde ia parar o: um + um = 2.Amo geografia e fiquei querendo saber onde o filme se passava. Ao final acabei não precisando de mais nada. O sofrimento me fez esquecer os detalhes e a guerra ficou toda igual e sem humanidade em qualquer lugar do globo.Pena que só sirva para a arte MAS QUE ARTE!

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  12. Ritter,apesar de vc ter postado sua crítica a algum tempo,e só hoje ter tido a oportunidade de lê-la, quero dizer que ela diz muito mais do que os tais movie reviewers por aí.Adorei suas palavras.Vc falou com a alma e o coração sobre esta jóia do cinema canadense.É sem dúvida um dos meus favoritos.....

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  13. Eu vi o filme e achei sensacional, mas esse final eu fiquei meio na dúvida. Eu não entendi muito bem o um + um = dois. Pode parecer que sou meio lerdinha, eu acabei de ver o filme e achei o seu blog quando procurava as criticas sobre ele no google. Teria como me dizer por email? Muito obrigada, se não vou ficar com isso na cabeça!

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  14. @ Não tenho um Chanel

    Essa continha foi a forma como o irmão encontrou para mostrar para sua irmã (uma matemática, lembra?) sobre a questão do pai e do irmão deles.

    SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER

    Um mais um é igual a dois mas, no caso deles, um (o pai) mais um (o irmão) não é igual a dois mas sim a um mesmo. Certo?

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  15. amazing, amazing, amazing

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  16. O filme é muito desonesto, incita propositadamente as pessoas a odiarem os cristãos. Onde já se viu, uma imagem de Nossa Senhora num fuzil, queimando um ônibus cheio de pessoas indefesas. O filme abre a guarda para a cultura islâmica, e para essa sim, a morte é justificável. Assistam (Entre homens e deuses, "Des hommes et des Diex")

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  17. Julio:

    Sua leitura do filme é completamente equivocada. Ele não incita nada contra nenhuma religião. Muito ao contrário, aliás.

    Sugiro que você assista ao filme novamente, sem pedras nas mãos.

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  18. Acabei de assistir o filme em DVD com meu marido. Achei simplesmente maravilhoso!
    Também acho que a leitura do Julio está equivocada. Inclusive, quem nos indicou o filme foi um padre, amigo nosso! Para mim, a mensagem é clara contra o fundamentalismo religioso, seja ele cristão ou muçulmano. Embora ela mesma seja cristã, assistir ao massacre de muçulmanos faz com que repense essas divisões que só fomentam o ódio. É a tolerância que está sendo defendida, enquanto a vivência religiosa extremista está sendo questionada. Não há um ataque a nenhuma religião em especial.
    Só uma pergunta: esses lugares são no Líbano ou na Jordânia? Fiquei com essa dúvida. Até onde sei, o filme foi filmado na Jordânia, mas não sei se retrata povoados libaneses. Alguém saberia dizer?

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  19. @ Mônica Valentim

    Obrigado por prestigiar o site! E sim, concordo com sua análise.

    Sobre o filme, ele se passa no Líbano, durante a guerra civil que devastou o país (obviamente, nos flashbacks). No entanto, ele foi filmado na Jordânia como você colocou (Amman para ser exato) e em Montreal, no Canadá.

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  20. SPOILER SPOILER SPOILER

    Pessoal,

    Perdi o início do filme por isso não entendi muito bem como seria matematicamente possível o irmão ter idade para ser o pai. Então ela teve o filho/torturador bem antes de ser presa. Mesmo assim, acho que o ator que faz o papel do irmão/pai já no Canadá é jovem demais pois quando ele aparece na prisão, aparenta ter quase trinta e já com os gêmeos adultos, não parece ter mais de 40.

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    1. Carol, acabei de assistir este filme. Esta questao de pessoas que nao aparentam a real idade é algo muito comum principalmente, quando se trata do sexo masculino. O rapaz nasceu por volta dos anos 70, entao teria por volta dos 42 anos. Muitas vezes um rapaz de 25 anos pode aparentar tranquilamente 30 ( principalmente quando nao se importa muito com o fator aparencia, pois para a profissao que exercicia isso não era o mais importante), nao mudamos muito nossa fisionomia, entre a casa dos trinta para a casa dos quarenta. Além de que os gemeos sao adultos bem jovens. Para dizer a verdade achei o filme inteiro perfeito, sem brechas ou buracos, tudo foi amarrado muito cuidadosamente. Sem dúvidas um EXCELENTE filme.

