domingo, 19 de outubro de 2008

Crítica de filme: Max Payne

Não conheço todos os cinemas do mundo mas posso garantir que não existe um cineplex melhor do que o Arclight Cinemas, especialmente quando se assiste algum filme no chamado The Dome.

Para quem não conhece, a rede Arclight é uma rede modesta de cinemas feita para aquelas pessoas que realmente gostam de apreciar um filme em tela grande. Eles passam não somente os grandes blockbusters como, também, filmes de arte e reprises especiais de grandes filmes antigos. Para usar como exemplo, em Novembro agora, para comemorar o trabalho de Paul Newman e em homenagem ao grande ator que ele foi, a rede Arclight passará vários filmes dele em sessões únicas, ao longo do mês. Eles mostrarão Butch Cassidy and the Sundance Kid, Cool Hand Luke, The Hustler, entre outros. No lado blockbuster de ser, o Arclight, em outubro, em virtude do lançamento de Saw V, fará uma maratona dos outros quatro filmes da série. Em suma, tem para todos os gostos.

Mas não é só isso. A rede Arclight não passa anúncios, somente trailers. Só permite a entrada de espectadores até logo antes do início da sessão, nunca depois de ela começar. As salas são no estilo black box (totalmente escuras), têm formato stadium e cadeiras muito confortáveis. Tem algumas sessões que são para maiores de 21 anos (independente do tipo de filme, o objetivo é não ter criança "atrapalhando") com direito a drink e tudo. E a cereja em cima do bolo é o The Dome, um domo enorme, com uma tela arqueada feita originalmente para passar filmes no forma Cinerama (daí o grande logotipo da Cinerama na frente do local que vocês verificam na foto). Lá eles mostram os grandes blockbusters, como The Lord of the Rings, Spider-man e outros.

Por tudo isso, a rede cobra um ou dois dólares a mais que uma rede de cinemas comum mas podem ter certeza que esse valor premium mais do recompensa a experiência.

Foi lá que assisti um filme ontem: Max Payne.

O filme é o segundo filme desse ano tendo como estrela principal o Mark Wahlberg. O primeiro foi o estranho The Happening, dirigido pelo Shyamalan.

Acho que o ex-"Marky Mark and the Funky Bunch" não está com muita sorte para filmes depois que o fez o magistral The Departed, em um papel pequeno mas memorável.

Max Payne é uma adaptação de um videogame com o mesmo nome. Nunca o joguei mas o grande "tchan" do jogo é ser quase como um filme em sua movimentação de câmera e fazer o uso do "bullet time", criado para o filme Matrix. Pelo que sei, o jogo, e sua continuação, foram grandes sucessos de venda.

O filme conta a estória de Max Payne (Wahlberg) que ficou psicologicamente perturbardo (e quem não ficaria) após os cruéis assassinatos de sua esposa e de sua filhinha recém-nascida. Três anos se passaram e ele agora está na divisão de "Cold Cases" da delegacia, sempre investigando a morte de sua família. O que ocorre é que Max chegou em casa no momento do crime, matou dois criminosos mas um escapou pela janela. A incessante busca pelo terceiro homem fez com que Max chegasse ao fundo do poço, tornando-o um pouco louco. Ao esbarrar em um pista, encarnada por Natasha (Olga Kurylenko em uma ponta - ela fez a prostituta em The Hitman, outra adaptação de videogame e será a Bond Girl em Quantum of Solace), Payne descobre uma trama envolvendo drogas e muitas mortes que, no final das contas, ora, ora, quem diria, tem relaçao com a morte de sua esposa.

Os problemas do filme começam com a trama furada. Max Payne passou três anos dedicado ao estudo da morte de sua mulher e nunca, em momento algum, desconfiou da pista mais óbvia de todas: a tatuagem de asas no braço de um dos assassinos de sua família. Lembram em séries como CSI e outras de detetive que a tatuagem sempre leva ao assassino? Pois é: aparentemente Payne nunca assistitiu esses seriados. A trama continua capenga com mortes sem razão de ser e resoluções imbecis.

Mas o pior é a direção, ou melhor, o exagero na direção. John Moore (que, antes, dirigiu a refilmagem de The Omen que não tive o desprazer de ver e o mediano Flight of the Phoenix) começa bem, com a escolha de uma paleta de cores escura, tendendo quase para a ausência de cores. O filme, com isso, ganha visuais depressivos que mostram bem o estado de espírito de Payne. Ao mesmo tempo, permite uma bela fotografia. No entanto, o que ele fez de bom pára por aí. O resto são usos indevidos de câmeras lentas, closes e travellings que irritam o telespectador. Em determinada cena, Payne se joga de costas atirando com sua Doze. O momento é hilário tamanha foi a estilização que o diretor impôs. Todo mundo no cinema riu. Para que isso???

Ah, o filme tem também Beau Bridges e um evelhecido Chris "Robin" O'Donnell no elenco. Ou eles precisavam muito de trabalho ou a produção pagou muito bem pois vá escolher mal roteiros para atuar assim lá no inferno...

Acho que Max Payne só deve ser interessante - ou não, sei lá - para os fãs do jogo. No final das contas, a única coisa "boa" do filme é Olga Kurylenko, o que não é suficiente para compensar o preço do ingresso...

Sei que 90% dos críticos brincarão com o título do filme mas eu não resisto: dói assistir Max Payne.

Nota: 3 de 10

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