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  21. Comecei a assistir o filme ontem na tv a cabo, sem ter a mínima idéia de que filme se tratava. Tive uma das maiores experiências da minha vida. Meu Deus!! Não acredito que alguem teve uma idéia tão genial para uma história tão brutal, tão violenta, tão surpreendentemente crua e seca...que dói demais!! Final inacreditável, muito duro, imagina se que não há mais esperança no mundo e que os protagonistas estavam anestesiados e terão de fazer terapia pelo resto da vida!! Qdo a irmã descobre o enigma, com uma verdadeira e adequada expressão de horror total, quase que tenho um ataque cardíaco e demorei alguns minutos para entender a terrível expressão que ela teve. Qdo descobri, fiquei totalmente atordoado, horrorizado, angustiado, quase deprimido, fiquei sem expressão facial ao mesmo tempo que chorava muito.......Apesar da crueza sem fim, e aparente falta absoluta de esperança em tanta violência, achei o filme simplesmente brilhante, sensacional!! Acho que nunca fiquei tão chocado em minha vida. Bem, há uma gota de esperança e otimismo na belíssima carta de mãe no finalzinho do filme, dá um pequeno alento com lágrimas de quem deve ter chorado muito!! Simplesmente adorei tudo isso, foi demais!!

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  22. Como em Brasília, infelizmente, não passou este filme eu comprei e não me arrependi, é um Filme sensacional, impactante, e deixa a gente bem atordoado, pois quantas vezes nos queixamos da vida e ao vermos aquela situação de extrema dor e tristeza, que tamanho tem nossos problemas?

    Super recomendado, o melhor sem sombra de dúvida.

    Carla

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  23. Sou casada com um Libanês, cristão ortodoxo, e ouço sempre histórias sobre a guerra do Líbano. Este filme é arrasador. Muito comovente. Vc. consegue sentir o desespero das pessoas e se pergunta até que ponto a maldade humana pode chegar. Estive 20 dias no Líbano, voltei há uma semana, e infelizmente, o clima está muito tenso. Quase se sente o ódio sectário. Ao mesmo tempo, não há a nossa violência urbana, as pessoas são amáveis, educadas, hospitaleiras, independente da religião. Fica ainda mais difícil para nós, de fora, entender esse caldeirão de ódio.

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  24. Excelente filme! Creio que o diretor quis mostrar como a intolerância estúpida religiosa pode ser prejudicial para todos os lados, não havendo no caso vencedores ou perdedores. Todos perdem como tal conflito, sendo o torturador inescrupuloso vítima da sua própria tortura e intolerância religiosa! Na realidade quer mostrar que a vítima, no final, não existe, afinal são todos. Verei novamente!!

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  25. Sabem aqueles filmes que voce assiste e nunca mais esquece? aqueles que voce considera um dos melhores que já assistiu e indica para outras pessoas sem medo de errar? esse é Incendios.Quem não teve oportunidade de ver,veja quando possível pois com certeza verá um dos melhores filmes de todos os tempos.Não há como não ficar impactado e emocionado com o filme,principalmente com o final.Não entendo como tantas porcarias merecem grande divulgação na mídia e essa verdadeira obra-prima é pouco conhecida.

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  26. Achei o filme sensacional, um dos melhores que já vi. No momento da equação fiquei boquiaberta. Genial! Fiquei sabendo por acaso desse filme, realmente pouco divulgado. Meu dever mostrá-lo a algumas pessoas rs.

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  27. Adorei o filme, assisti ontem e algumas cenas jamais esqeucerei. as cartas são lindas... mas realmente falta uma pouco de lógica nas idades dos irmãos... tudo bem que ela fica treze anos presa... mas no final ele ainda ta bem jovem, não?

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  28. Sem palavras!
    O filme consome do início ao fim!
    Mas fiquei muito chateada porque perdi a frase final, quando minha tv saiu do ar por alguns segundos! Se alguém puder me contar ficarei imensamente grata!

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  29. Respeitando a opinião da maioria dos comentadores, tenho de dizer que este filme está muito longe de ser um bom filme.

    *** SPOILER ***

    Em primeiro lugar, o argumento tem demasiados aspetos implausíveis. Uma dois coisas que eu considero mais implausíveis é como é que uma jovem adulta que, pelo que ficamos a saber com o diálogo com a avó (logo no início do filme, após o assassínio de Wahab pelos seus irmãos), nunca foi à escola e é analfabeta acaba por se tornar professora assistente (na universidade!!!) de matemática pura! Eu não digo que não possa acontecer nem que nunca tenha ocorrido, apenas acho que é inverosímil.

    Outra coisa que no argumento para mim não faz sentido é que espécie de mãe é que reservaria para os seus filhos a terrível descoberta que o casal de gémeos, e na verdade também o outro filho, acabaram por fazer. Eu consigo compreender que uma mãe (ou um pai) não consiga abandonar este mundo em paz sem contar uma verdade terrível, mas acho extremamente improvável que utilizasse a forma que esta utilizou para revelar a verdade, pois é demasiado cruel e provavelmente trará consequências brutais para o resto das vidas dos três filhos.

    Também me parece absurda toda a personagem do notário, apesar das boas memórias que o ator Remy Girard me traz (de «Declínio do Império Americano», de Denys Arcand). A sua rede de contactos é difícil de acreditar, mas se um notário é assim, da próxima vez que necessitar de um detetive, considere antes contratar um notário.

    Depois há toda a questão das idades e aparência física dos personagens, ao longo da trama. Acima de tudo, como é possível que um homem que violou repetidamente e durante vários anos uma mulher não a reconheça quando a vê numa piscina?

    É pena pois há no filme algumas boas ideias de cinema. Vê-se que não é feito por alguém sem talento. Particularmente a montagem e a fotografia/cinematografia são de nível elevado e ajudam a não tornar o filme um fracasso total.

    O argumento até começa com uma premissa bem interessante. Um casal de irmãos gémeos que, de repente, descobre que afinal pouco souberam sobre a sua mãe e que há coisas importantes que devem descobrir para compreenderem melhor quem são e de onde vieram. Também considero interessante e plausível que um dos irmãos parta de imediato nessa cruzada em busca do seu pai desconhecido, ao passo que o outro se deixa ficar, preferindo talvez fazer o luto típico da sua mãe para depois seguir com a sua vida, até ao momento em que tal se torna insustentável.

    Mas pior do que as falhas de argumento que, no fim de contas deverão ser imputadas à peça de teatro que o filme adapta, é a forma como ele é explorado pelo realizador. Há por todo o filme um desejo de manipular as emoções dos espetadores de forma sem sentido e gratuita. É óbvio que a guerra, ainda mais quando se trata de uma guerra civil, é terrível e implacável, mas há aqui demasiada violência gratuita que me parece ter o único objetivo de chocar o espetador.

    De facto, há todo um acumular de situações que roça a tortura cinematográfica: assassínios à queima roupa (mesmo de crianças) parece ser um dos pratos preferidos do realizador, mas também há crianças-soldado, violações repetidas (embora, neste caso, a violação não seja explorada graficamente).

    Como atrás referi, a guerra, todas as guerras, é um horror, mas prefiro ver a guerra como ela é ou foi num bom documentário do que numa obra de ficção.

    A cereja em cima do bolo é a forma como o realizador intercala as imagens de violência com um estilo videoclip, com música dos Radiohead, em duas cenas do filme. Eu adoro os Radiohead, mas acho que estão completamente fora de contexto neste filme e a sua música não corresponde ao tom geral do filme.

    Na verdade, este filme não é um fracasso total e a prova disso é que é de facto um filme difícil de esquecer e me compeliu a escrever este longo texto, após o ter visto pela primeira vez, ontem, na cinemateca de Bruxelas.
    Contudo, para mim, se fosse crítico de cinema e tivesse de lhe atribuir uma classificação, optaria por: 3/10.

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    1. Peço desculpa pelo lapso de ter confundido a personagem da mãe com a da filha. A mãe chegou à idade adulta sem ir à escola, mas quem se tornou professora universitária de matemática foi a filha. Por algum motivo, acabei por misturar o percurso de vida das duas personagens. Mais uma vez, apresento as minhas desculpas pelo erro grosseiro.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."